Dodói, mimir, papar.

Pode me chamar de anti-romântica, mas quando um cara diz que está dodói, eu quase fico doente. E aquele homão que na hora do almoço fala afinando a voz: “vão papar?”. Ahhhhh, pelamorDeus! Eu só não perco o apetite porque tenho hipoglicemia e estou sempre faminta. Minha amiga Fernanda diz que tem vontade de gritar “Fala igual a homem, porra!”. Ela é muito sutil.
Tá certo que a gente fica meio bobo quando está ao lado de alguém querido, mas charminho tem limite. Algumas coisas deveriam ser deixadas lá atrás, na infância. Tudo bem que em alguns momentos... fofos... assim por dizer, falar como criancinha seja até... fofo. Cria aquela sensação de guti guti, com demonstrações abertas de carinho e amor pelos pais. Porque ninguém volta a ter 6 anos de idade perante um caso recente. Para que esse fenômeno seja desencadeado, os dois devem estar cercados por uma áurea de muita intimidade, por favor. O engraçado é que esses retornos ao passado deveriam acontecer quando o casal estivesse bem juntinho, aconchegado nos braços um do outro. Entretanto, o telefone é um curioso passaporte para maioria dos enamorados voltar no túnel do tempo. Eu confesso que acho bonitinho e também já dei minhas miadas via Telemar, Embratel, Oi, Claro... cof, cof, cof.
Enfim, tem que haver algumas regras básicas para essa peculiar maneira de comunicação. Por exemplo: esse denguinho só fica liberado depois de um certo tempo de compromisso ou com o seu animal de estimação. Mas nunca, em hipótese alguma, diga algo como “pesta atenção”, “vochê faizi ipoca pa gente”, "pega ága pa mim” ou ainda “pimeilo axim”. Como eu já disse antes, o normal é a gente ficar meio bobo e não meio burro. O lance gostosinho é o tom da voz, a melodia no ponto certo. E não os erros berrantes que os coitados dos pais tanto lutam para corrigir quando a gente é pequeno. E espanta essa encarnação do Cebolinha pra bem longe.
Nossa, eu tenho pesadelos só de imaginar o resto da minha vida ao lado de um homem que vai mimir ao invés de dormir.

Rasante da cegonha

Logo depois do carnaval, eu sonhei que a namorada de um amigo tinha engravidado dele. Ele me ligou desesperado porque não tinha sido planejado e não estava nada feliz. Depois de alguns dias, encontrei com ele no MSN e contei de sonho. Acho que ele ficou meio impressionado. O fato é que nas 3 semanas seguintes, 3 amigas me contaram que acabaram de descobrir que estão grávidas. Simone, que já namora há um tempão o grande amor da vida dela; Paola, que tinha mais um rolo do que um compromisso; e a Rose, que está separada do marido e teve uma recaída de uma noite. Todos os nenéns vão chegar perto do final do ano, mas existem também os que já vão nascer por esses dias. Um, na verdade, até já deu o ar da graça, o Gabriel, filho do meu amigo Marcos. Terça-feira, dia 22 de abril, nasce a Alice, filha do Rafael, amigo e colega de trabalho e no final do mês nasce o Tiago, filho da Lucrécia, minha irmãnzona há quase 20 anos. É muita novidade para um ano só. 2008 é mesmo o ano de renovação. Parabéns a vocês, meus amigos. Que esses pequenos venham cheios de saúde e proteção divina.

A próxima vez que eu tiver um sonho assim, cuidado você, que faz parte do meu círculo de amizade e ainda não está preparado para ter seu filho.

E para as mamães e papais acalmarem seus bebês quando estiverem chorando muito, vejam essa matéria que passou no Fantástico. Quase um milagre.

Dica: Dedinhos na Beleza


Você sabe como prevenir o famigerado Bigode Chinês? Não, infelizmente uma boa depilação não resolve o problema. Bigode Chinês é aquela linha de expressão que temos ao redor da boca e que vai ficando cada vez mais marcante com o passar do tempo. Minha dermatologista deu uma boa dica para tardar o aparecimento delas: dormir de barriga pra cima. Quando dormimos de lado, ou de bruços, além de imprensarmos/amassarmos uma banda do rosto no travesseiro, a outra sofre a ação da gravidade e fica arriada. Comece a prestar atenção nessa mutação noturna. Se a gente não cuidar, ao invés de chinês, o bigode pode virar uma mistura do Magnum com o Pai Mei.

Dívidas que custam um rim, literalmente.

“Nossa... essa blusa custa um rim!!!”
Eu sempre falo essa frase quando vejo alguma coisa carérrima. O problema é que muita gente endividada está levando isso a sério e resolveu negociar a venda de rim, pedaço de fígado, medula e pulmão pela Internet. Alguns pedem 100 mil reais. Pelo menos é o que diz a reportagem que acabei de ler na A Tribuna. É tão patético que li dando gargalhadas.

“Vendo rim, medula óssea, fígado e pulmão. Urgente. Sangue A+. solicito que respondam, exclusivamente, pessoas interessadas de fato e realmente sérias! Por favor! Sou uma pessoa madura, equilibrada e sensata (sensata??????). Lamento tratar desse assunto tão delicado como uma barganha, mas minhas complicações financeiras... enfim... Tenho muita urgência! Estou realmente decidida, então, reitero: contatar somente pessoas interessadas e objetivas...
Sou branca, 32 anos, não fumo, nunca fumei, não bebo absolutamente nada (seja cerveja, licor, champanhe... enfim: qualquer tipo de bebida alcoólica: Não bebo). Alimentação saudável (fibra/legumes/frutas).
Não como carne vermelha há pelo menos 8 anos. Não faço, nem nunca fiz uso de drogas ilícitas. Não tomo nenhuma medicação, nem anticoncepcional. Meu ciclo menstrual é regular. Tenho saúde plena. Sempre fui muito cuidadosa.
Havendo compatibilidade, aceito 60% no acerto e 40% antes da cirurgia. Certamente irei acompanhada para resguardar minha segurança.”

(
Gente, essa mulher não bebe, não fuma, não se droga, não come carne vermelha, não toma remédios, se bobear, nem sai à noite. Aonde raios ela gastou tanto dinheiro para ter que vender partes do corpo? Só pode ser jogando bingo).

A Tribuna: Vi um anúncio sobre venda de rim, é com a senhora?
Nilda: Estou muito interessada em vender. Minha filha de 28 anos e meu filho de 13 anos também querem vender, mas você tem que falar com minha filha, pois é ela quem vai falar os valores.
A Tribuna: Seu filho não é muito novo para vender um rim?
Nilda: Ele quer, mas o preço dele é mais caro, R$ 200 mil. O rim dele é mais forte.

(Se a família tiver um cão, é capaz do pobrezinho também entrar na dança, ou melhor, na faca. Eu não canso de me surpreender com a raça humana).

Mulher simula o próprio seqüestro e ganha recompensa


Que recompensa você daria a uma universitária de 18 anos que tramou e forjou o próprio seqüestro, deixando a família desesperada?

O pai achou essa atitude tão louvável que presenteou a bandidinha com uma grande festa de boas-vindas à liberdade. Disse ainda que Michele se arrependeu e pediu desculpas à sociedade, num ato de humildade. Ela também vai começar um tratamento psicológico porque ainda não se recuperou do trauma que sofreu de passar 5 dias na cadeia, coitadinha.

Já eu, acho que ela deveria passar os próximos 10 anos de detenção previstos na lei em Tucum, mais um bom gelo por parte dos familiares. Afinal, ela não assaltou a carteira do “velho”. Michele pensou, planejou e executou toda a trama com mais 3 amigos aprendizes de marginal. Ela usou a arma mais certeira que possui para conseguir R$ 10.000: o amor da própria família.

Fico imaginando que tipo de educação teve essa tal de Michele. Nem o céu devia ser o limite. Será que ela foi o tipo de criança que se jogava no chão da loja quando queria uma boneca cara? E os pais, ao invés de pegá-la pelo braço e colocá-la de castigo, eles compravam a tal boneca? Quando eram chamados na escola por causa do mau comportamento da filha, eles ficavam contra ou a favor das reclamações dos professores? Se ela chegasse em casa com um brinquedo estranho, procuravam saber da onde tinha vindo? Deixavam que ficasse na TV até tardão porque não tinham saco para colocá-la na cama? Quando passava do horário combinado na volta da boate, eles barravam a próxima saída? Riam e entendiam como inteligência quando ela trapaceava nas contas da mesada para conseguir mais dinheiro no final do mês? “Ahh, minha filha é tão esperta!”

Infelizmente hoje em dia, muitos pais não podem passar o tempo que gostariam com seus herdeiros porque trabalham demais, viajam bastante, fazem diversos cursos, estudam outras línguas e ainda têm o futebol e o salão de beleza. Então aliviam a consciência pesada com presentes, doces e muita vista grossa para atitudes que mereciam algum tipo de punição. Eu não tenho filhos e imagino que deve ser complicado mostrar severidade nesses momentos família, mas isso não é desculpa. Principalmente do jeito que andam os mais jovens ultimamente, achando que podem tudo sem arcar com as conseqüências. O resultado é esse que vemos todos os dias nos jornais: pessoas sem limites, sem caráter, sem respeito e sem medo da justiça.

É toma lá, dá cá.


Aventura numa boate GLS


Quem nunca foi a uma boate GLS não sabe o que está perdendo. É sempre diversão garantida. O alto astral impera e as músicas são de ótima qualidade. Aqui em Vix é meio fraco, prefiro as de SP porque além do divertimento, ainda dá pra conhecer gatos, aparentemente, heteros.
A falecida Next foi a 2ª boate que conheci. Era o show do Edson Cordeiro e os ingressos já estavam esgotados. Eu tinha acordado meio doente, mas não podia perder. Então, me arrumei toda e lá fui eu com meu amigo gay maravilhoso.
Era um galpão enorme, com um balcão comprido, meio sinuoso, onde garçons bem apessoados atendiam com toda simpatia do mundo a multidão que se acotovelava em busca de algo que refrescasse o calor. Estava muito quente mesmo. Aí comecei a analisar as pessoas: tinha muito homem bonito! Mas todos os gatos heteros estavam acompanhados das suas respectivas. Eu olhava e perguntava:
- Esse é?
- É.
- E aquele?
- Também é.
- Mas com você tem certeza?
- Ele está numa boate gay sem camisa.
- Ahhh...


Até que eu avisei “ele”. Lindo e maravilhoso de mãos dadas com uma moça.
- Ele bem podia largar a baranga e ficar comigo.

Meu amigo riu. Neste momento, soou uma sirene. O barulho era alto e estridente. Fiquei sem entender nada. Meu amigo apontou o bar e eu me virei. Fiquei passada. Eram 4 gogo boys de sungão e coturno dançando em cima do balcão. Maravilhosos. Não eram rebolativos, mas dançavam super bem, um colírio para os olhos. A galera foi ao delírio. Muitos tiravam fotos, gritavam, passavam a mão nas pernas dos rapazes. Eu, de longe, me matava de rir. Depois de quase uma hora, o show começou e durou um tempão. Além de uma voz fantástica, Edson Cordeiro é muito simpático. Conversou com as pessoas, agradeceu a presença de todos, falou de Vitória e fez 2 bis. No decorrer da apresentação, notei o tal gato que tinha passado com a suposta namorada na minha frente, sozinho. E ele começou a olhar na minha direção. Trocamos olhares durante um bom tempo e ele veio falar comigo.
- Oi. Tá “goxtando” do show?
- Tô amando – mal acreditando na minha sorte.
- Você é daqui de Vitória?
- Sou. E você é do Rio – pensei: ai meu Deus. E ainda é carioca.
Ele sorriu.
- Meu nome é Marcelo. Qual o seu nome? (notei que ele não tinha voz, como posso dizer, do tipo escorregadia).
- Anna.
- Você está sozinha ou com aquele cara ali (mostrando meu amigo que estava do meu lado).
- Ele é meu amigo.
- Nossa, ele é um gato.
- ...
Fiquei um segundo passada com a revelação e logo depois me deu uma tremenda vontade de cair na gargalhada com a situação. Então, só me restou perguntar:
- Você quer que eu te apresente?
- Não... agora, não.
E saiu. Meu amigo me puxou pra perguntar o que estava acontecendo, eu contei, ele morreu de rir. Ó vida, viu?

***

Toda mulher sabe como é chato encarar uma fila de banheiro em boate. Na Next a fila servia para azaração. Já que estavam todas indo para o mesmo lugar e tinham o gosto em comum, as mocinhas aproveitavam para se conhecer. Estão certas, né? Não pode perder viagem. Mas fiquei meio tensa porque umazinha que estava acompanhada resolveu me paquerar. Me olhava, jogava os cabelos, esses procedimentos básicos que fazemos quando alguém nos interessa. Ela ficou nessa graça até a namorada perceber. Ao invés de brigar com a sirigaita dela, a caminhoneira ficou me encarando com cara feia. Eu só admirava meus esmaltes das unhas dos pés. Meda.

Quando consegui entrar, um mocinho bem delicado se aproximou:
- Nossa, adorei o seu batom.
- Obrigada. Você quer um pouco?
- Ahhh não, querida. Eu fico péééssimo com esse tom.

***

Quando o show acabou, meu amigo viu o tal carioca e foi falar com ele. Os dois foram andando, passaram do outro lado da pilastra e depois os perdi de vista. Achei estranho e imaginei que eles tinham parado. Comecei a me curvar pro lado pra tentar vê-los e flagrei o primeiro beijo gay do meu amigo. Neste exato momento, os dois se viraram pra mim. E eu lá, parecendo que estava tendo uma crise de escoliose, segurando uma garrafinha de água mineral e com sorriso amarelo de tanta vergonha da minha indiscrição.


***

Estava sozinha na área de grande concentração lésbica. Mas como meu amigo disse que “ia ali e já voltava”, achei melhor ficar aonde estava pra não me perder. Além do mais, o lugar tinha uma vista privilegiada dos gogo boys, que voltaram depois do show. Tava distraída vendo a performance quando a mocinha chegou cheia de atitude.
- Oi.
- Oi.
- Você vem sempre aqui?
- Não. Só vim pro show do Edson Cordeiro.
Continuei na minha, como faria se um barangão viesse me cantar no Wall Street, por exemplo.
- Ahhh... você mora aonde?
- Vila Velha – sem tirar os olhos do morenão em cima do balcão.
- Você gosta deles?
- Deles? – apontando pros dançarinos.
- Sim, deles.
- Gosto. E gosto muito. Olha aqueles braços!
Aí ela fechou a cara e saiu. Eu continuei a apreciar os caras. Era bem melhor do que encarar o próprio pé.

Cruzamento de Hidrovias





"Você já viu um rio passar por cima de outro? Pois isto existe, em Magdeburg, Alemanha. O Wasserstrassenkreuz (cruzamento de hidrovias) é um canal-ponte sobre o Rio Elba, que conecta as redes de vias navegáveis das antigas Alemanhas Ocidental e Oriental.A iniciativa fez parte do projeto de reunificação nacional, implementado após a queda do Muro de Berlin. Sua principal função é facilitar o comércio entre as duas ex-nações.O Wasserstrassenkreuz é o mais longo 'viaduto' da Europa, com 918m de extensão. Conecta a parte leste do Mittellandkanal, com o trecho oeste do Elba-Havel-Kanal. A obra, aberta ao tráfego de mercadorias durante todo o ano, consiste numa ponte principal, com 228 m de extensão é subdividida em 3 trechos e um canal com 690 m. A construção demorou 5 anos para ser concluída."

Anjinho X Capetinha

Ela: Eu vou ligar! Eu vou ligar!
Capetinha: Isso, liga logo.
Anjinho: Larga já esse telefone.
Ela: Mas por que eu não posso?
Capetinha: Porque você é mulher. Aposto.
Anjinho: Exatamente, minha filha.
Ela arregalou os olhos, surpresa.
Capetinha: Eu não sabia que você era machista.
Ela olhou feio pro Anjinho.
Anjinho: Eu não sou machista. Sou realista.
Ela olhava pra um, olhava pro outro e voltava a encarar o celular.
Ela: Mas a gente dormiu abraçado.
Capetinha: Tá vendo? O homem não consegue te largar. Ele te ama.
Anjinho: Ele também dorme assim com o travesseiro. Lembra que ele tentou te afofar logo que pegou no sono?
Ela: Teve o convite pra ir ao cinema.
Anjinho: Mas não disse o dia.
Capetinha: Hoje, casal paga meia.
Anjinho: Nem escolheu o filme.
Capetinha: Amanhã sai de cartaz aquele que ganhou o Oscar.
Ela: Ahhh... eu queria tanto ver o Del Toro.
Anjinho: Por que você não vai dar uma volta?
Capetinha: Chama ele pra tomar água de coco na praia.
Ela: A lua está enorme de cheia, nós dois de mãos dadas...
Anjinho: Reparando melhor, acho que vai chover. Pega um livro.
Capetinha: Isso, leia pra ele este trecho “Fernando sempre disse que a maior fantasia dele se cumpriu no dia em que foi chupado por Sister Grace, com ela toda nua, menos pelo arranjo de cabeça de freira.”
Anjinho: Que pecado é esse?!
Capetinha: Nunca leu A Casa do Budas Ditosos?
Anjinho: Quem escreveu isso?
Ela: João Ubaldo Ribeiro.
Anjinho: Pensei que fosse coisa da Bruna Surfistinha.
Capetinha: É uma obra de arte.
Anjinho: Obra do cão, você quer dizer.
Ela: Será que ele ia gostar?
Anjinho: De que?
Ela: De me ouvir ler.
Diabinho: Vá em frente. Sua voz é sexy.
Anjinho: Ele vai pensar que é do Tele-sexo.
Ela: Hummm... não. Eu ia ficar com vergonha.
Diabinho: Manda um torpedo.
Anjinho: Torpedo é pra mensagens curtas.
Diabinho: Manda um e-mail.
Ela: Ele tá sem Internet em casa.
Anjinho: Graças a Deus!
Ela: Por que você não faz alguma coisa pra ele me querer muito?
Anjinho: Sou um Anjo, não um Cupido.
Diabinho: Tá vendo que má vontade?
Ela: Mas me fala. Que mal há em uma garota ligar para o cara que está a fim?
Anjinho: Teoricamente não tem nada demais. Seria até natural.
Ela: Então? A gente já se conhece há anos. Já ficou junto algumas vezes...
Anjinho: Mas na prática é outra história.
Diabinho: Ele vai te achar decidida.
Anjinho: Ele vai te achar é uma oferecida, na pior das hipóteses.
Ela fez cara de choro.
Anjinho: A homaiada torce o nariz para mulher que liga no dia seguinte. Acha que é, ou carente, ou problemática, ou pegajosa.
Ela: Mas eu não sou nada disso!
Capetinha: Claro que não! Você é normal. Ele vai entender que você só apareceu porque gosta dele. Só isso. Sem estresse.
Ela: Você acha mesmo?
Anjinho: Será o Benedito que você acredita em tudo o que te falam?
Capetinha: Você é muito negativo. Eu sim, dou bons conselhos.
Anjinho: Se conselho fosse bom, a gente vendia.
Capetinha: De onde você acha que veio aquela galinha com farofa?
Anjinho: Agora deu pra fazer despacho!? Não acredito!
Ela: Mas o dízimo também está em dia. Religiosamente.
Capetinha: Da próxima vez vamos dividir essa verba direito, com justiça. A cidra tava meio passada.
Ela: Gente, vamos nos concentrar no assunto? O que eu devo fazer?
Anjinho: Como eu ia dizendo... fica na sua. Você nunca correu atrás de ninguém. Por que isso agora?
Capetinha: Tem sempre uma primeira vez.
Ela: Eu gosto dele de verdade.
Anjinho: Se isso está cegando você, ao menos abra os ouvidos. Não telefone e, se ele demorar muito a ligar, seja seca, para ele aprender a te dar valor. Porque ele fica por aí, né? Com a mulherada toda no pé. Ele tem que saber que você é diferente.
Ela: Trocando em miúdos. Eu quero ficar com ele, mas tenho que fingir que não quero.
Anjinho: Não é fingir. É acreditar nisso, criatura!
Ela: Tenho que fazer joguinho.
Anjinho: Não bote palavras na minha boca.
Capetinha: Ahá! Jogatina é comigo. Tem gente que aposta até a alma.
Anjinho: Seu coisa-ruim dos infernos!
Diabinho: Eu faço o meu trabalho e você faz o seu. E sem ofensas, faz o favor.
Ela: Espera aí. Eu tô achando isso muito estranho. Você – olhando pro Capetinha do lado esquerdo – não era para tentar me afastar do gato?
O Capetinha deu de ombros, desanimado.
Ela: E o senhor – olhando pro Anjinho, do lado direito – não era pra mandar eu ouvir meu coração? O amor não vence tudo?
Capetinha: Desisto. Ela é toda sua.
Ela: Quer saber? Pra mim chega. Não quero mais saber dele! Nem de vocês dois.
O Anjinho também deu de ombros, mas estava irritado. Era cada vez mais difícil manter-se fiel à própria natureza para cumprir a meta do mês. Ainda bem que a cidra era de péssima qualidade.

Salvador, Estréia do Camaleão - Domingo - Barra/Ondina

Mesmo depois de tanto tempo, eu ainda me arrepio ao ver isso. Relembrar aquele momento é demais. Não consigo me imaginar passando carnaval em outro lugar ao não ser Salvador. Se Deus quiser, ano que vem estarei lá, linda e loura.

“Eu fui atrás de 1 caminhão,
Fazer meu carnaval
E o carnaval é feito no coração
Gostei, Chiclete é emoção
E naquele ano eu me tornei camaleão.”

Hoje, aqui na agência, a gente tá com a macaca.


Foto: Erika Faria (a parte em que ela coagiu os bichinhos não foi mostrada para não haver problemas com o Ibama).