Malvino Salvador: o que fazer?

Esta foi a foto que mais bombou no meu Facebook. Eu tirei na semana passada, quando o gato marcou presença no coquetel de inauguração da Lessô, um cliente da agência onde eu trabalho.

Bem, mas o causo é outro. Um colega de trabalho que viu a foto contou uma história: há uns anos, uma conhecida dele encontrou o Malvino num bar aqui em Vila Velha e pediu um autógrafo, ou para tirar uma foto, algo inocente que a gente pede pra acabar não pedindo outra coisa, né? Abafa.


Aí ele, sutilmente, passou uma cantada nela. E o que ela fez? Dispensou o cara! Por quê? Porque ela é moça direita e tem namorado*. É muita provação, meu Deus.


Ps. Tudo bem que ela estava cercada de amigos do casal. Isso reduz um pouco a credibilidade.


Ps2. Momento lerdeza: o que meu braço fazia segurando a bolsa quando deveria estar enlaçando o Gato?

Dia dos Namorados, sem namorado.



Sem namorado e sem drama também. O coração está vazio, mas não quer ser ocupado por qualquer um. Eu procuro cuidar muito bem dele. Abro as janelas para que entre a brisa suave, troco as lâmpadas queimadas e os azulejos trincados, espalho flores pela sala e coloco óleo nas dobradiças. Tento não deixar o serviço nas mãos de outras pessoas. Ás vezes, ele é albergue. Rápido, festeiro, intenso e divertido. Música alta, luzes hipnóticas coloridas, taças fora do lugar. Dura o tempo exato para só haver boas lembranças. É melhor do que alugar a torto e a direito. Inquilino descuidado só dá prejuízo. Não liga se há vazamentos, canos entupidos, pinturas descascadas. Arrasta móveis, arranha o chão, faz gambiarras, não gosta de porta-retratos, nem de pinturas na parede. Não tem os mesmos cuidados de quem pensa em morar, mesmo que a transação seja cancelada depois. Esse cuida de onde vive. Limpa os pés antes de entrar, coloca o quadrinho “Mi Casa, Su Casa”, passa mais uma mão de tinta na porta, molha as plantas, liga o som e prefere fazer reparos, ao invés de esperar pifar de vez. Arisca que sou, confesso que ando desacreditada. O tapetinho de boas-vindas está enrolado lá no canto. Mas... apesar de guardado, ele está sempre brilhando de limpo.

Dia dos Namorados


Quero me roçar no teu corpo
Sentir teu desejo
Deslizar pelo teu suor
Sugar teus lábios
Provar tua saliva
Arfar obscenidades
Me achar em ti
E deixar-te perder em mim

Ps. Uma homenagem aos apaixonados, e não só namorados. (Reeditação de um post antigo)


Inocência infantil

Anos atrás, eu estava na casa de uma prima, quando chegou um casal que mora há um tempão nos EUA. Ele é brasileiro, ela é americana. O filhinho deles, lindo, parecia uma matraca. Falava como se todo mundo entendesse tudo. O outro garotinho da sala era o Augusto, que ficou olhando para o pequeno gringo de canto de olho. Até que, procurando uma cúmplice, me puxou num canto.


- Tia Kishina – falou balançando a cabeça, como que reprovando – você viu? Ele fala tudo errado!

Eduardo e Mônica, o filme!


Eduardo e Mônica! O casal famoso ganhou uma linda homenagem! Lindos!!!! Obrigada, Vivo. Obrigada, África. E obrigada Legião, por ter existido!

Cumuruxatiba - como não viajar de carro

Planejei a viagem pra essa cidadezinha do sul da Bahia com todo o carinho e nos mínimos detalhes (pra variar). Mas, decididamente, a ida passou longe dos meus planos. Pudera, fiz tudo errado desde o começo. Primeira besteira: saí de casa na 4ª feira, ressaca de carnaval, às 9:30. Além do trânsito, peguei toda a chuva que o Tempo Agora previa. Segunda besteira: parei antes da “fronteira” para almoçar na casa dos meus primos, em Guriri. Não lembrava que andaria mais uns 30Km só pela boquinha livre e meses de fofocas atrasadas. Foi ali que o mundo desabou. Como Noé não apareceu, esperei São Pedro dar uma trégua e parti com o som alto ligado. Cantei feliz da vida meu set list que ia do rock do Linkin Park à Bossa Nova do João Gilberto.


Como alegria de pobre dura pouco, percebi que o céu resmungava. Em minutos, a tempestade chegou. Ou melhor, eu cheguei até a tempestade porque tive a impressão de ter passado por uma cortina de água. E sozinha, pra piorar tudo. Baixei o som e aí começou o inferno. Dirigi um bom trecho quase às cegas, sem enxergar as pálidas faixas amarelas pintadas naquele queijo que alguém tem o desplante de chamar de asfalto.


Com medo de virar estatística de final de feriadão, resolvi seguir um ônibus numa distância bem segura. E assim fui guiada por quilômetros, um pouco menos apreensiva, até que o cata-corno entrou numa cidadezinha. Pronto. Estava por minha conta e risco. Uma vida depois, quando finalmente cheguei a Teixeiras de Freitas, me atrapalhei e entrei no lugar errado. O relógio marcava umas 16:30h. Eu já era para estar na Pousada, descansando numa caminha macia e quente! Mas me vi pedindo informação num boteco copo sujo. Quase parei pra tomar uma breja e relaxar um pouco.


- Como faço pra chegar em Cumuruxatiba?


- Olhe, mê dê uma carona até pertu di Prado qui eu lhi dígu aôndi é. Eu moro pros ladu di lá – pediu uma senhora que disse trabalhar de diarista.


- Então, venha! – respondi.


Assim que ela entrou, perguntou com os olhos esbugalhados se eu ia MESMO pegar SOZINHA aquela estrada PERIGOSA pra Cumuru à noite. Fiquei ainda mais apreensiva. Antes de sair, apontou a casa onde morava e convidou simpática:


- Na volta, parem pa tomá um cafezinhu!


Confesso que pensei em levar a senhorinha à força comigo só pra ter companhia até a Pousada. A chuva havia diminuído. Já em Prado, muitos quilômetros depois, parei num posto pra perguntar ao frentista onde raios ficava a entrada pra Cumuru.


- Cê vai sozinha pra lá? – perguntou preocupado.


- Vou...


Momento de apreensão. Minha e dele.


- Bem, continui nesta pista e siga a plaquinha pra Cumuruxatiba. Depois, andi divagar purque a entrada fica no meiu du matu.


- Brigada...


- E moça... fechi os vidrus.


Não agradeci o moça porque não estava mais apreensiva. Estava apavorada.


O mais impressionante é que o relógio faltava pouco para às 18h e já parecia noite alta! Eu demorei incríveis 8 horas e meia para chegar ali. P-u-t-a-q-u-e-p-a-r-i-u!


Após rodar mais um pouco, passei direto pela placa. Retornei. Claro que eu tirei uma foto do lugar quando vim embora. Agora, imagine a minha cara quando vi este lugar emataiado. Parecia uma clareira de desenho animado, que abre quando alguém passa, e fecha sozinha depois.


Assim que entrei, um caminhão gigantesco ia saindo. Não tive dúvidas, abri rápido o vidro e gritei “moçooo, mooooçoooo” e meti a mão na buzina. Ele parou.


- Moço! Esta é MESMO a estrada pra Cumuru?


- É sim... tá mei rúim... mais escurregadia. Tem um monti de entradas prus caminhão di eucaliptu, mas cê podi sigui retu. Daí uns 16km, tem um barzinhu. Passa por eli, à direita, e andi mais uns 16km. Aí, prontu. Chegô em Cumuru.


- Isso tudo???


- E féchi o vidru. Você tá sozinha???


- Não! Tô com Deus! – respondi, partindo com o carro.


Àquela altura, conseguia até imaginar o frentista, ou o caminhoneiro passando um rádio, avisando a bandidos que uma trouxa num corsinha prata estava indo naquela direção.


Marquei na quilometragem. A estrada era muito pior do que eu esperava. Além de deslizar e sair de muitos buracos, eu me sentia dirigindo num reco-reco, com os dentes batendo uns nos outros. 32 quilômetros naquele inferno. A viagem tinha, REALMENTE, que valer MUITO a pena!


Foi aí que bateu a paranóia. Mato de um lado, mato de outro, mato na frente, mato atrás. Só mato! Só mato! E nada de chegar! Comecei a ficar paranóica. Parecia que ia ver uma assombração, tipo as que pedem carona, mas que, na verdade, estão mortas e não sabem, saca? Ah, vai dizer que nunca ouviu falar disso? Depois pensei em lobisomens. Em ETs. Na Samara. No garotinho de O Grito. Na mocinha do O Exorcista. Na Bruxa de Blair. No Pedro de Lara. A galeria era enorme e sinistra. Virei o retrovisor pra cima, com medo de ver algo no banco de trás. Ridícula, sei disso. A compilação dos filmes de terror só parou quando olhei pro relógio: quase 19h.


- Calma, ainda tá cedo. Não é de madrugada. Calma! – falei sozinha e comecei a rezar. Só aí a piração acabou.


Séculos depois, cheguei ao tal boteco. Apontei para a estrada e perguntei:


- Cumuru?


- Sim! Haja costela, heim!


- Obrigada – agradeci rindo.


Quando já estava acostumada com o caminho, a chuva aumentou e vieram as pontes capengas de madeira. Só pra quebrar a monotonia. Tentei ser racional. Se por ali passavam caminhões, não seria meu carro que ia cair, né? E, se caísse, ninguém ia me achar tão cedo! Ahhhhh!!! Com dificuldade, afastei o pensamento negativo e pensei nos incríveis olhos azuis que me esperavam.


Quilômetros depois, quicando na direção, finalmente a vila apareceu na minha frente. Cinza e vazia. Quando vi a Pousada, quase chorei de emoção!


No outro dia, São Pedro não colaborou muito, mas tudo bem. Cumuru, como os nativos a chamam carinhosamente (e eu também), se revelou bucólica e charmosa. É uma Vila, no melhor sentido da palavra. Um lugar para conhecer a dois e esquecer da vida. A viagem realmente valeu mais a pena do que esperava. Adorei. Tudo.



Ps. Escrevi o "baianês" para ser divertido, porque adoro o sotaque. Assim como excrevo para falar dox cariocax.

Registros: Cumuruxatiba - como não viajar de carro










Meu próximo ofício

Tomada por uma preguiça monstro, me espichei diversas vezes na minha cadeira da agência. Por pouco não caio no chão. Numa dessas espreguiçadas, a maluca que trabalha comigo, Brícia, me pergunta no MSN:


- Como você faz pro seu “suvaco” ser tão branquinho???


- Como assim???


- É bem clarinho!


- Gente, mas eu sou mto branca, né? E eu depilo, ué – respondi sem acreditar na conversa.


- Vc pode ser modelo de suvaco!!!!


- haahahha


- Modelo do desodorante Dove!!!




Toma, Gisele!


(Só aparece gente louca na minha vida. Adoro!)