Daft Punk - Technologic



A música do dia na agência. As perninhas sacudindo por baixo da mesa e os ombros muito acima da cadeira, atraindo bons fluidos para o final de semana.

Convento da Penha

Sou católica, daquela que reza todas as noites antes de dormir, agradece as bênçãos quando acorda, acende velas e, quando o negócio tá feio, apela para uma boa novena. Tá rindo? As 4 que fiz deram certo. Quem quiser, é só mandar o e-mail que eu repasso com o maior prazer. E essa não precisa distribuir para ninguém, nem imprimir santinhos, como a maioria. Mas não vá desperdiçar o tempo da Santa com bobagens, heim!



Também me interesso por outras doutrinas, como o espiritismo e, quando sinto necessidade, vou num Centro de linha branca para tirar algumas dúvidas que pairam sobre a minha cabeça. Lá só tem entidades do bem. Isso é importante: averiguar se não tem nenhum espírito de porco antes de ir num lugar assim.

Apesar desse catolicismo todo e morar perto da Igreja do meu bairro, não sou muito chegada a missas. Raramente elas me arrebatam. A última que eu fui, o padre recomendou que não víssemos Anjos e Demônios, pode? Uma outra, ele pediu que ficássemos para orar contra a aprovação do Congresso a respeito das pesquisas de células-tronco. Me faltou pouco para levantar o dedinho e perguntar se ele não tinha nenhuma causa honesta para rezar.

A parte chata é que adoro fazer orações dentro da Igreja, mas quando não tem missa, ela fecha mais cedo. Aí, viro uma sem teto. Uma órfã. Agora isso não acontece mais. Desde o começo de abril, quando subi o Convento da Penha a pé com minhas colegas de trabalho, rezando o terço, eu senti uma paz tão grande, que passei a repetir esse ato uma vez por semana. Tudo bem que agora faço o percurso de carro, mas só porque aproveito a hora do almoço das 4ªs feiras para subir. E é sempre maravilhoso.


Desde que atravesso o portão de entrada – que possui uma simplicidade desconcertante – e percorro o caminho sinuoso, estreito e coberto com sombras projetadas pela intensa vegetação da Mata Atlântica, eu me sinto mais em contato com Ele e com Nossa Senhora. Aproveito para bater um longo papo, que só termina quando chego ao altar principal do lindo Santuário. Ali eu fico sentadinha, fazendo as minhas orações, dando graças e pedindo por todas as pessoas que gosto. E como gosto de muita gente, sempre me demoro muito nessa etapa.

Na volta eu sempre confiro se a vela que eu acendi antes de subir continua queimando, firme e forte. E desço feliz, por ter estado num lugar em que me sinto mais próxima de Deus e do meu lado bom.

Tirei essas fotos ontem, o dia estava maravilhoso e fui acompanhada por 3 amigos da agência. Mais abaixo, vou contar uma história do Convento da Penha. Eu acho muito bacana. Espero que você goste.



Convento da Penha – Lenda?

No ano de 1558 chegou aqui o Missionário Espanhol Frei Pedro Palácios que trouxe na sua bagagem um belíssimo painel de Nossa Senhora da Penha, o mesmo que ainda se encontra no Convento da Penha. Procurou abrigo numa caverna ao pé da montanha para onde levou seus pertences e também o painel de Nossa Senhora. Quando acordou no outro dia, percebeu que o Painel de Nossa Senhora havia desaparecido. Só o encontraram a 154 metros, bem no cume da montanha entre duas frondosas e verdes palmeiras. Levaram-no de volta para a caverna e, no dia seguinte, segundo a lenda, lá estava Ela outra vez de volta ao cume da montanha, entre as mesmas duas verdes e frondosas palmeiras. Este fato aconteceu por 3 vezes, até que Frei Pedro Palácios percebeu que Nossa Senhora gostaria que o Santuário fosse erguido no lugar mais alto da montanha.


Tim-Tim


Apesar de ter lembrado que 2ª feira estaria fazendo 4 meses de namorico, passei o dia saltitante. Bom sinal. E o ânimo melhorou ainda mais à noite, quando fui com a G. para a casa da S. Era a comemoração do apartamento novo e o reencontro para colocar as fofocas em dia. E tinha mais fofoca do que poderíamos imaginar.

As duas garrafas de pró-seco estalavam na geladeira quando S. botou o filhote no berço e começamos o tour pela casa. O apê está uma graça e quando ficar tudo pronto, será um belo lugar para viver feliz com a família.

Neném dormindo e marido dando aula, nos jogamos na poltronona com 3 lindas taças com Kir Royal na mão, belisquetes na bandeja e assuntos proibidos para menores e homens na ponta da língua. É sempre uma delícia jogar conversa fora com amigas queridas, falar o que der na telha sem a preocupação de medir palavras. A semana começou perfeita para mim. Está se refletindo até agora, graças a Deus.

Mas a parte engraçada aconteceu quando eu e a G. já tínhamos partido, meio altinhas, para casa. S., que tinha preparado a mamadeira enquanto ainda tomávamos sorvete, resolveu não acordar o moleque do sono profundo para a alimentação noturna. Na verdade, ela estava desesperada para se jogar na própria cama. Claro que isso não poderia dar certo. Às 2:55 da madrugada, ela acordou sobressaltada com o choro da criança. Levantou rápido, pegou a mamadeira, que já estava pronta, mas quando parou ao lado do berço, as bolinhas do pró-seco subiram e tudo rodou. O pai, que dormia o sono dos sóbrios, teve que ser chamado. S., aliviada, foi fazer um xixizinho antes de se entregar novamente a Morpheu, mas a tontura não passava. Resultado, no caminho para a cama tinha algo, algo existia no caminho para a cama – mas nunca saberemos do que se tratava porque S. não lembra – ela só lembra de abrir os olhinhos e ver o apoio da TV. Sim, minha amiga estava deitada no chão, debaixo do móvel. Como ela rolou até lá, é outro mistério. Aí, o pai vem correndo com o filho num braço, a mamadeira no outro e os olhos esbugalhados. Além de cuidar do bambino, ainda teve que tomar conta dela. Mas depois que o neném dormiu novamente, o pai passou a cuidar só da mãe, que por abstinência alcoólica ficou chapada com 2 garrafinhas de pró-secco.

Detalhe: ela já queria deixar outro encontro marcado para a próxima 2ª feira. Achamos mais sensato prolongar o prazo, ou corremos o risco do marido achar que somos péssimas companhias.

Melhor prevenir do que torpedear


Depois de muitos dias ainda triste pelo final da relação, você passou a semana dormindo bem, acordando bem, trabalhando bem, tudo bem. A tarde está azul e você tem vontade de fazer um bom programa no final de semana. Daqueles de varar a noite, mas sem enfiar o pé na jaca. Só para sair mesmo, se arrumar, ver gente, despretensiosamente. Não tem mais aquela vontade de dormir muito para que o sábado e domingo passem mais rápido. Até que vem a infeliz idéia de apagar alguns e-mails antigos e se depara com as primeiras mensagens que ele te mandou. E aí você, que nem anda entrando no MSN para se desintoxicar, tem um momento de estupidez, abre os e-mails e lê, enfiando o dedo na ferida, que não sangra, mas ainda machuca a beça. A saudade fala alto e você morre de vontade de mandar um torpedo só pra dizer que está sentido uma puta falta. Não espera receber resposta. Só deseja que ele saiba. Mas você não tem mais o contato dele no celular. E por e-mail isso não vale. As últimas letrinhas enviadas pela net não foram nada boas. Mas os últimos torpedos... bem, esses você também apagou. É bom ser uma pessoa precavida, daquelas que se defendem delas próprias. E sente novamente a casquinha da ferida se formando.

Barraco no Morro

A agência onde eu trabalho fica num dos lugares mais lindos do ES, o Morro do Moreno, que tem vista privilegiada da baía de Vitória e casas maravilhosas. Sem meias palavras, só tem rico por aqui. Gente cheia da grana, bufunfa. Mas dinheiro nunca foi sinônimo de educação. Infelizmente não temos só os simpáticos macacos como vizinhos. Ao nosso lado mora uma cobra. E das venenosas mesmo. A mulher é insuportável e desde que viemos para cá, ela sempre tem alguma reclamação a fazer.

Já reclamou de uma vez que nosso portão abriu sozinho durante a noite. Ele estava com mau contato e, às vezes, abria e fechava por conta própria. Era todo cheio de vontades. Ao invés da infeliz nos alertar, ela veio chorar as mágoas, falando que a casa dela tinha ficado desprotegida com o NOSSO portão aberto. Já cuidamos do gatinho dela que apareceu por aqui. O coitado miava feito um condenado e era impossível que ninguém ouvisse de lá. Trouxemos comida, demos água e dengo. O bichano até dormia no sofá! Depois de umas 2 semanas, ela perguntou à Paula (esposa do Turra) se tinha aparecido um gato aqui. Paula falou que tinha um gato aqui, sim. E ela insinuou que estávamos mantendo o gato dela em cativeiro. Paula logo falou que ninguém tinha roubado o gato, não. E que não sabia como ela ainda não tinha ouvido os miados dele.

Outra vez foi quando ela berrou aqui na nossa janela que o som estava muito alto e o filho pequeno estava dormindo. O referido barulho vinha do incrível alto-falante de um minúsculo PDA. Ao invés de aprendermos a lição e só trabalharmos com a bendita janela fechada, não. A gente gosta de sofrer. Mais uma vez, a vizinha barraqueira teve a nossa atenção com seus gritos insuportáveis. Turra estava passando pelo corredor e veio saber do que se tratava.

Cobra: O “Seu” Sergio tá aí?
Turra: Não. Posso ajudar?
Cobra: É que tá vindo muito barulho daí.
Turra: Daqui? Onde?
Cobra: É a banda de vocês. Tá vindo muito barulho e aqui tem criança.
Turra: Mas a gente não ta ensaiando ainda. É a banda do vizinho da frente.
Silêncio. Grilos.
Cobra: Ah... erh...
Todo mundo rolando de rir aqui.
Cobra: Nossa... é de lá? Mas parece que vem daí...
Turra: Então, como eu estava falando, o ensaio é do vizinho. O nosso estúdio ainda nem está pronto.

A revolta foi geral. Lembramos de quando mudamos para cá. Ouvíamos Psy, Trance e vários sons que não tinham letras o dia inteirinho! O filho mais velho fazia altas festas porque os pais não estavam em casa. E com a piscina vivia cheia, não era apenas o barulho que incomodava. A inveja também. Os malditos se acabando durante os lindos dias de verão, e a gente no lerê, lerê.

Mas aí, os pais voltaram para casa e as festas acabaram. Bons tempos, aqueles. Éramos felizes e não sabíamos.

Eis que, semana passada, na hora do almoço, durante uma partida de sinuca muito bem disputada entre os meninos, a louca começou a babar verde. Infelizmente eu perdi o barraco, mas ouvi vários relatos. Segurem aí.

- Seu Sergio! Seu Paulo! Seu Sergio! Seu Paulo!

Do jeito que ela gritava, os meninos contaram que parecia que tinha ladrão em casa e ela pedia socorro. Rafael, com o taco de sinuca na mão, foi acudir. Só faltava o giz atrás da orelha.

Rafa: Pois não?
Cobra: O que é isso?! Tem muito barulho aí! É um absurdo, aqui tem criança dormindo e vocês ficam aí, gritando e xingando. Esse lugar parece um, um... um boteco!
Rafa: Minha senhora, se a senhora pedisse com educação, com certeza a gente tinha controlado mais. Até porque estamos aqui dentro de casa, não tem janela e nem dá pra saber que o som vai até aí.
Turra (chegando): O que está aconteceu?
Cobra: Vocês tão sempre fazendo barulho! Eu não agüento mais tanta confusão vinda daí! É só gritaria! Baixaria! Vocês xingam muito! Aqui Parece um, um, um boteco! Não tem educação, bla, bla, bla.
Turra: Pera lá. Aqui ninguém xinga, não. Somos todos evangélicos.

O povo ria horrores. Berger pedia para fazer um bundalelê pra ela.

Cobra: Vocês incomodam muito. É porra pra lá, é porra pra cá! Buteco, bla, bla, bla.

Turra: E a senhora é muito mal educada, porque quando fica aí, gritando que com seu marido, xingando, chamando ele de frouxo, e safado, discutindo em voz alta, eu tenho que ouvir daqui, né? Eu não tenho que ouvir a sua vida conjugal aqui! E isso me incomoda muito! Não dá, não!
Cobra (desconcertada): Mas eu não brigo todo o dia, não! A gente só discute uma vez por mês!

Berger, a esta altura, estava sendo segurado pelos outros meninos porque queria abaixar as calças para ela e fazer um giroscópio com o biláu.

Turra: E tem mais. Quando você não está em casa, seu filho faz festa aí! E bota som lá nas alturas e agora eu tenho que ouvir também Britney Spears e Kelly Key e ainda tenho que ficar vendo ele se pegando com outros homens.

1 segundo de silêncio de uma Mãe que é a última a saber da opção sexual do filho.

Cobra: Se, se, se ele tá se agarrando, incomoda vocês aí?
Turra: Incomoda, sim. E tem mais. Aqui ninguém vai diminuir o barulho, não. Chama o disque-silêncio e manda medir o barulho, que o boteco vai continuar. – e entrou.

Quando acabei de saber da história, estava com os olhos esbugalhados.

Eu: Turra!!!
Turra: Eu não falei pra ofender o cara, não. Cada um faz o que bem entender da vida. Mas eu tinha que me vingar da mulher. Eu falei pra deixar a mulher puta.
Eu: Será que ela sabia?
Turra: O que?
Eu: Sei lá, que o filho dela é gay?
Turra: Sei lá. Só sei que ela deve ter ido dar uma batida no quarto dele. E na verdade, eu nunca vi ele se pegando com ninguém, não. Mas já vi pegação de homem, sim!

Esses são os caras que eu convivo todos os dias. Politicamente incorretos. Incorretíssimos. Graças a Deus.


O Rio de Janeiro continua lindo







Esta foi uma viagem muito importante para mim. Fui uma, e voltei outra. Ela teve um efeito cicatrizante. Eu quase não conhecia o Rio e ter descoberto as maravilhas desta cidade ao lado dos meus grandes amigos foi uma delícia. Eu, Gabriela, amigo Carlos e Flávia, fomos para a casa do Fernando, que mora no Humaitá, e fizemos desde programas mais simples – como andar de pedalinho van (para caber todo mundo) na Lagoa – até ferver num inferninho em Botafogo. Passeamos no Jardim Botânico, fomos de bondinho a Santa Tereza, nos deliciamos na próspera Confeitaria Colombo e passeamos no Pão de Açúcar. A propósito, ali eu me senti assaltada: R$ 44 reais para subir! Ahhhh!!!! Mas fora esses amigos, encontramos com outros, como a Clarissa, que conheci no carnaval em Olinda, Francis – também publicitário – e amigos de amigos. E uma noite saímos todos juntos. A caravana do ES invadiu o Rio.

Meu grande arrependimento foi não ter ido ao Maracanã ver meu Flamengo ser campeão com o amigo Carlos. Ele bem que avisou, me chamou e eu fiquei lerdando. Quando resolvi que ia, não tinha mais ingresso. E foi pouco para deixar de ser sonsa. Na hora que vi os pênaltis e a emoção dos torcedores pela TV, quis cortar os pulsos. Eu tinha que estar lá!

Mas o mais interessante foi o povo em si. Os cariocas são demais. Ou melhor, são demaixxx. Eita gente despojada, simpática e cheia de atitude. E os Meninos do Rio... eles tem um calor... que provoca arrepio... sei lá, entende? Tem até carioca com cara de gringo. O passeio que fizemos depois do almoço em Ipanema, quando uma pista é fechada, me deixou vesga. É muita saúde num lugar só.

Resultado: gostei tanto que nem trouxe minha roupa de cama da casa do meu amigo e anfitrião, Fernando (que foi perfeito em todos os detalhes, obrigada!). Já está lá me esperando para uma próxima visita. Que será bem próxima mesmo, se Deus quiser. Mais, eu não conto.