Feliz Ano Novo!

Não vou me alongar porque estou na TPM e sempre fico muito emocionada com esse negócio de reveillon. É uma choradeira danada e lápis escorrendo do olho. :o)

Beat Goes On



Esse foi o momento em que consegui me esgueirar e chegar perto da passarela. Ver a Madonna chegando de “calhambeque” na minha frente não tem explicação. Aqui dá pra ver como realmente estava próxima. Mesmo segurando firme a câmera, dá pra ver a agitação dos fãs quando ela se aproxima. E se aproximou muito. Foi demais!

Into the Groove



Essa é das antigas e todo mundo cantou junto. Na minha opinião, o visual mais legal da noite. Adorei as cores vivas, alegres, as ilustrações, os movimentos, os figurinos, as coreografias e o “palquinho” que se deslocava para lá e para cá com a Madonna em cima, brilhando mais do que qualquer iluminação do palco. Diva!

Into The Groove 2

4 Minuts (Tic Tac)



Fiquei meio em dúvida se gravaria esse pedaço porque Madonna estava no palco e eu, na ponta da passarela. Mas ao ver a surpresa que ela tinha aprontado para inserir o Justin no show... foi irresistível. Ela é demais!

Madonna – God Save The Queen


Depois de tanta luta para comprar o ingresso VIP, a ficha realmente só caiu quando eu me vi paradinha na fila do Morumbi, sábado, ao lado do meu amigo Aguinaldo (Gui, para os íntimos) e atrás de centenas de pessoas que tinham chegado mais cedo. Depois de 15 longos anos e muitas turnês mundiais que não passaram por aqui, eu ia ver novamente a Madonna de perto! O estádio estava vazio, mas o palco, a passarela e as incontáveis parafernálias que ainda permaneciam apagadas e inertes já mostravam que aquele show ia ser apoteótico.

Gui já tinha ido ao show de 5ª feira e elegeu o lado esquerdo para ficarmos. Foi um ótimo lugar, muito, muito perto da passarela. Se a Madonna tropeçasse, despencava em cima da gente. Ao nosso redor, pessoas engraçadas, ansiosas e comunicativas. Depois de um tempo resolvemos sentar. Só levantamos às 20h, quando o mala do DJ tentou nos distrair antes da Diva dar o ar da graça. Não empolgou. Mas também, faça-me o favor. Fãs enlouquecidos esperavam por Ela e entra um DJ com cabelos lisos e franjinha de cortina. Ihhhhhhh... fooooooraaaaaa!!!... Nem os dançarinos conseguiram nos engambelar. Madonna! Madonna! Madonna! O Morumbi se agitava.

Lá pelas 21h começou a garoar, o que foi bom porque o calor estava ficando insuportável. Quando o atraso já chegava a quase 1:30, eu comecei a fazer umas imagens das arquibancadas lotadas. Queria registrar tudo. Quando concluí o giro de 360º, o palco começou a mostrar que estava vivo, e pulsava. Luzes, cores, movimentos inacreditáveis. A presença de Madonna, antes mesmo aparecer, já era eletrizante e emanava a energia da poderosa estrela que ela é.

Apesar de segurar a câmera firme e forte, eu parecia estar no meio de um terremoto, em alguns momentos. Terremoto, não, mas diante de um furacão que estava pra mostrar toda a sua força. Depois de alguns minutos de imagens psicodélicas e acordes de Candy Shop, a grande caixa luminosa se abriu e Madonna surgiu poderosa, majestosamente sentada em seu trono de rainha e exibindo uma inconfundível pose de puta. Maravilhosa! Delírio, gritos, pulos, lágrimas. O Morumbi cantou a música de abertura do início ao fim, parecia ensaiado. A Diva mostrava o seu poder.

Um espaço perto da passarela se abriu e eu, rata de shows que sou, me esquivei e consegui me aproximar ainda mais. 15 longos anos depois, Madonna se aproximava de mim em seu “calhambeque”. Ela desceu e dançou quase na minha frente. Vi seus olhos, sua boca, seu nariz, seus cabelos, tudo perto. Cara, era a Madonna! Tudo ao vivo, não em closes em revistas ou em vídeos no youtube. Era a Madonna, e estava ali! Foi enlouquecedor! Novo terremoto, eu me agarrei à câmera, mas consegui enquadrar por sorte porque não vi essa cena pelo visor da minha digital. A energia foi demais, transbordante. Chorei.

Muito simpática e sorridente, ela interagiu conosco. Conversou, brincou, instigou. Respodíamos com berros de YES, NO, e centenas de “I Love You!”. Tava na cara que ela estava se divertindo e se emocionando com a inflamada recepção brasileira. Prometeu que não vai demorar a voltar. Sei. Ouvi isso também no Maracanã há 15 anos. Espero que, desta vez, seja verdade.

E assim correu o show. Com alma, com o dedo certeiro de Madonna, com o coração dela. É totalmente coreografado, totalmente tecnológico, totalmente ousado, totalmente perfeito, e foi sem tombos. Só achei que o som deveria ser um pouco mais alto. Algumas vezes ela usava play-back. E daí? A Diva gasta energia dançando por 2 horas, sem muitas paradas, deixa a mulher tomar um pouco de fôlego, gente. Não dá pra esquecer que não é um show comum, do tipo que dá pra virar pro lado e conversar por 2 minutos com um amigo. Time is funny. Ela é a Rainha do Pop, da música dançante. O que faz de Madonna tão especial é ela ser infinitamente maior do que a música que canta, apesar de ter uma boa voz. Ela É o show. Essa é a diferença. Ela é a Madonna.

GAME OVER. 2 horas depois, Madonna sai do palco mandando beijos e berrando “Thank you, São Paulo!”. Além da emoção, tive a certeza de que valeu cada centavo, cada minuto, para ter passado aqueles momentos diante da Diva.

Vou dividir com você algumas fotos. Claro que poderia pegar várias melhores de algum site. Mas não teriam a minha visão do espetáculo. Também fiz alguns vídeos, mas ainda não sei quando conseguirei postar todos. Espero que goste dos que já estão abaixo.

Momentos inesquecíveis

































Abertura do show



Como já descrevi acima, foi muito difícil conseguir filmar alguma coisa no meio da confusão. Sei que existem vídeos melhores no youtube. Mas eu tenho esse para chamar de meu. ;o)

Vogue


Essa eu tinha visto há 15 anos, mas numa roupagem totalmente diferente. Mais uma prova de que esse foi um show totalmente diferente do outro. Aliás, como uma Camaleoa manteria algo parecido?

Vogue - continuação



A pessoa lerda aqui, em vez de esperar a música acabar, não. Acabei perdendo a volta dos dançarinos à passarela. Mas acho que dá pra perceber como o fechamento da música foi sensacional. E perto de mim! ;o)

Feliz Natal

Eu nunca sei direito o que dizer para desejar um Feliz Natal. Mas espero que sejam trocados mais do que presentes. Que sejam compartilhados amor, alegrias e esperanças. Espero que a mesa não seja farta apenas de comida, mas de boas risadas e momentos felizes ao lado de quem você ama. Feliz Natal! Que Deus abençoe a você e aos que lhe são caros.

Ps. Ainda não consegui organizar as fotos e vídeos do show da Madonna. Devo fazer isso até o final da semana. Mas já adianto que eu achei fantástico!

Paulista por 4 dias

Acho que farei apenas um programinha cultural desta vez. O resto do meu tempo será de esbórnia, compras e esbórnia. Deve ser reflexo do show da Madonna que verei no sábado. Vou ficar pertinho dela. Algum recado? :o)

Trabalhando nua

É assim que uma mulher se sente quando sai de casa sem brinco, colar, pulseira ou anel. Acho que é por isso que as peladas das revistas usam tantas bijous, para não ficarem tão em pêlo assim.

Desabafo contra as drogas



Agora há pouco fui atender a campainha e, antes mesmo de chegar à porta, senti o maior cheiro de maconha. Quando atendi, meu coração apertou. Era um carinha aqui da rua que vi crescer. Ele veio tentar me vender uma sombrinha velha para dar dinheiro ao pai. Uhum, sei. Botei ele pra correr. A mãe dele é uma pessoa muito simpática e não sabe mais o que fazer pra tirar o filho das drogas. Ele já foi internado algumas vezes, mas não conseguiu se recuperar. Ao mesmo tempo que fico com pena, eu morro de raiva pela burrice das pessoas que resolvem experimentar essas porcarias.

Eu devo a minha ojeriza às drogas graças a “Eu, Christiane F., 13 anos, Drogada e Prostituída”. Esse filme barra-pesada, que vi aos 12 anos, me deu uma das maiores certezas que tenho na vida: de que nunca usarei drogas. NUNCA. Tirando aí alguns cafajestes que, às vezes, caio na besteira de experimentar. Quem viu o longa-metragem (e/ou leu o livro, que também é uma bela porrada e tem fotos reais) sabe do que estou falando. Foi muito assustador ver a transformação da adolescente em trapo humano. E isso ficou marcado na minha cabeça. Já tive muitas oportunidades de cheirar lança, fumar maconha e por aí vai. Não quis. Não tenho a menor curiosidade de saber como é. Além do medo, tenho um grande respeito pelos entorpecentes. Porque vamos combinar, né? A onda deve ser uma delícia, pelo menos nas primeiras vezes. Se fosse ruim, claro que ninguém voltaria a experimentar. É questão de lógica.

Drogas pesadas são um problema para quase 26 milhões de pessoas no mundo. As delicinhas matam 200.000 pessoas por ano, segundo a ONU. Agora eu pergunto. Quantas dessas pessoas achavam que o primeiro traguinho, que o primeiro pozinho, que a primeira balinha, que a primeira pedrinha iam torná-las estatísticas? Duvido que alguma. Aí alguém vai dizer: mas são as drogas pesadas! Para se ter uma overdose, ou chegar ao fundo do poço, tem que haver uma iniciação. Como ter a certeza absoluta de que o uso recreativo passará a ser diário, e depois incontrolável? Alguém acha que o Fábio Assunção e a Amy Winehouse sequer cogitaram passar o inferno que estão passando quando experimentaram pela primeira vez? Alguém acha que Elis Regina e a Cássia Eller imaginaram que acabariam mortas seguindo outra carreira? Essa certeza absoluta não existe. 200.000 pessoas pagaram para ver. Uma lástima.

Outra coisa que me mantém afastada é o profundo ódio que nutro pelos traficantes. Não vou dar meu suado dinheirinho pra bandido. Sim, porque são principalmente os usuários que abastecem esses filhos da puta de dinheiro e ainda têm a cara de pau de participar de passeatas a favor da paz e reclamar da crescente onda de violência que mata milhões de pessoas pelo mundo. Hipócritas. É com a venda de um baseadinho aqui, um docinho ali, uma pedrinha acolá, que assassinos como Abadia, Fernandinho Beira-Mar e Marcola estão poderosos. Quantas armas quem usa drogas ajuda a comprar? Quantos cartéis quem usa drogas ajuda a manter? Quantas mortes quem usa drogas tem nas costas? E isso não se aplica apenas aos viciados. Isso vale também para os turistas. É a velha história do “de grão em grão”.

Aí alguém vai falar: mas se liberar, os traficantes não terão mais tanto poder; como se esses marginais não ganhassem grana comercializando também armas e outras coisas. Já ouvi muito que, se fosse liberado, o baseado perderia o encanto que exerce em alguns desajustados. Aquela típica turminha que deseja se auto-afirmar fazendo merda e acha que está abafando. Não acho, ou a venda de cigarros e bebidas alcoólicas seria cada vez menor, uma vez que são compradas com toda a facilidade por quem tem menos de 18 anos. Outro papo furado, usado principalmente pelos maconheiros, é que a erva faz menos mal do que o cigarro ou o álcool, como se alguém achasse que esses dois últimos são inofensivos, apesar de liberados. Só, que apesar de leve, a maconha funciona como o 1º degrau para as drogas mais pesadas. E não acho que o Estado deva incentivar essa subida.

Mas o argumento que mais me tira do sério é que liberando, o país recolherá mais impostos. E o Brasil vai arcar com um aumento de clínicas decentes para dependentes, caso eles resolvam parar com o uso, quando não consegue ajudar na recuperação nem dos alcoólatras? Vai ceder drogas de boa qualidade para que ninguém consuma porcaria e detone ainda mais a saúde, quando não controla nem a qualidade do ensino? Vai disponibilizar pequenas quantidades para que os viciados não precisem traficar, roubar, matar, se prostituir ou virar mendigo, quando muitos ainda morrem de fome? Vai manter centros de consumo com psicólogos para que os viciados tenham lugar seguro e, de quebra, ainda sejam trabalhados para descobrir que se drogar não é legal? E se não é legal, porque foi liberada? Porque não basta apenas liberar. Tem que haver uma responsabilidade nesse ato, mesmo que seja apenas a maconha que, como já disse antes, é o tapete de boas-vindas.

Já estava para escrever este post há um tempão, mas fui deixando passar. Muitas pessoas vão me achar muito radical e exagerada, mas em alguns assuntos sou assim mesmo, 8 ou 80. E depois do moleque, que eu vi crescer, ter aparecido na minha porta querendo me vender uma porcaria de sombrinha velha, fiquei louca da vida. A propósito, parece que Christiane F. teve uma recaída depois dos 40 e perdeu a guarda do filho.

Ingressos para o show da Madonna

Não sou cambista, apenas uma fã ansiosa que comprou ingresso para garantir logo a arquibancada porque demorou a conseguir comprar o VIP. Como íamos em 3 amigos, temos 3 arquibancadas laterais pra vender. Foi de lá que vi o show do U2 e é um ótimo lugar.

Reparou que eu disse “íamos”? É porque um dos amigos não vai mais. Está em Portugal e, infelizmente, não chegará a tempo para o show. Quem se interessar, por favor, mande um e-mail pra mim (annokas73@gmail.com). Os ingressos estão em SP.

Show em SP (estamos vendendo pelo preço honesto, ou seja, pelo preço que compramos).

Dia 18 – quinta-feira
3 Arquibancadas Laterais: R$ 200, (cada)

Dia 20 – sábado
1 VIP: R$ 728, (VENDIDO)
Ps. Para acompanhar a saga e não achar que eu estou sendo desonesta, pode ler isso: http://dezdedinhos.blogspot.com/2008/09/madonna-mia-eu-sou-vip.html

DEPOIS DO THE END - Uma Linda Mulher

Vivian não conseguia acreditar na quantidade de elogios que chegava por e-mail. No começo, achava que escrever uma coluna dando dicas de sexo era maluquice. Mas a falta do que fazer e, principalmente, a ausência do Edico, apelido carinhoso que deu a Edward, tinham falado mais alto. Assim nasceu a "Dou-lhe Uma". O nome tinha sido idéia da Mia, a única pessoa da alta roda que sabia do passado de Vivian.
- Mas Mia, esse nome é ridículo!
- Que nada. "Dou-lhe Uma" não é um título. É uma promessa! E tem duplo sentindo. Pensando bem, têm vários como...
- Eu entendi, Mia. Não precisa desenhar.
- Tenho pensado nessa coluna desde o dia em que você falou pra eu me pendurar no ventilador. Levei Frederico a loucura.
- E ao hospital também, né, Mia?
- O ventilador não tava bem colocado.
- Sei.
- E eu tava mais gordinha.
- Sei.
- Eu acho que você pode começar ensinando a técnica do ventilador. É só colocar um asterisco com aquela defesa em letras minusclinhas para evitar problemas futuros.
- Vou acabar sendo processada pelo Procon.
E lá se vão alguns anos de sucesso, pensou Vivian. Pena que não consiga testar 1/3 do que escreve com Edico, que vive cansado e de mau humor.
- Oi – disse Edico, seco, desviando o pensamento de Vivian.
- Por que demorou tanto?
- Estava trabalhando. Trabalhando de verdade, sabe?
- O que quer dizer com isso, Edico?
Edico jogou o jornal na mesa e Vivian viu sua coluna. Ele tinha feito um bigodinho e colocado óculos na foto dela.
- Edico, o que houve? Tá bebendo água do vaso?
- Sabe qual foi o grande assunto do escritório hoje? – perguntou, acrescentando uns chifrinhos à foto.
Vivian olhou de rabo de olho para o "Dou-lhe Uma", apertou os olhos, mas não conseguiu ver o tema. Começou a ficar preocupada.
- Eu pensei que você não lesse o que escrevo.
- E adianta? Pelas piadinhas sempre deduzo qual é a bola da vez. O manobrista me olha com cumplicidade, como se soubesse de todas as nossas intimidades. Pior, das SUAS intimidades.
- Edico, você está exagerando.
- O que significa ficar com olhinhos feito asas de borboleta? Heim?
- Edico...
- É o que está escrito aqui. A técnica do rompimento do casulo, vai deixá-lo com os olhinhos feito asas de borboleta.
- Edico...
- Isso foi a primeira coisa que ouvi hoje do Marcão. Ele sorriu e ficou piscando várias vezes pra mim.
- Marcão? Aquele advogado vesgo?
- É. Pensei que ele estivesse tento um ataque ou sei lá o que. Mas aí, ele me deu um tapinha nas costas e perguntou se era mais ou menos assim que eu ficava.
- Edico...
- Que diabo de técnica é essa, Vivian? Isso é coisa nova. E não foi comigo que você aprendeu. Você tem outro!
- Tá louco Edico?! Eu amo você.
- Que ama, que nada. Quero saber de onde vem tanta inovação. Tanta bateção de asa.
- Você quer saber a verdade? Eu tô sim, aprendendo com outra pessoa. Mas é tudo culpa sua!
Edico ficou estático com a confissão. O que tinha saído errado, ele pensava. Um filminho passou pela cabeça. Vivian, nua, deitada na cama com outro, tentando anotar todos os movimentos, como na dança de salão. Vivian pedindo ajuda pra escolher aqueles nomes. E nome é uma coisa importante. Exige confiança. Ela não o deixou escolher nem mesmo o nome do peixinho dourado.
- Você está me escutando, Edico?
Edico perdeu o começo da conversa, mas disse que sim. Que ouvia cada palavra.
- Mas para continuar escrevendo bem, eu precisava de você. Para testarmos coisas novas. E você nunca estava a fim. Eu comecei a perder a criatividade e minha editora do jornal me chamou a atenção. Só me restou voltar às ruas. Edico sentou, pálido. Tentou se recordar de alguma peruca curta loura ou bota longa preta no closet. Só lembrou do chicotinho, mas aquilo tinha sido sugestão dele.
- A Kit me ajudou. Ela sabe de coisas inimagináveis. Só pra você ter noção, nunca tive coragem de falar sobre a técnica da taruíra espevitada.
- Kit? Aquela amiga baixinha que você dividia o apartamento?
- Sim, Kit. Agora ela é cafetina.
- Você tem uma cafetina, Vivian?!
- Não, Edico. Nós somos amigas.
- Amigas? Ahh... agora entendi tudo. Você virou sapatão.
- Tá difícil conversar com você.
- Difícil é ouvir isso e ficar com cara de festinha de aniversário. Ou com olhinhos feito asas de borboleta.
- Edico, presta atenção. A Kit me conta as novas tendências, entende? Todas as novidades, as curiosidades, as perplexidades. Eu nunca te traí, homem.
Edico relaxou um pouco.
- Você jura?
- Claro.
- Não fez workshop?
- Pense que tive informações adquiridas em palestras.
- Nada de prática?
- Só teoria.
Ela sorriu. Ele suspirou aliviado e confessou que tinha perdido a vontade de ir pra cama porque imaginou que ela andava fazendo pesquisas de campo. Em seguida, pegou Vivian no colo e foram para a sala do piano, que andava muda há muito tempo. Mas naquela noite, os vizinhos tiveram que chamar o disk-silêncio. Não agüentavam mais ouvir tanto Tico-Tico no Fubá.

Visões diferentes

Recebi uma notícia bem legal há umas semanas. Um outdoor feito pela nossa equipe de criação estava concorrendo entre as 3 melhores peças nacionais na Categoria Especial e ao Grande Prêmio da Central de Outdoor. Há anos não participávamos de um concurso. A parte chata é que ficamos com o bronze. No dia da premiação, em SP, eu fiquei em cólicas querendo saber do resultado e recebi torpedos dos meninos que foram à festa.

Chefe 1
Bronze. Depois dou mais detalhes. A gente poderia ter conseguido, todo mundo achou isso. Que o nosso era o melhor.

Chefe 2
Ganhamos o bronze frente a 1800 agências!!! Uhuuuuu!!!

Um pirulito para quem adivinhar quem é o Diretor de Atendimento e quem é o Diretor de Criação.

Hoje é o Dia Internacional da Luta Contra a AIDS

Uma época atrás, conversando com uma conhecida que é ginecologista, ela contou que uma patricinha de 18 anos, moradora de um bairro classe AAA de Vitória, foi fazer uns exames mais detalhados porque tinha transado pela 1ª vez com o namorado. Ele, igualmente classe AAA e quase da mesma idade, não levou o “capote” e ela, com vergonha de pedir, deixou pra lá. A médica, conhecida da família, não sabe porquê cargas d’água resolveu pedir também o HIV. Resultado do exame: positivo.

Mesmo que seu parceiro tenha transado com apenas 2 ou 3 pessoas diferentes, essas 2 ou 3 pessoas podem ter ido pra cama com mais umas 2 ou 3 outras pessoas... e por aí vai. No final das contas, o resultado pode ser negativo pra você. Ou pior, positivo. Camisinha não é tão ruim assim, gente. É só usar com KY. Fica aqui a dica.


Ps. Se a pessoa nem sugere usar com você pela 1ª vez é porque não deve usar com ninguém. Ou você acha que são os seus belos olhos? Pense nisso.

“Eu vi a cara da morte, E ela estava viva”

Lembro como se fosse hoje. Anos 80. Doença misteriosa que atacava principalmente os gays, prostitutas, hemofílicos e usuários de heroína. Muitos ídolos, meus ídolos, atores, cantores, intelectuais e tantos outros definhavam a olhos vistos. Alguns negavam. Outros fizeram questão de aparecer e dizer que tinham contraído o maldito HIV. Queriam alertar sobre o surgimento do mal que nascia num dos momentos de maior prazer do ser humano: o sexo. Foi um corre-corre. Nessa mesma época, eu soube que camisinha não era apenas uma blusa pequena, mas um escudo contra a ameaça que não tem cura. Infelizmente a geração mais jovem prefere ignorá-la. Talvez por não terem acompanhado o surgimento da doença e sua verdadeira face, a grande maioria prefere contar com a sorte. Os coquetéis mudaram a cara da AIDS. Mas ela ainda existe. E não é bonita.

6º sentido

Eu sempre paro o carro no mesmo lugar quando vou pra agência. Displicentemente longe da calçada – os meninos falam que meu corsinha ano 20 é uma guarita – e sob uma frondosa árvore. Mas nessa 2ª feira, quando ia estacionar, aquela árvore que sempre protegeu meu carro do sol me pareceu ameaçadora. Na mesma hora pensei “já tá chovendo há tanto tempo... vai que acontece alguma coisa e esse troço cai?”. Dei ré e parei mais distante. Fiz isso também na terça e quarta. Ainda bem, porque ontem na hora em que estava indo embora, vi um objeto não identificado entre as rodas dianteiras. Era um pedaço considerável de galho que tinha se soltado e, pela posição, deve ter passado a um centímetro do capô. E não é exagero, já que o galho se partiu em 2 e um dos pedaços estava embaixo da placa, exatamente. Isso foi um puxão de orelha para confiar sempre na minha intuição, que é fortíssima, mas às vezes ignorada. Eu acredito que quanto mais as pessoas ficam abertas a ela, mais ela se desenvolve. Obrigada, Meu Deus.

Na Natureza Selvagem



Temos um objetivo e fechamos os olhos para todos os sinais que aparecem pelo caminho. Deixamos a determinação se transformar em obsessão. Ninguém, nem nada, possui tanto valor quanto concluir a jornada que traçamos. Não percebemos que alguns objetivos servem apenas para nos colocar em estradas que vão desembocar em outros nortes. Lugares onde devemos chegar, onde somos esperados. Mas nem sempre a arrogância em terminar o que começamos nos deixa enxergar os atalhos, curvas e retornos que imploram a serem seguidos. Quantas vezes o fim chega com o final feliz que procuramos?

Na Natureza Selvagem é baseado numa conhecida e emocionante história real. Brilhantemente dirigido pelo Sean Pen e estrelado por Emile Hirsch. Imperdível.

Quer saber de uma coisa?

Tem gente que ama fazer brincadeirinhas sem graça. Uma tiradinha aqui, outra tiradinha ali, só pra encher o saco. Não curto essas provocaçõezinhas porque não faço com ninguém. Algumas pessoas revertem a situação e deixam o engraçadinho em maus lençóis. Eu não consigo. Quando me sinto desrespeitada por piadinhas, minha vista escurece e quase sempre meu raciocínio é cortado. Não quero reverter a situação. Só quero mandar a pessoa tomar no cu. E mando. Bem fina.

Vovó Zona

Com mais ou menos 1.50 de altura, 80 anos, pele branca, bochechuda, grandes olhos castanhos e cabelos curtos prateados encaracolados, Dona Linda é um sucesso por onde passa. Muito fofa e prestativa, minha avó adora mimar, conversar e tomar conta das pessoas, mesmo de estranhos. Mas não se metam a besta com ela. Dia desses, ela estava no supermercado com 2 latinhas de leite condensado para um pudim, quando percebeu que as filas estavam gigantes, inclusive a do caixa para idosos, deficientes e grávidas. Só que essa última tinha gente de todo o tipo, menos a quem se destinava. Então, sorridente e com seus passinhos curtos, ela foi pedindo licença e ficou do lado esperando a vez de ser chamada pela moça do caixa, quando uma adolescente falou bem alto.

- Ei, a fila é lá atrás.
- Minha filha, você sabe ler?
- Sei.
- Então, leia aquela plaquinha ali, ó. – disse apontando para o local onde informava quem tinha a preferência do caixa.

A menina ficou toda sem graça, muita gente riu alto e vovó tomou seu lugar de direito. Fiquei ainda mais orgulhosa dela. Chupa, garota!

Lambada, a dança proibida lá em casa.



Mesmo com o nome péssimo, os dançarinos feios e as roupinhas cafonérrimas que o Kaoma se apresentava, eu adorava dançar lambada e gastar a sola do sapato rodopiando pra lá e pra cá, mas sem a sainha curta rodada que mostrava a calcinha e mantendo uma distânciazinha que impedia o esfrega-esfrega fatal. Coisa de centímetros. Acredite que isso é possível e não compromete a performance em nada. Lambadeira sim, mas com dignidade.

Aí, um belo dia uma amiga me ligou pra dizer que tinha arrumado um professor de lambada que ia dar as aulas em casa e pediu pra ser aqui, onde tem um bom espaço para todas as voltinhas necessárias.
- Flávia, quem me dera. Não sabe como meu avô é? Se meu vovô sonhar, só sonhar, Flávia, que eu danço isso, ele me mata! Tá louca?
- Mas seu avô chega tarde todo dia. Ele não vai ver.
- É? Mas se algo acontecer e ele chegar antes? Bem na hora em que eu estiver dançando? Nem quero pensar! Não. Aqui, não.
- Droga. Tem que ser aqui em casa, então. Pior que meu pai também não gosta. Espero que ele nunca esteja em casa. Ainda bem que ele chega tarde direto.

Mesmo as aulas não sendo na minha casa, eu fiz parte da turma de 6 amigas que ficaram craques em todos os passinhos. Quer dizer, em quase todos. A parte que o cara me jogava pra lá, depois me puxava e que eu tinha que ir e voltar fazendo movimentos circulares com a cabeça pra jogar os cabelos como se fossem as hélices de um helicóptero, não dava certo de jeito algum. É muita coisa pra controlar de uma só vez. Minha coordenação motora não permite. Depois de várias cabeçadas e um quase ataque de labirintite, o professor desistiu de mim. Saco. Mas fora isso, eu até que dançava direitinho.

Pagamos 15 aulas e sempre era uma festa quando estávamos lá, dançando. Eu ainda acho o ritmo contagiante e delicioso. Claro que não é música pra se ouvir. É música pra se dançar. E pra quem gosta de dançar junto. Só sei que falava tanto nas aulas que, no último dia, mamãe e vovó resolveram ir conferir como a bambina delas estava se saindo. Mas foi preciso uma operação de guerra. Vovô tinha chegado mais cedo aquele dia e estava azedo. Inventamos uma história de que tinha uma apresentação no meu colégio e elas tinham que ir. E lá fomos nós pra casa da minha amiga. Antes de sair, ainda encontramos um colega de vovô que veio trazer umas notas da TEXACO. Cumprimentamos rapidamente e saímos apressadas e sorridentes.

Essa noite a mãe da Flávia tinha feito um lanche especial porque todas as outras mães também tinham aparecido para o último dia. O professor estava sorridente e a aula durou mais tempo do que o combinado. Em meio a tantas conversas e gargalhadas, o comentário geral era que nenhum dos pais sabia que as filhas estavam ali, nem o próprio dono da casa, que nunca tinha hora pra chegar do trabalho. Depois de uns comes e bebes, o professor tirou as mães para dançar. Até vovó deu umas voltinhas. Então chegou o momento da dona da casa arrasar. Na hora em que a mãe da Flávia estava no meio da sala, meio encaixada no cara, com a cabeça virada para trás e quase encostada no chão, no rimo do "thanran, thanran, thanran, tharan", a porta se abre e aparece o marido. As mudanças na cara foram impressionantes. Parece que ele ia fala “boa noite”, e mudou pra “Que porra é essa?” e acabou num “Eu mato alguém!” Não sei como o professor não largou ela no chão. E pra piorar ainda mais a situação, o pai da Flávia era o homem que tinha ido à minha casa entregar as notas da Texaco para o meu avô. Só que estava tão chocado com a cena, que nem me viu direito. Vovó balbuciou um "Meu Deus". Vi que a outra porta estava aberta para entrar mais vento e nem quis saber se teria que apartar alguma briga. Puxei as duas e saímos de fininho pelos fundos. Nem quero imaginar se isso tivesse acontecido aqui no meu quintal com meu avô. Era divórcio na certa e retirada do testamento. Tá certo, vá lá. Não tem testamente, mas se tivesse, ele tiraria.

Depois de umas horas, a Flávia ligou falando que o bicho tinha pegado lá e que num determinado momento, ele comentou:
- E aquelas 3 que saíram por trás? Quem eram? Eu acho que conheço.

Só sei que não fomos descobertas por um triz e, principalmente, porque a mãe da Flávia roubou todas as atenções. Graças a Deus. Depois de um tempo, fui a Arraial D´Ajuda e coloquei todo o meu conhecimento em prática. Não fiz feio com nenhum dos nativos que me tirou pra dançar. Ano que vem eu quero fazer dança de salão. Os argentinos que se cuidem.

+ um pouquinho de Lambada

Ilhada na ilha de Vitória

Domingo último eu passei um tremendo sufoco em Vitória. Fui visitar o meu amigo Fernando, que virou carioca, e saí da casa dele debaixo de uma chuva torrencial que inundou avenidas, alagou bairros e me deixou apavorada ao perceber que não conseguiria voltar pra casa tão cedo porque meu corsinha sedan infelizmente não existe na versão anfíbio. Depois de cruzar vários pontos críticos, atravessar canteiros e quase ser atropelada por um caminhão caindo aos pedaços, consegui chegar muito perto da 3ª Ponte. O problema é que esses poucos metros tinham virado, praticamente, um mar. Via a hora de Noé passar por ali oferecendo carona. O jeito foi achar um lugar seguro, desligar o carro e esperar a água baixar. Já eram quase 22h quando me toquei que uma amiga morava na área e fiquei toda contentinha. Era só ligar pra ela, deixar o carro onde estava e dormir por lá. Uma idéia genial! Liguei. Chamou, chamou e nada, nada. Ninguém atendia o bendito telefone. Depois de muita luta, ela acabou me ligando no celular.
- Gisele! Graças a Deus! Tô aqui pertinho da sua casa, ilhada. E essa água não vai descer tão cedo. Posso dormir aí?
- Anna, pode. Se eu conseguir chegar em casa.
- Não vai me dizer que você está na rua?
- Tô aqui perto do Boulevard.
- PQP! Então volta no mesmo pé porque você não vai conseguir chegar em casa nunca. O negócio tá feio!
Ela voltou pra casa da sogra e eu fiquei arrasada com a situação. Meia-noite era pouco pra eu conseguir chegar em casa. Aí comecei a conversar com um casal muito simpático que estava do meu lado. Eram engraçados e isso ajudou o tempo passar. Eles estavam tendo um briga divertida porque ela não queria ter saído de casa aquele dia e ele perturbou tanto as idéias dela, que ela acabou indo. Depois de muito tempo sentados contando causos, eu lembrei de perguntar os nomes deles. Não acreditei quando ouvi a resposta dele à minha pergunta. Só podia ser um aviso. Na mesma hora eu falei:
- Gente, vamos tentar voltar e pegar a Av. Leitão da Silva? Eu acho que a água daquele cruzamento já baixou.
- Será? Tava meio feio.
- Mas se tiver baixado mais, a gente atravessa e pega a Beira Mar. É só um pedacinho!
Depois de muita ponderação, resolvemos ir. Realmente não era mais um Oceano Atlântico. Já tava mais pro Amazonas, e sem a pororoca. Eles pararam o carro do meu lado e achamos melhor esperar alguma cobaia atravessar primeiro. E não é que um Voyage conseguiu chegar ao semáforo? Passamos também e paramos do outro lado. Chamei um guardinha que apitava histericamente.
- Ei! Ei! Depois desse pedaço tem mais alagamentos?
- Não. SE a moça (adorei o moça) conseguir passar, vai ser fácil chegar à 3ª Ponte. Mas SE conseguir. A moça é que decide.
Fiquei insegura. A tal parte alagada me pareceu muito mais ameaçadora depois de tantos SÉS que o tarado do apito falou. Pensei que SE o carro parasse, ia morrer numa grana na oficina, que nem acabei de pagar o último serviço. Eu ainda estava com cara de interrogação quando ouvi a buzina do carro do casal.
Ele: E aí, vão?
Eu: ...
Ele: Vamos. A gente vai conseguir.
Eu: Vamos...
Ele: Quem vai na frente?
Eu: Vocês, claro!
Graça riu.
Ele (rindo): E por que?
Eu: 1º que eu tô num Corsinha 1.0 e vocês estão num Corolla. 2º que com esse nome, você tem que ir é na frente mesmo!
Eles gargalharam e foram. Quando mergulharam no alagado eu vi no que ia me meter. O Corolla tinha água pelo pára-choque. Engatei a 1ª, acreditando que o nome do cara era um sinal de que tudo ia dar certo e fui, acelerando. Quase imediatamente a água fez a luz do farol ficar mais fraca. No meio do caminho o carro engasgou 1 vez, 2 vezes; eu acelerei mais, rezando alto, agarrada ao volante:
- Me ajuda, Senhor! Me ajuda, Senhor! Me ajuda, Senhor! – até conseguir sair, graças a Deus.
Foram os 4 ou 5 metros mais longos de toda a minha existência. Mais à frente, vi o Corolla parado e o casal sorridente que torceu para o meu carro não morrer afogado, literalmente. Me despedi agradecendo a consideração e desejando uma boa volta para casa.
- Tchau, Anna. Vai com Deus.
- Tchau, vocês também!!!
E tenho muito o que agradecer a Ele por ter colocado aqueles 2 no meu caminho. Graça e Moisés. Moisés. Como não ia conseguir atravessar aquele mar com um sujeito chamado Moisés indo na frente? E tem gente que não acredita em sinal.

Psicologia infantil


Criança é uma delícia. Não sou de ficar apertando bochechas por aí, mas curto uma pessoinha esperta e bem educada. As pestinhas eu passo. E com um bom passa-fora.

Copa do Mundo de 94. Asfaltos pintados, pessoas alegres e eu tendo que estacionar meu carro a quilômetros da casa de uma amiga para não atrapalhar os desenhos que os nativos estavam fazendo nas ruas. Ao abrir a porta, me deparei com uma gangue mirim de 6 pestinhas. Deviam ter idades entre 7 e 9 anos. A menorzinha logo tomou a dianteira:
- Você não vai passar! Você não vai passar! – com as mãozinhas na cintura e a cabeça de lado.
Eu parei, surpresa com a singela abordagem.
- Éééé, a rua tá pintada! Você não vai passar! – a gordinha acrescentou.
Eu olhei pra Gelisa, do meu lado. Ela riu, sabendo da minha enorme paciência com tipinhos malcriados.

- Se você passar, ó (fechou uma mão e bateu com a outra em cima, fazendo o delicado gesto de tá f*) – falou novamente a menorzinha.
Meu queixo caiu. Não acreditava no que estava vendo pouco acima da minha linha da cintura. Os coleguinhas rolavam de rir. Como só gosto de criança mal educada com uma maçã na boca saída do forno, resolvi acabar com a farra.
- Sua mãe sabe que você faz isso na rua? – eu falei, tranqüilamente.
Como um milagre, as risadas acabaram. Ela abaixou a cabeça. Um dos garotos saiu de fininho.
- SABE, GAROTA? – falei alto e ela teve um sobressalto. Os outros estavam com os olhos arregalados.

Ela fez não com a cabeça, sem olhar pra mim, mirando os pés.
- Eu não falei nada! – desertou a gordinha, ao sair correndo.
- Pois eu vou à casa de vocês agora e eu vou contar pra cada mãe! Seus mal-educados! – falei, enquanto batia a porta do carro e avançava pra cima deles.
Os insuportaveizinhos saíram em disparada. Acho que eles estão correndo até agora. Pestes.

Pega-pega



Para começar bem a semana, nada melhor do que ver uma brincadeira de pega-pega. Vale a pena ver.

DEPOIS DO THE END – A Fantástica Fábrica de Chocolate

- Não moça. Pela última vez, não existem chocolates Willy Wonka Zero.
- Nem com menos calorias?
- Não. São todos iguais.
- Calóricos e engordativos.
- Exatamente.
- Bem, então... nada feito – e a mocinha, espremida numa calça jeans e barriga de fora, saiu batendo a porta de vidro com sininhos.
O dono da lojinha passou a mão pela careca, tentando domar o topete que ele ainda acredita existir. Estava nervoso.
- Agora me fala, Deuclídes. Pra que essa tábua precisa de chocolate Zero? Você viu as costelas? Dá até pra fazer um reco-reco.
- A moda agora é Zero, seu Agenor. As pessoas comem, comem, comem e, pra aliviar a consciência, pedem um refri Zero, um doce Zero, uma palhaçada Zero.
- Eu já falei isso pro Wonka e sabe o que ele me respondeu?
Deuclídes sacudiu a cabeça.
- Que prefere ter um Rei Momo como garoto propaganda do que fazer doces Zero.
- Que isso, seu Agenor!
- Pois é. Disse que altera o sabor, mas me pareceu outra coisa. E sabe do que mais? Isso não pode continuar. Eu vou ligar pra reclamar.
Deuclídes arregalou os olhos enquanto seu Agenor sacudia o telefone como se o coitado fosse a goela do Wonka.
- Ele já tem dinheiro o suficiente para as três próximas encarnações. E o meu mal dá pra esta.
No segundo toque, para a surpresa de seu Agenor, uma mocinha atendeu.
- Boa tarde... – disse seu Agenor, inseguro, imaginando onde estaria o Ompa Loompa telefonista – é da Fantástica Fábrica de Chocolate?
- Sim, quem está falando?
- Aqui é Senhor Agenor.
- Em que posso estar ajudando, Sr. Agenor?
- Eu quero falar com o Wonka. Pode passar o ramal?
- Ah, mas isso eu não posso estar fazendo.
- Por quê?
- Porque o Sr. Wonka não está querendo atender qualquer um.
- Quem é você? – disse intrigado.
- Eu sou a esposa dos Ompa Loompa. Estou querendo dizer, de um deles.
O queixo de seu Agenor caiu.
- Os Ompa Loompa têm esposas? Têm irmãs, tias, mães? – disse embasbacado.
- Claro que têm mães. Está achando que eles brotam da terra? Ou melhor, do chocolate? – a moça começou a ficar irritada – Eu sempre estive sabendo que a gente nunca representou nada pra eles. Mas isso já está sendo demais.
- Não, Dona Ompa... – e parou, sem saber do que chamar a mulher.
- Está querendo saber saber? – perguntou aos berros. – Vou estar te passando pro todo poderoso. Tomara que você seja um desses repórteres fofoqueiros.
Seu Agenor tomou um susto tão grande que deixou o fone cair no chão.
- O que foi seu Agenor? O Sr. está pálido – perguntou Deuclídes.
- Deuclídes! Existem mulheres Ompa Loompa. Pega a extensão – e fez sinal de silêncio porque, no mesmo instante, um homem atendeu a ligação.
- Wonka falando.
- Sr. Wonka! Os Ompa Loompa têm esposas?
- Você é jornalista? – perguntou, apreensivo.
- Não, eu sou...
- Menos mal – cortou Wonka, aliviado. – Não sei até quando vou conseguir abafar esse assunto. Como soube?
- A Ompa, quer dizer, a mocinha que atendeu a ligação deixou escapar – disse seu Agenor, meio sem graça. – Como isso aconteceu?
- Você acha que os Ompa Loompa brotam da terra? Ou melhor, do chocolate? – disse Wonka, impaciente.
- É... não... hum... – disse sem saber o que dizer, seu Agenor.
- Sempre pensei que fossem clones... – disse Deuclídes, se intrometendo na conversa. – ou, sei lá, Gremlins do chocolate...
- Antes fossem, antes fossem. Mas eles têm mães, irmãs, tias e... – Wonka baixou o tom de voz. – sogras.
- O que?! – seu Agenor não conseguia acreditar.
- Sogras. Os Ompa Loompa têm sogras. E elas sabem um monte de musiquinhas. Uma para cada situação. Todas criadas na hora.
- Pobres Ompa Loompa – disse seu Agenor, com amargura.
- E o pior você não sabe – falou Wonka, com um fio de voz.
- O que pode ser pior do que uma sogra repentista? – assustou-se Deuclídes.
- As esposas.
- São iguais às mães? – seu Agenor apertou o fone na orelha.
- Elas são iguais a eles.
- Deus é mais! – gritou de pavor, Deuclídes, ao imaginar a versão Ompa Loompa de saias.
- E agora resolveram que não querem mais ser.
- Totalmente compreensível. Totalmente compreensível – afirmou seu Agenor.
- Você não entende?! – Wonka estava realmente apavorado. – Agora elas querem ser diferentes. Ter cabelos diferentes, roupas diferentes. Fazer tatuagem, botar piercing. Algumas querem até dirigir e usar salto alto. Várias estão na enfermaria com os tornozelos torcidos.
Seu Agenor começou a sentir pena do Wonka.
- Os Ompa Loompa não conseguem mais trabalhar em paz. Elas reclamam que eles nunca conversam. Querem atenção! São carentes e barraqueiras. Minha produção nunca foi tão baixa.
- E o Charlie? – quis saber Deuclídes.
- O que tem Charlie? – perguntou na defensiva.
- Ele não é seu braço direito? – continuou.
- O problema é que sou canhoto – disse desgostoso.
- Então, ele não está ajudando? – insistiu Deuclídes.
- O Charlie está num spa – respondeu a contra-gosto.
- Mas ele sempre foi tão magricela – disse seu Agenor.
- E nem parecia ser guloso – completou Deuclides.
- Ele não era de comer muito. Até o dia em que leu uma reportagem: "Chocolate substitui o sexo". Antigamente não tinha mulher na fábrica. E o Charlie em plena adolescência – disse, pesaroso.
- Ele deve estar uma bola – falou Deuclídes, com um risinho maldoso.
- Então tá, Sr. Wonka. Mais sorte pro senhor – disse seu Agenor, querendo acabar o papo. Estava começando a ficar deprimido.
- Pera aí. Quem tá falando? – perguntou Wonka.
- Aqui é seu Agenor, da lojinha da esquina.
- Ah sim, seu Agenor. Mas por que o senhor ligou?
- Eu gostaria de saber, Sr. Wonka, quando vai começar a fabricar doces Zero.
O silêncio do outro lado da linha foi tão grande, que seu Agenor pensou que a ligação tivesse caído.
- Sr. Wonka?
- Nunca, Seu Agenor! Eu NUNCA vou fabricar doces Zero. Primeiro porque as Ompa Loompa estão loucas pra que isso aconteça. Muitas estão engordando e pensam que vão ficar iguais ao Charlie. Até já espalhei fotos dele pela empresa. Algumas já foram embora.
Nesse momento, o sininho da porta tilintou e outra magrela de barriga de fora entrou na lojinha. Dava pra ler "Zero" piscando na testa.
- Segundo, - Wonka continuou – vai que o próprio Charle se anima a voltar e, no desespero, se engraça com alguma delas?
Seu Agenor estava paralisado. Aquele era um caso perdido. Não sabia se odiava mais as Ompa Loompa ou aquele maldito umbigo que implorava por baixa caloria. Ficou muito irritado com o Wonka, depois que ela pediu um chocolate Zero. Nem reparou que desligou o telefone na cara dele.
- Por que você não pára de fazer doce e leva um desses, heim? – quase implorou seu Agenor, com um sorriso.
- Moço, eu não faço doce – falou com voz fina, antes de sair batendo a porta de vidro com sininhos – e, se fizesse, seria um doce Zero.



Ps. Se você gostou do estilo, tem outro aqui: http://dezdedinhos.blogspot.com/2008/07/depois-do-end-et-guerra-dos-mundos.html

Proposta para perdoar traficantes no Natal

“O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária vai submeter a Tarso Genro e ao Lula a proposta que contém mudanças nas regras o indulto natalino de 2008, inclusive uma que prevê o perdão para traficantes que não pertençam a organizações criminosas.

O indulto de Natal é o perdão definitivo de penas concedido pelo Presidente da República a condenados, sob preenchimento de determinados requisitos. A medida é diferente da saída temporária, em que alguns detentos saem das penitenciárias nos períodos de festas e precisam retornar a prisão.

Após cumprirem um período da pena, eles seriam libertados dentro de uma perspectiva de desinternação progressiva. “A idéia é soltá-los do sistema penal e alocá-los dentro do Sistema Único de Saúde”, disse Shecaica – Presidente do CNPCP. Mulheres que tenham filhos com necessidades especiais e pessoas com doenças graves, como os tetraplégicos, possuem tratamento prioritário para concessão do indulto.”
Fonte: A Tribuna, 27/10/2008

Brasileiro é um povo estranho. É difícil conseguir prender os bandidos que devem ser presos e, quando conseguem, querem soltar antes do tempo. Livrar a cara do traficante que prefere atuar como freelancer é uma vergonha. É mostrar que o crime vale a pena, porque a pena é pequena. Claro que existe uma diferença entre os que agem sozinhos dos que integram o crime organizado, mas isso deveria ser decidido na hora do julgamento e não depois. Acha que esse tratamento não é um alívio para os que estão de fora, com medo de serem pegos?

Outro ponto é a saída temporária. Essa nossa justiça dá muita folga pra esses bandidos, viu. Onde já se viu condenado sair da prisão pra comer Chester, ou ovinhos da Páscoa em casa. Quer passar Natal com a família? Pára de roubar e vai arrumar o que fazer, vagabundo.

E daí que a detenta tem filho com necessidades especiais? Que pensasse nisso antes de entrar para o mundo do crime e deixasse o coitado órfão.

A pessoa tem alguma doença grave ou mais de 60 anos? Na hora de fazer o mal feito, isso não pesou, pesou?

Se comportar de maneira correta não deveria ser um favor, já que se comportou tão mal antes de ver o sol nascer quadrado.

Claro que existem bandidos e bandidos, e que eles deveriam ser tratados de formas diferentes, sempre pensando na reabilitação. Reabilitação. O que é muito diferente de fechar os olhos para o que já aconteceu e achar que o caminho certo é dar uma colher de chá antes da pena acabar. No meu entender, a impunidade é um dos principais motivadores àqueles que pensam em passar para o lado negro da força.

Sim, eu ODEIO bandidos. Odeio muito. Eles me tiram tão do sério que há anos atrás eu dei um soco num moleque do meu tamanho quando ele tentou me assaltar na saída do banco. Ele puxava minha bolsa de lá, eu puxava de cá. Ele puxava pra cá, eu puxava pra lá. E as pessoas passavam, olhando, acovardadas. Fui me emputecendo, emputecendo até que explodi e acertei ele do lado da orelha. Do jeitinho que meu primo me ensinou. Ao invés de acertar em linha reta, eu bati de lado, que fica mais forte. Ele tomou um susto, cambaleou e saiu correndo. E eu xingando até a última geração dele. Foi uma maluquice, mas na hora eu nem pensei.

Eu acharia ótimo se os verdadeiros culpados por crimes bárbaros tivessem uma pedra amarrada no pescoço e fossem atirados aos tubarões, para servir de exemplo. Incluindo aí, os malditos políticos corruptos que estão acabando com o nosso país e cooperando para aumento do número de meliantes. E nem adianda me olhar torto. Cadeia é para homens, e não para animais.

Macaquices


Estas fotos tem 1 mês. Mas estes vizinhos da agência continuam aparecendo até hoje. Agora, além dos tradicionais biscoitos, passei a trazer também bananas. A turma deve ter mais de 30 saguis. Na 2ª foto, repare nos que estão nas árvores. São lindos, mansos e muito educadinhos na hora de pegar a comida.