Faço tudo pelo meu gato






O nome dele é Kiko, tem quase 10 anos e é um siamês lindo de viver. Apesar de ser meio arisco, é conhecido e adorado por toda a vizinhança. E foi esse carinho todo que salvou a vida dele.

Um belo sábado à noite, a vizinha telefonou falando que achava que o Kiko estava preso num bequinho em cima do telhado dela. Eu agradeci, mas não dei muita atenção. Afinal, ele é um gato. Todo gato que se preze sobe em telhados. Se subiu, ia descer. No domingo, quando eu acordei perto da hora do almoço, não tinha nem sinal do bicho. Comecei a ficar preocupada e liguei pra vizinha. Ela disse que estava me telefonando há um tempão e ninguém atendia. Explicou que ele tinha ficado calado durante a noite, mas que estava miando horrores naquele momento. Eu e mamãe saímos correndo e quando ele reconheceu as vozes fez um escândalo ainda maior. Ela explicou que um de seus filhos chegou a subir para ajudar, o que foi pior porque Kiko se assustou e acabou entrando ainda mais no tal bequinho. E agora? O que eu ia fazer? No desespero liguei para os bombeiros. Ridículo, mas liguei. A previsão era de 5 horas. 5 horas!? Com o calor que fazia, ele ia virar churrasquinho de gato.

O miado era uma súplica, de tão desesperado que ele estava. Meu coração apertou. Decidi subir. Mamãe ficou apavorada com a idéia porque meu medo de altura nunca me deixou subir nem em árvores, quanto mais num telhado. Graças a Deus era o telhado (colonial) da garagem, não era tão alto. Em compensação, ao invés do carro, tinha renca de espetos e apetrechos usados para fazer churrasco. Tudo muito pontiagudo. Animador. Se despencar, morrerei empalada, pensei. Imaginei o que um ator de filme de ação faria ali. Louca, né, mas imaginei exatamente isso. Fui para baixo dele e me toquei que as telhas se apoiavam na madeira e eu ia ter que me apoiar entre o começo de uma e o final da outra. Botei uma escada e demorei um século para passar para o telhado. Tremia mais do que vara verde. Quando finalmente consegui, resolvi que seria mais prudente ir engatinhando. Imagine a cena: eu, de 4, na porcaria do telhado pré-histórico carregando um pouco de água e ração para atiçar a força de vontade do gato desentalar. Com muito sacrifício e ralada, cheguei ao tal bequinho. E era inho mesmo. Não sei o que deu na cabeça do imbecil se espremer ali. A vontade era de largar ele lá e ir pra casa. Pelo jeito eu não tinha um gato, eu tinha um burro. Para conseguir sair, ele ia precisar voltar de ré, e não retorcer o corpo, como estava fazendo. Quando ele me viu, só faltou gritar “help help”. A raiva passou e eu voltei a ficar angustiada. Eu chamava, pedia para ele voltar, jogava um pouco da ração e nada. Depois de uns 15 minutos, ele finalmente entendeu o que tinha que fazer, o problema é que tinha um pedaço com muito cimento grosso na parede e ele não conseguia mais passar depois daquele ponto. Aí ficou paradinho, cansado, nem miava mais. E eu aos prantos, chamando sem parar, me perguntando como aquela criatura conseguiu passar ali antes? Foi quando avisei um pedação de cano velho. Cheguei a ver uma lâmpada acendendo em cima da minha cabeça. Engatinhei até o canão, peguei e consegui quebrar um pouco do chapiscado. Kiko ficou todo assustado, mas não tinha forças para fazer mais nada. Uma eternidade se passou quando consegui alargar um pouco do beco. E não é que deu certo? Nem Lara Croft teria feito melhor. Mas foi difícil ele se animar a fazer outra tentativa. Acho que estava tomando fôlego porque abaixou as patinhas da frente, botou o rabo pro alto, deu impulso enorme e voltou de uma vez só. Eu agarrei tão forte que ele deve ter me achado parecida com a Felícia. Quando ele saiu, o povo gritou comemorando. Que povo? Obviamente juntou uma galera para ver a cena constrangedora. Mas o que me deixou danada da vida foi perceber uma máquina digital na mão de uma moça desconhecida. A vaca deve ter registrado tudo. Se você abrir o youtube, ou um site com o título resgate no telhado, algo parecido, tem uma grande chance de ver minha cara apavorada e chorosa. Se essa lástima acontecer, por favor, não me conte. A ignorância é uma benção.


Filme sobre a Bruna Surfistinha? Por quê?

Bruna Surfistinha ajuda em alguma grande causa social? Virou médica, ou uma bem-sucedida profissional que não tenha ligação com sexo? Escreveu roteiros interessantes como a Brooke Busey (Diablo Cody,de Juno)? Não. Se tivesse seriam 2 extremos e poderia ser uma trajetória de vida interessante. Mas ela nem passa perto disso. Então por que alguém faria um filme sobre a vida dela? A tal Surfistinha só é a ex-prostitura que mantinha um diário virtual, muito do mal escrito, sobre os programas que fazia. Só. Ponto. Ah, não, esqueci. A Surfistinha também é a pessoa que teve a sorte de ganhar pais de coração quando não teve a mãe de sangue. Ela foi adotada, uma das maiores demonstrações de amor pelo próximo, por uma família que também oferecia do bom e do melhor, como ótimos colégios. Mas ainda assim, ficou revoltadinha, abusou das drogas, roubou quem a acolheu, caiu na vida e virou puta. Afinal de contas, os pais eram rígidos e botavam limites e regras, o que falta às crianças e adolescentes de hoje. Essa é Raquel Pacheco, a tal Bruna. E ela não faz mais nada do que continuar ganhando dinheiro as custas dos programas que fazia. A diferença é que os novos financiadores da boa vida dessa mulher agora são os leitores dos livros que ela lançou. Sei que a maioria comprou (e compra) para pegar dicas sobre sexo, mas francamente, dicas sobre sexo você encontra na internet, revistas e conversando com amigas. Agora, para completar, tem um filme sobre a vida dela estrelado pela Débora Secco, que falou de boca cheia no Fantástico do último domingo que é um pouco da Raquel Pacheco também. Ou seja, é um pouco da garota de programa que só fez lambança nos últimos anos. Isso é bonito? Eu não li nenhum dos livros, só entrei no blog UMA vez há séculos para saber quem era a fulana, mas são os atos que definem as pessoas. Entendo o drama de mulheres que passam fome e acabam se prostituindo para sustentar os filhos, por exemplo. Mas uma garota que teve uma vida regada a oportunidades, roubar os pais e fazer programas para ter um bom padrão de vida? Nem tem a desculpa que era para pagar a faculdade. Para mim é caráter zero. Que belo exemplo para as meninas mais novas “Se deu certo com ela, por que não dará certo comigo?”. Vou reformular a pergunta que fiz logo no começo. Ao invés de “Por que alguém faria um filme sobre a vida dela?”, questiono: “Por que alguém veria um filme sobre a vida dela?”. O único filme que poderiam produzir sobre a Surfistinha seria um pornô, que ela também já fez. Moça de família, né? O problema é que família até cachorro tem. Do meu suado dinheiro ela não verá um tostão. Não vou ajudar a engordar a conta dela. Ela que arrume um emprego, ou volte a fazer programas.

Final de semana de 3 dias

Este post está atrasado 1 semana porque ainda dependo da caridade alheia para escrever fora da agência. Meu PC continua quebrado e meus amigos (Rafa e Tony) do trabalho se compadecem da minha pessoa e me emprestam os notes. Hoje estou com um fofo, tão pequeno que poderia ter sido usado pelo Frodo.

Queria ter postado logo na 3ª feira, pós-feriado para falar exatamente sobre feriados. Toda vez que tenho uma folga na 6ª ou 2ª feira, ou seja, toda vez que tenho um final de semana de 3 dias, eu fico ainda mais convicta de que nosso calendário deveria ser mudado. Bem que poderíamos ter uma semana de 8 dias, com 5 dias levando chibatadas e 3 lindos, deliciosos e perfeitos dias de pernas para o ar. Já pensou? Mais dias para acordar tardão, para sair de um cinema e entrar em outro, mais tempo para ler um livro esparramada no sofá comendo brigadeiro de colher. Com 72 horas livres, daria para viajar mais, escrever mais, namorar mais, encontrar mais amigos, pegar mais frelas. Os pais poderiam ficar mais com os filhos e os cursos de final de semana seriam mais proveitosos.

Se por acaso precisar trabalhar no sábado, tudo bem, ainda restariam 2 dias coçando. Os feriados poderiam até ser abolidos, com exceção do carnaval, Natal e reveillòn, claro. E o melhor, com os meses regulando em 35, 36 dias, o ano passaria a ter uns 413 dias (é isso mesmo?) e demoraríamos mais a fazer aniversário novamente. Seria o paraíso.