Carnaval 2009 – Oh abre alas, que eu quero passar.

Estou há um tempinho sem escrever e sem visitar os blogs que gosto porque meu PC de casa está um lixo e aqui na agência está meio complicado também. Mas prometo voltar com força total depois do carnaval. E por falar em carnaval e não perder viagem do post, vou contar um pouquinho sobre a minha folia.

Eu andava meio desanimada de viajar nos dias do Rei Momo porque depois de um carnaval perfeito em Salvador (2007), o resto vira fichinha. Mas um belo dia, vi que o MSN do meu amigo Carlos dizia que ele ia pra Olinda. Chamei ele num canto e perguntei tudo: onde ia ficar, com quem, quanto e quando. Na mesma semana já tinha decidido para onde iria levar os meus paninhos de bunda.

O esquema de Olinda deve ser mais ou menos assim: os blocos saem durante o dia pelas ladeiras da cidade arrastando uma multidão animada. Muita gente usa fantasia. Inclusive tem um bloco chamado “Enquanto isso, na Liga da Justiça...”, que todo mundo sai vestido de super-herói. Vi umas fotos divertidíssimas do ano passado. E como eu sempre quis usar fantasia no carnaval, claro que eu já providenciei a minha. As minhas, na verdade. Fui a uma rua de comércio popular no centro de Vitória sem saber direito o que procurava. Até encontrar uma vendedora engraçadíssima que desceu metade da loja para eu medir. Em poucos minutos me vi transformada em alemã, Bela Adormecida, abelinha, Chapeuzinho Vermelho (que desisti quando pensei nas piadinhas infames que poderia ouvir), She-ha, cigana, pirata, entre outras. Depois de usar a técnica de eliminação: calor, preço, bizarro; fiquei entre Mulher Maravilha, Coelhinha e Melindrosa. A coelhinha era muito linda, mas o vestido era muito claro e não ia conseguir usar 2 vezes. Optei pelas outras duas, mesmo me achando ridícula de Mulher Maravilha. Sabe Deus se terei coragem de sair do quarto montada daquele jeito. Fora que sempre ouço a mesma pergunta quando falo que vou encarnar a Diana: “mas a Mulher Maravilha tem cabelo preto!”. Esse povo nunca ouviu falar em mechas, não? Que saco. Até cogitei a She-ha, mas fiquei sufocada com aquele troço da cabeça. Aquela “tiara” que parece um par de asas, sabe? Me senti como se eu estivesse imprensada pela porta de um elevador.

Isso será de dia, à noite, vamos para o Recife, onde muitos shows acontecerão. Mas a viagem não acaba com o fim do carnaval. Só que essa parte eu conto somente na volta, dia 2 de março. Beijos e até breve!

Depois do The End - A NOVIÇA REBELDE

Maria custava a acreditar no que via na TV. Depois de tudo o que já tinha passado com Von Trapp e seus filhos, presenciar, mesmo que pela telinha, aquela cena, era uma lástima. A filha 6 estava de queixo caído, emudecida. O Capitão não se mostrava muito perplexo. Pelo jeito, já havia se acostumado à veia artística de seus rebentos. Se alguém podia chamar aquilo de arte. Na verdade, só o filho 2 mantinha alguma ligação à arte verdadeira e estava realmente fazendo sucesso, mas como era um cantor transformista, o Capitão, como ainda fazia questão de ser chamado, renegava sua paternidade até a morte.
- Na época, a falecida tinha um caso com o encanador – dizia ele com todo orgulho.
E Maria se segurava para não dizer que Smorfete, o nome artístico do filho 2, era a cara dele, tirando apenas os longos cabelos azuis e litros de silicone dos seios e do traseiro. Afinal, o Capitão sempre foi meio desbundado.
- Mas Maria, por que tanta surpresa? Ela sempre se saiu melhor na dança do que no canto. E lembre-se que a número 7 é a nossa filha. A nossa caçulinha.
- Nossa, não. Eu nunca tive filhos. São todos seus. Os sete.
- Seis. Já cansei de falar que o cabelos de anil não tem nada a ver comigo.
Maria suspirou fundo e mudou o rumo da conversa. Ela queria esquecer o que rolava na TV.
- Será que as números 3 e 5 vêm jantar?
- Acho que não. Parece que o show de hoje vai ser numa pizzaria.
- Desde quando telegrama animado pode ser classificado como show?
- Não deixa de ser, Maria. Afinal, elas se apresentam com uma banda, têm microfone e platéia.
- Sabe capitão... a primeira vez que eu vi a reação das pessoas quando elas saltaram daquela Kombi metidas numa banana inflável, com os músicos disfarçados de macacos, eu pensei que fosse uma pegadinha erótica.
- Por quê?
- As pessoas gritavam: “Olha a sacanagem! Isso é sacanagem das grossas!”.
O capitão imaginou a cena: as filhas tentando cantar parabéns e os adolescentes atirando sorvete e dizendo que elas ficavam melhor numa banana split.
- É... Maria... aquilo não acabou bem. Mas não tão mal quanto a filha 1, né?
- Bem feito. Quem mandou brigar na casa do BBB? Tava querendo ser expulsa mesmo.
- Mas a culpa não foi dela, coitadinha.
A filha 6 olhou surpresa para o pai, mas, como sempre, permaneceu calada.
- Coitadinha? Ela quebrou o nariz da outra lá!
- Quem mandou a sirigaita confundi-la com o irmão e gritar que ela era muito mais gorda e masculina pessoalmente? Agora todo mundo sabe que aquele traveco é da família.
- Pelo menos vão esquecer que o filho 4 resolveu atacar de cover do Latino e mostrou o bunda lê-lê dele pra todo o bairro na Kombi do Telegrama Animado.
De repente Maria ficou imaginando onde eles tinham errado com as crianças. Será que a troca dos nomes pelos números tinha causado algum trauma? Ou será que foi a releitura de Mudança de Hábito para o coral da Igreja? Aquela idéia, definitivamente, não tinha sido boa. Eles foram expulsos da congregação porque o padre achou a coreografia herege. Mas aquilo tinha sido fichinha se comparado ao que a filha 7, a caçula, estava fazendo. Devia ter desconfiado daquelas performaces com as garrafas quando ela dizia que só estava se preparando para um número de mágica.
- Mas o que tem demais, Maria – tinha perguntado o Capitão na época – se a menina quer participar do concurso da Loura do Tchan?
- Não é isso, criatura! Branca daquele jeito, ela quer ser a morena, a MORENA do tchan!
- Nada que um solzinho não resolva. Agora as morenas vão ver como é bom ser falsificada!
E Maria tinha dado graças a Deus pelo mau jeito nas costas que desclassificou a menina bem na hora do concurso. Mas pelo jeito aquela desorientada não tinha limites. Ela estava bem diante dos seus olhos, tendo a ousadia de participar da seleção para a Globeleza. Como ela arrumou aquela cor tizil e o que tornou o cabelo bombril, nunca iria descobrir. Era praticamente um Michael Jackon ao contrário. E o pior de tudo era o modelito.
- Não é possível! - gritou levantando do sofá - ela está usando a roupa de brincar!
- Aquela que você fez com minhas cortinas quando era apenas a babá?
- Sim!
A filha 6 olhava para Maria, para o pai e para a irmã na TV. Ela tinha transformado a roupa em umas faixas. Faixas bem pequenas. E estava realmente esquisita.
- Relaxa Maria. Daqui a pouco você acostuma. Eu mesmo detestei logo que vi as tais roupas, lembra?
De repente a muda deu um grito horrível e berrou apontando pra TV:
- A minha sombrinha rosa desaparecida! - eram as primeiras palavras dela em anos.
A Von Trapp dançarina tinha roubado a sombrinha da filha 6 que todos acharam que tinha sumido. Então, nesse momento, ela passou a misturar samba com algumas coreografias de Mary Popings. A última coisa que Maria pensou antes de desmaiar foi “e ainda dizem que a rebelde sou eu”.