Modelitos de festa

Começou a temporada de festas no mundo publicitário capixaba. Ontem fui a mais uma. Comida da boa, muita bebida, bandinha mais ou menos e 4 tipos de convidados: os simplinhos, os bem arrumados, os mal arrumados e os completamente equivocados.

A rainha dos foras

Essa sou eu, muito prazer. É impressionante a quantidade de furos que eu já dei. Mas não se tratam de "furinhos", não. Em algumas ocasiões foram verdadeiros Grand Canyons. Por várias vezes eu desejei que o chão se abrisse e me engolisse inteira. Infelizmente isso nunca aconteceu e eu continuo por aí, uma Serial Mancada.

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Reunião de família na casa de um tio. Conversa vai, conversa vem, começa a sessão de piadas. Claro que eu desfiei as minhas, todas de humor negro. O povo rindo muito, se divertindo com as mazelas alheias. Aí resolvi contar uma do aleijadinho: o aleijadinho que não tinha nem os braços, nem as pernas; resolve ir à praia com os amigos. Lá pelas tantas, depois de beberem todas, os amigos colocam ele numa poça d'água e vão jogar futebol. Só que a maré vai subindo... subindo... subindo... o aleijadinho, coitado, desesperado, começa a gritar, gritar, gritar e nada dos amigos ouvirem. Quando a água já cobria a ponta do nariz, ele avistou um homem que andava por ali. Pensou: "agora eu me salvo!" E desandou a balançar a cabeça pra lá e pra cá. O homem, muito bêbado, viu ele se sacudindo na água. Pegou ele com todo o cuidado e o jogou ainda mais para o fundo:
- Vai tartaruguinha, vai...

Quando acabei de contar, já às gargalhadas, reparei que só eu estava rindo. Na hora em que parei, ouvi até grilos, de tanto silêncio. Olhei pra vovó e ela balançou negativamente a cabeça pra mim. Logo ao seu lado estava minha tia, que perdeu a perna há um século, segurando a bengala e tentando levantar da poltrona. Foi horrível.

***

Sa, irmã de um amigo, passou num concurso federal e foi trabalhar numa cidadezinha do interior, Aracruz. Eu já conhecia o pedaço e falei super bem de lá. Tanto que ela me chamou para ficar na casa dela durante a festa da cidade. Lá fui eu, junto com outros amigos, fazer um programa rural. A noite prometia. Ia ter um "baile" dos bons e estávamos todos animadíssimos. A dona da casa dizia a todo o momento que ia se acabar de dançar, beber e beijar na boca; porque ainda não era conhecida nas redondezas. Afinal, a promotora de uma cidade tão pequena não pode se dar a esses desfrutes. E lá foi Sa, toda faceira, de salto alto, rebolativa. Dançou horrores e tomou todas. No outro dia, acordamos na maior ressaca, inclusive ela. Enquanto tomava café da manhã, às 12h, Sa passou por mim andando com dificuldade no passo: tá fundo, tá raso, tá fundo, tá raso. Eu, engraçadinha:
- É, Sa! Se acabou mesmo, heim? Nem tá andando direito! – e dei uma gargalhada.
Grilos.
- Anna, é que a Sa tem um problema sério na perna – respondeu Marcela.
- ...
Grilos.
- Gente, eu nem vou tentar consertar. Foi mal, Sa – falei num fio de voz.
Claro que vim embora logo depois do café.

***

9h. Estava indo pra agência, que ficava no 5ª andar, com o Fabiano. Na porta do elevador, tinha uma Sirigaita parada.
- Oi, geeeentem.
- Oooooooooi – falou Fabiano, que não pode ver uma mulher.
- Que bom que chegaram. É que eu tenho medo de entrar no elevador sozinha.
Ô dó. Eu medi a Zinha da cabeça aos pés. Salto alto, saia jeans – modelo abajur de piriquita – cinto e blusa de alcinha com estampa de onça (que nem estava na moda). Além de baranga, era cafonérrima.
Olhei para o Fabiano e ele só faltava pular no decote da mulher. Eu ri. Ela saiu no 3º andar e subimos gargalhando do medo da moçoila. Os colegas da agência estavam sentadinhos pelo corredor porque alguém tinha esquecido a chave. Um deles me deu o lugar no sofá e eu sentei ao lado da nova estagiária, contando da Zinha.
Eu: Gente, a essa hora da manhã! Aquilo não era uma blusa, era um sutiã disfarçado! E de onça! Quem, a essa hora da manhã, vai usar uma estampa de onça??? Onça a essa hora??? Quem??? Nem tá na moda! Tem que ser muito cafona mesmo, viu?
Fabiano: Anna, pára! – e apontou para a estagiária.
Quando eu olhei, a menina estava... com uma saia de onça! Praticamente uma Juma Marruá.
Eu: ...
Grilos.
Eu: Ahhhhhhhhhhh... tô arrasada! – e soltei uma gargalhada.
O povo riu muito, muito com a situação, inclusive eu. Ela ficou sem graça, coitada.

Madonna no Brasil em 2008. Será?

Tour Sticky & Sweet. Será que depois de 15 anos, a Madonna realmente vai voltar ao Brasil? Espero que sim. Lembro como se fosse hoje: eu e minha amiga Lucrécia, enfiadas num ônibus de excursão, loucas de expectativa para conferir ao vivo, o espetáculo que essa mulher é no palco. Eu adoro dançar ao som da Madonna. É isso que ela é: dançante e contagiante.

Confesso que já fui muito mais fã dela, mas se ela vier realmente, tenho certeza de que aquela empolgação toda do primeiro show voltará. Pena que as notícias estejam tão desencontradas, o que me deixa desconfiada de que não passa de pegadinha para nos iludir. Ainda bem que tive o prazer de conferir a primeira apresentação. E na primeira fila.

A passagem de Madonna pelo Brasil, 1993

Ela estava rodando o mundo com seu THE GIRLIE SHOW e eu não poderia perder a apresentação no Brasil. Arrumei uma excursão e viajei, escondida da minha família, para o Rio. Fui uma das primeiras a entrar no Maraca e logo ouvi a voz dela. Não acreditei no que vi: a Material Girl estava no palco ensaiando! Muito branca, de short jeans e bota preta, ela passava em cima dos bailarinos deitados a poucos metros de mim. Feliz da vida, vi o restinho do ensaio que está nesse vídeo. Nossa, foi demais ver aquelas pessoas gritando e saber que eu era uma delas. Eu tava muito perto, gente!

Logo depois um cara pulou de pára-quedas dentro do estádio. Isso mesmo. Passou um aviãozinho e só vimos um paraquedista se aproximando. Veio, veio, veio e pimba, no gramado (não lembro se o campo estava coberto). A galera aplaudiu e gritou muito. Não era ninguém fazendo propaganda e lembro que tiraram o cara rapidinho. Vai ver ele não gosta de enfrentar filas e furou em grande estilo. O mais engraçado foi um casal que estava do meu lado. Um calor do cão e os dois vestidos de freiras. O detalhe é que eles apareceram várias vezes na televisão. Ainda bem que eu não dei as caras, afinal de contas, o povo lá de casa nem imaginava que eu estava na muvuca. A Madonna tinha acabando de lançar Na Cama com Madonna e aquele livro escandaloso. O comentário geral era que teria até sexo grupal no palco (ai, ai). Então fiz isso: disse que ia ali e fui lá. Esse povo atrasado atrasa é a vida da gente.

O show foi demais. Com dezenas de bailarinos, modelitos lindos e palco gigante, o espetáculo possui ares teatral, com performances bem coreografadas e a presença marcante da Madonna em todos os momentos. Nunca tinha ido ao Maracanã e foi lindo vê-lo lotado, musical e muito lindo. Totalmente inesquecível.

Saber e não fazer, ainda não é saber.

"Diz a sabedoria indígena que quando não cumprimos o que prometemos, o fio da nossa acção que deveria estar concluído e amarrado em algum lugar fica solto ao nosso lado. Com o passar do tempo, os fios soltos enrolam-se em nossos pés e impedem que caminhemos livremente, ficamos amarrados às nossas próprias palavras. Por isso os nativos têm o costume de "pôr as palavras a andar" que significa agir de acordo com o que se fala; isso conduz à integridade entre o pensar, o sentir e o agir no mundo e nos conduz ao caminho onde há harmonia e prosperidade."

in pequenarussa.blogspot.com

E esses fios soltos também se embolam nas pernas de quem caminha por perto. Achei isso tão perfeito.

Novo visitante



Depois dos macacos, da caranguejeira, da cobra e dos milhões de calangos que circulam diariamente pelo jardim da agência, semana passada apareceu outro bicho por aqui. Batizamos ele de briefing porque vivemos perguntando pro atendimento:
- Cadê o briefing?

Atendendo a pedidos: Maria Paula ficou com Ferraço

Quem viu Duas Caras sabe do que estou falando. Quem não viu, eu explico: no começo da novela, Adalberto se fez passar por bonzinho para dar um golpe na pequena órfã. Na mesma noite em que enterrou os pais, Maria Songa Monga perdeu sua virgindade, e todo o seu bom senso, para um cara que tinha acabado de conhecer. Fugiu, casou e passou o recibo de otária quando fez dele o seu procurador. Logo depois, o espertalhão vendeu todos os bens da Maria Burra, deixando apenas um herdeiro manipulador no bucho, que ele não sabia existir, ou era capaz de esperar o moleque nascer para comercializar também.

Corta. Passagem do tempo. 10 anos depois, Maria Vingadora chega ao Brasil e encontra Adalberto, que mudou a cara e o nome para Ferraço. Ela faz um escândalo, Ferraço manda matá-la, mas os capangas não conseguem. Ao descobrir que tem um filho, resolve envolver a criança de tal modo que tornasse impossível a Maria Desorientada denunciá-lo. Passa dezenas de capítulos falando que o guri é insuportável, o que está cheio de razão. Essa foi, basicamente, a história principal.

Que desfecho esperar de uma trama assim? No mínimo que a Maria Tonta ficasse mais esperta depois de tanto perrengue. Mas não. Ela terminou o folhetim nos braços do Ferraço, numa praia paradisíaca. Porém, o mais chocante pra mim foi descobrir que a novela só teve esse final porque milhões de pessoas pediram. E olha que Aguinaldo Silva não deixou dúvidas quanto ao caráter do personagem. Nem precisava abrir sindicância, CPI, contratar detetives, recorrer a testemunhas, ou a mães de santo. Tava tudo preto no branco. Ele era o vilão da vez. E mesmo assim, depois de tudo isso, as pessoas torciam pelo casal! Alguém, por favor, pode me explicar esse fenômeno? Melhor: desenhar? Porque palavra alguma vai me convencer de que isso faz sentido. Por que ele é bonitinho? Por que é rico? Por que é carismático? Por que ele colocou o nome dela na boca do sapo?

Sei que estou sendo repetitiva, mas é para ver se consigo digerir esse absurdo pois não se trata apenas de uma novela. Trata-se da capacidade preocupante de discernimento que esses brasileiros possuem: a de uma ameba.

Para a reconciliação não ficar muito constrangedora, o autor foi obrigado a dar uma melhorada na imagem do Ferraço. Ele começou a gostar do filho, demonstrou amor pela Maria Enganada a ponto de tomar um tiro no lugar dela.

Agora ficou mais fácil de entender porque tantos políticos corruptos voltam ao poder mesmo quando são envolvidos em escândalos de impitchaman, prisões, falcatruas, desvios, superfaturamentos, envolvimentos com tráfico e por aí vai. Em sua grande maioria, os brasileiros assistem a tudo de camarote, batem palmas e torcem para que esses vilões da vida real transformem-se em mocinhos. Acham que vale a pena reeleger aqueles que roubam, mas fazem; como se fosse um ato de boa vontade. Ou nos políticos bonitões, com caras de bons moços. Existem também os que vivem fazendo churrascos para a classe trabalhadora, da qual, evidentemente, ele nunca vai fazer parte. Outros confessam suas safadezas, se dizem arrependidos e se lançam com ícones da verdade. Mas não adianta. Brasileiro não se emenda. Basta o sujeito ter carisma e uma boa conversa, que vai haver sempre mais uma chance, mais uma esperança.

Voltando à novela, sabe o final que eu gostaria de ter visto? O Ferraço ferrando de novo a Maria Esperançosa. Queria que ele fizesse o pentelhinho do Renato detestar a mãe, que por sua vez ficaria gorda, varizenta, com o cabelo pichaim e casada com o chato do deputado paquito. Só para o povo largar de ser besta e aprender a nunca mais torcer para uma criatura comprovadamente mal caráter. Pelo menos na ficção.

5 anos em 5 horas

Uma mulher de 34 anos gasta um rim no salão para ter os cabelos parecidos com uma modelo que viu na revista. Depois de quase 5 horas parecendo um fio desencapado com tanto papel alumínio na cabeça, existe coisa pior do que se achar mais feia com o resultado? Existe. Se achar mais velha. Voltei correndo 4 dias depois e desfiz tudo, ou melhor, quase tudo. Ufa.