Ela não queria admitir. Depois de tanto tempo, o final de semana tinha sido meio morno sentimentalmente, apesar de quase terem colocado fogo nos lençóis. Mas ele não era só um pau para ela. Os abraços não eram longos. Não rolou conchinha. Não se davam as mãos em todos os lugares. Os banhos não eram juntos. E o primeiro deles aconteceu depois da primeira transa. Ele foi jogar fora a camisinha e logo ela ouviu o chuveiro. Foi uma ducha de água fria. Ela tentou enxergar o que estava dando errado e só descobriu quando começaram a última transa do reencontro. Ele não tinha estado todo ali, completamente entregue, como ela. Em alguns momentos parecia que a distância era proposital. Ela não queria um pedido de namoro. Só não queria ter que pedir que ele a segurasse por mais tempo e a apertasse em seus braços.No momento em que se engoliam, ela foi surpreendida por este filminho que desfocou a boca carnuda masculina e os olhinhos pequenos. Ela se lembrou da música que ele comentou que adorava e cantou no carro. Era “Boa Sorte”, a última da Vanessa da Mata. O problema é que ela preferia “Se quiser eu vou te dar um amor, desses de cinema...”. O coração dela apertou e aconteceu algo que ela nunca pensou que fosse acontecer quando estivesse enroscada nele. Ela brochou.




