Água no chuveiro

Depois de 30 horas sem banho pelo motivo descrito no post abaixo e suar muito dançando num arraiá danado di bão na agência, chegar em casa e encontrar água no chuveiro foi ainda melhor do que encontrar o Alcides me esperando. Hum... ou não. Peraí que resolvi pensar melhor e talvez reescreva o post.

Sem água na cidade. Pior. Sem água em casa.

A população da Grande Vitória está prestes a sair pelas ruas usando máscaras de oxigênio. É que estamos sem água desde 4ª feira. Ou melhor, a periferia está na seca. Os colegas de trabalho que moram na metrópolis já devem ter tomado 3 banhos hoje, além de lavar a calçada, o carro e os cachorros com mangueira. Tipo aquelas campanhas contra o desperdício, sabe? Mas pior mesmo é servir de chacota: “você tomou banho hoje, Anna?”. Não! Não tomei! Só não virei um clone do Cascão porque ontem minha amiga Gabi me cedeu o chuveiro novinho por 3 minutos. E tudo só tende a piorar. Lá em casa não tem água nem pra lavar as orelhas e a previsão é que chegue somente no domingo! Parece que aconteceu um mega vazamento inconsertável pela competente Cesan. O negócio tá tão feio, tão feio, que hoje, aqui na agência, quando eu vi a água correndo pela descarga, achei uma cena tão bonita que escorreu uma lágrima pelo canto do olho.

Pintinha

1h45 da madruga na agência. Eu, Anderson, Vogas, Márcio e Dino mortos de cansados, cheios de olheiras e aliviados por ser o último dia da semana. Ao menos, poderíamos dormir até tardão no sábado. Os meninos foram unânimes ao dizer que não passariam das 9:30, 10h na cama, pra não perder o dia. Eu falei que só levantaria depois das 11h.

Anderson: 11 horas?

Eu: Por aí. Tô cansadona. Eu vou acordar, a hora que eu acordar. E pronto.

Anderson: Você não tem um pinto pra dar água???

Eu: Anderson... o pinto sou eu.

Perdida no elevador

Eu sou meio atrapalhada pra encontrar endereços. Sempre acho que vou entrar num buraco negro e sair lá no Cazaquistão. Medo de encontrar o Borat. Só que, desta vez, eu sabia chegar ao prédio, aqui perto da agência. Só não lembrava o danado do apartamento. Mas quem se perde no elevador? Confiante, perguntei ao porteiro, que prontamente respondeu:

- Dona Gisele? Tá tendo uma reunião lá, né? Apartamento 1902. Vai pelo outro elevador que a porta fica bem em frente.

Disso eu lembrava. Confiante, apertei o 19º andar e lá fui eu. Quando o elevador abriu, a porta do apê também estava aberta. Ao invés dos meus amigos e da champa, a sala estava ocupada por dois casais e uma senhora muito simpática. Todos sentados em frente a uma mesa com sucos, biscoitos e frutas. Imagine a situação. Eles olhando pra mim. Eu olhando pra eles. Todo mundo com cara de interrogação.

Eu: Aqui não é a casa da Gisele, né?

Moça: É sim. Você veio pro curso de noivas?

Eu: Não – respondi pensando “porteiro filho da puta!”

Senhora: Qual a outra Gisele? Eu moro aqui há muito tempo, eu posso conhecer.

Eu: É uma morena, mãe do Pedro. Ela mora aqui há muito tempo também.

Senhora: É filha de fulana? Que mora em Manhumirim?

Eu: Essa mesma!

Senhora: Ahhh, sei quem é! Mas esqueci o apartamento. Espera aí que vou ligar pro porteiro. Entra minha filha, pode sentar.

Eu: Não... não... obrigada... - agradeci sem-graça, estranhando que, ao lado da porta, tinha uma mini-pia de água benta. Quem tem isso em casa?

Senhora: É no 4ª andar. Apartamento 401.

Eu: Obrigada, mais uma vez – falei antes de sair correndo para o outro elevador.

Já no quarto andar, percebi que tinha algo errado. A luz do corredor estava apagada e a porta, fechada. Só tive certeza que havia alguém em casa porque ouvi uma música. Nada de rock, ou pop, ou blues, ou A Barata Diz Que Tinha. Alguém tocava... piano! O maldito porteiro tava de sacanagem com a minha cara. Não era possível. Irritada, desci para esganá-lo.

Eu: Você me mandou duas vezes para o lugar errado!

Ele: Ahhh.. é que tem duas Giseles no prédio. E as duas tão fazendo festa.

Eu: Tá, tá. Agora, por favoooooooor: qual o apartamento?

Ele: 404.

Eu: Então liga pra ela e dá uma conferida, por favor. E peça pra ela me esperar na porta.

Ele: Dona Gisele, a Anna tá aqui e vai subir. Ela pediu pra senhora esperar ela na porta. Uhum, é no 404, né? Uhum... brigada. Boa noite pra senhora.

Juro que me falou pouco tomar o interfone da mão dele pra conferir que era a minha amiga mesmo do outro lado. Meda de ir parar em outro apê com algum evento estranho, tipo um aniversário de cachorro.

Graças a Deus, cheguei sã e salva. A parte boa do atrapalhamento foi contar o causo recente aos amigos. No final, isso rendeu tantas risadas que deveríamos ter levantado um brinde ao porteiro.