
Já reclamou de uma vez que nosso portão abriu sozinho durante a noite. Ele estava com mau contato e, às vezes, abria e fechava por conta própria. Era todo cheio de vontades. Ao invés da infeliz nos alertar, ela veio chorar as mágoas, falando que a casa dela tinha ficado desprotegida com o NOSSO portão aberto. Já cuidamos do gatinho dela que apareceu por aqui. O coitado miava feito um condenado e era impossível que ninguém ouvisse de lá. Trouxemos comida, demos água e dengo. O bichano até dormia no sofá! Depois de umas 2 semanas, ela perguntou à Paula (esposa do Turra) se tinha aparecido um gato aqui. Paula falou que tinha um gato aqui, sim. E ela insinuou que estávamos mantendo o gato dela em cativeiro. Paula logo falou que ninguém tinha roubado o gato, não. E que não sabia como ela ainda não tinha ouvido os miados dele.
Outra vez foi quando ela berrou aqui na nossa janela que o som estava muito alto e o filho pequeno estava dormindo. O referido barulho vinha do incrível alto-falante de um minúsculo PDA. Ao invés de aprendermos a lição e só trabalharmos com a bendita janela fechada, não. A gente gosta de sofrer. Mais uma vez, a vizinha barraqueira teve a nossa atenção com seus gritos insuportáveis. Turra estava passando pelo corredor e veio saber do que se tratava.
Cobra: O “Seu” Sergio tá aí?
Turra: Não. Posso ajudar?
Cobra: É que tá vindo muito barulho daí.
Turra: Daqui? Onde?
Cobra: É a banda de vocês. Tá vindo muito barulho e aqui tem criança.
Turra: Mas a gente não ta ensaiando ainda. É a banda do vizinho da frente.
Silêncio. Grilos.
Cobra: Ah... erh...
Todo mundo rolando de rir aqui.
Cobra: Nossa... é de lá? Mas parece que vem daí...
Turra: Então, como eu estava falando, o ensaio é do vizinho. O nosso estúdio ainda nem está pronto.
A revolta foi geral. Lembramos de quando mudamos para cá. Ouvíamos Psy, Trance e vários sons que não tinham letras o dia inteirinho! O filho mais velho fazia altas festas porque os pais não estavam em casa. E com a piscina vivia cheia, não era apenas o barulho que incomodava. A inveja também. Os malditos se acabando durante os lindos dias de verão, e a gente no lerê, lerê.
Mas aí, os pais voltaram para casa e as festas acabaram. Bons tempos, aqueles. Éramos felizes e não sabíamos.
Eis que, semana passada, na hora do almoço, durante uma partida de sinuca muito bem disputada entre os meninos, a louca começou a babar verde. Infelizmente eu perdi o barraco, mas ouvi vários relatos. Segurem aí.
- Seu Sergio! Seu Paulo! Seu Sergio! Seu Paulo!
Do jeito que ela gritava, os meninos contaram que parecia que tinha ladrão em casa e ela pedia socorro. Rafael, com o taco de sinuca na mão, foi acudir. Só faltava o giz atrás da orelha.
Rafa: Pois não?
Cobra: O que é isso?! Tem muito barulho aí! É um absurdo, aqui tem criança dormindo e vocês ficam aí, gritando e xingando. Esse lugar parece um, um... um boteco!
Rafa: Minha senhora, se a senhora pedisse com educação, com certeza a gente tinha controlado mais. Até porque estamos aqui dentro de casa, não tem janela e nem dá pra saber que o som vai até aí.
Turra (chegando): O que está aconteceu?
Cobra: Vocês tão sempre fazendo barulho! Eu não agüento mais tanta confusão vinda daí! É só gritaria! Baixaria! Vocês xingam muito! Aqui Parece um, um, um boteco! Não tem educação, bla, bla, bla.
Turra: Pera lá. Aqui ninguém xinga, não. Somos todos evangélicos.
O povo ria horrores. Berger pedia para fazer um bundalelê pra ela.
Cobra: Vocês incomodam muito. É porra pra lá, é porra pra cá! Buteco, bla, bla, bla.
Turra: E a senhora é muito mal educada, porque quando fica aí, gritando que com seu marido, xingando, chamando ele de frouxo, e safado, discutindo em voz alta, eu tenho que ouvir daqui, né? Eu não tenho que ouvir a sua vida conjugal aqui! E isso me incomoda muito! Não dá, não!
Cobra (desconcertada): Mas eu não brigo todo o dia, não! A gente só discute uma vez por mês!
Berger, a esta altura, estava sendo segurado pelos outros meninos porque queria abaixar as calças para ela e fazer um giroscópio com o biláu.
Turra: E tem mais. Quando você não está em casa, seu filho faz festa aí! E bota som lá nas alturas e agora eu tenho que ouvir também Britney Spears e Kelly Key e ainda tenho que ficar vendo ele se pegando com outros homens.
1 segundo de silêncio de uma Mãe que é a última a saber da opção sexual do filho.
Cobra: Se, se, se ele tá se agarrando, incomoda vocês aí?
Turra: Incomoda, sim. E tem mais. Aqui ninguém vai diminuir o barulho, não. Chama o disque-silêncio e manda medir o barulho, que o boteco vai continuar. – e entrou.
Quando acabei de saber da história, estava com os olhos esbugalhados.
Eu: Turra!!!
Turra: Eu não falei pra ofender o cara, não. Cada um faz o que bem entender da vida. Mas eu tinha que me vingar da mulher. Eu falei pra deixar a mulher puta.
Eu: Será que ela sabia?
Turra: O que?
Eu: Sei lá, que o filho dela é gay?
Turra: Sei lá. Só sei que ela deve ter ido dar uma batida no quarto dele. E na verdade, eu nunca vi ele se pegando com ninguém, não. Mas já vi pegação de homem, sim!
Esses são os caras que eu convivo todos os dias. Politicamente incorretos. Incorretíssimos. Graças a Deus.
8 comentários:
Incorretíssimos! Graças a Deus!
ahuahuaua
Que delícia de briga.... rsrsrsr
hahahaha. eu fiquei com pena do moleque que vai pagar o pato, mas tudo bem.
Eu já tive uma vizinha pavorosa também...ninguém merece! hehe
bjos
Estou muda..perplexa...paradinha aqui imaginando o que o pobre do menino deve ter ouvido...
Dedinhos,
Só agora pude ler essa história... genial, me lembrou muito as histórias do Pedro que também adoro.
Grande abraço e saiba que é sempre um prazer vir por essas suas praias.
Abraços
Anna,
Sacanagem! Agora o rapaz deve estar fazendo terapia e nem sabe pq... rsrs.
Excelente texto, pra variar!
Beijo!
amiga anna!!!
tem vaga aí na agência para eu trabalhar??? rsrs
beijos
frrravinha
Postar um comentário