Reveillon

Escrevi, reescrevi e decidi que não quero filosofar em cima dessa época. Na verdade recebi um torpedo da minha amiga Gabriela que já está em Arraial D’Ajuda e não consegui pensar em mais nada pra colocar aqui. Foi uma mensagem longa e significativa. Tô até pensando em ir antes do dia.
Se eu não voltar a escrever até domingo, já deixo aqui o meu Feliz Ano Novo a vocês. Que tudo se realize... no ano que vai nascer... muito dinheiro no bolso... saúde pra dar e vender! :o)

Festas de Fim de Ano

O Natal tem que ser perto da família. E o reveillon, o mais longe dela.

Natal

Estou atrasadíssima para falar do Natal, mas como ainda não troquei o calendário que fica aqui em cima do meu computador, ainda dá tempo de falar umas coisitas. Eu gosto muito da festa, apesar de ficar um tanto melancólica. Sempre lembro da época em que ia todo mundo lá pra casa, fazíamos o Amigo X e meu avô sempre me tirava. Minhas primas ficavam loucas quando viam o presente enorme que ele segurava. Sempre achavam que podia ser uma delas. Mas a gente fazia a maior trapaça. Sem dó, nem piedade. E eu tinha a cara de pau de fazer um ar de surpresa. Todos gritavam: “marmelada!!!”
Meu avô não gostava de sair de casa, mas amava reunir a família. Sempre pedia a vovó para comprar mimos para todos. Armávamos uma grande árvore e era uma farra procurar nossos nomes nos embrulhos. Eu acreditei em Papai Noel de verdade até os 7 anos. E por conveniência até os 10. Depois não funcionou mais. Mas o clima de fantasia era muito bom e hoje em dia acho o máximo ver o brilho nos pequeninos esperando a chegada do Bom Velhinho. Amo ver a cidade toda iluminada. Quer dizer, as cidades que vejo pela TV, porque a decoração da minha não inspira ninguém. Um dia ainda passo as festas de final de ano em NY. Tenho certeza de que aquele monte de luzes coloridas vai acender o meu lado garota e vou pendurar uma meia na lareira. Quem sabe, né?
(na verdade tinha um monte de outras coisas pra escrever, mas ando sem tempo).

Conversa no ônibus

Infelizmente tenho andando muito de ônibus de uns tempos pra cá. Mas esta semana ouvi uma conversa entre o companheiro motorista e uma senhora de uns 70 anos, que me distraiu durante todo o percurso e nem vi os pontos passarem.

Senhora: Aonde já se viu? Um apartamento de 5 milhões.
Motô: É um triplex. São 3 andares, tudo com muita segurança, mas é muito dinheiro.
Senhora: Eu nem sei quantos zeros tem isso.
Motô: Nem se eu tivesse esse dinheirão todo, eu gastava assim. É um absurdo.
Senhora: E você pensa que esse povo é feliz? Duvido.
Motô: Também acho. Aposto que vivem infelizes. Não podem andar sem segurança. É tudo fechado.
Senhora: Também acho que Silvio Santos não é feliz.
Motô: O Gugu também não deve ser feliz ganhando tanto. Nem pode sair pra rua.
Senhora: Aposto que nós somos muito mais felizes do que eles. Eles nem devem conhecer os vizinhos.
Motô: Pois é. Minha mulher vive trocando receitas com as vizinhas. Emprestam açúcar quando necessário.
Senhora: Eu também vivo pegando coisas com a Dona Fulana do andar de cima. E ela nunca me negou.
Motô: E os ricos vivem seqüestrados também.
Senhora: É mesmo, né? É um tal de seqüestrar gente rica.
Motô: Eu acho que ser rico só tem desvantagem.

Aí chegou meu ponto e eu desci. Eu gosto de gente otimista, que só vê o lado bom das coisas.

Vídeo de estudante vira comercial

Nick Haley criou um comercial caseiro para o iPod Touch, da Apple usando a música “Music is My Hot, Hot Sex, da banda brasileira Cansei de ser Sexy. Nick disse que se inspirou em um verso que diz “my musics is where i’d you to touch”. O vídeo foi colocado no youtube e teve milhares de acesso e comentários entusiasmados. Da internet para a TV foi um click e Nick foi convidado a trabalhar no projeto junto com os criativos da TBWA/Chiat/Day e o novo filminho estreou nos EUA, Europa e Japão. Nick foi pago como um profissional de publicidade, mas ninguém revelou o valor. A Apple também vai financiar seus estudos na universidade de Leeds, na Inglaterra.

Versão "profissional"

Vamos quebrar tudo!

Personagens de ficção são bem interessantes. Quando ficam nervosos, eles destroem tudo o que encontram pela frente. Derrubam luminárias, arremessam jarras, rasgam roupas, quebram copos, depenam travesseiros, é uma coisa. Eu sempre achei esses ataques engraçadíssimos. Até a ala pobre acaba com tudo na hora da raiva. E olha que eles nem têm empregados para limpar e nem grana pra repor os pertences. São pessoas desapegadas, né? Imagine se na vida real a gente pudesse pirar o cabeção? Eu já tinha mandado pro saco um monte de bugigangas que minha avó insiste em exibir pela casa. Um briga com o namorado? As 3 mesinhas de vidro da sala iam virar zilhões de caquinhos. O cliente não aprovou nenhum dos 270 textos que fiz? As vaquinhas que povoam a cozinha iam ganhar asas e voar pela janela. Perdi a promoção de passagens aéreas? Os relógios de parede não iam ter mais um minuto de vida. Meu salário não chegou ao final do mês? Nem Hulk conseguiria rasgar tantos paninhos de crochê que “enfeitam” móveis. O Lula ganhou pra presidente? Transformaria os pratinhos da parede em alvos para os bibelôs de porcelana. Mamãe saiu no carro sem avisar? Ia botar os copos de requeijão na conta do Papa. Masssssss... como não posso nem chegar perto dos pratos duralex mais velhos do que o vento sul, só me resta continuar atirando no chão minhas canetas, quando param de escrever. É só o que me resta da liberdade de expressão.

Como ficar bêbada com poucos ml de álcool

Atenção: essa história é baseada em fatos reais.

Fui visitar uma amiga na casa de praia da família e ela me contou que no dia anterior, ao dar um mergulho, tinha entrado água em seu ouvido. Como tem o tímpano perfurado, acaba tendo dores de cabeça quando isso acontece. Aí, usou uma técnica milenar da família Baiocco, que eu acho estranhíssima. Ela colocou álcool na tampa da vasilha e jogou no ouvido. A mãe diz que a água evapora mais rápido. Depois de algum tempo, ela começou a se sentir mal. Ficou tonta, lerda, falando enrolado, como se estivesse de porre. O primeiro pensamento “a pressão despencou”. Chamaram o cunhado, que é médico. Depois de saber da história, ele deu o parecer:
- Sabrina, você está bêbada!
- Heinnn?
A explicação foi a seguinte: quando a gente bebe, o álcool vai pra corrente sanguínea e só depois chega, diluído, ao labirinto, que fica no ouvido. Como ela tem o tímpano perfurado, o álcool foi direto pra lá, sem escalas. E ela ficou muitcho loca.
Eu achei uma alternativa interessante para quem tem um rombo no tímpano, vontade de ficar alegrinho, mas está sem grana no bolso.

RE.VERB – O show

Quinta-feira passada foi o 3º show da banda dos meus amigos, Reverb. Foi no Teacher's Pub e conseguiu ser ainda melhor que o primeiro. Eu fiquei muito orgulhosa pelo desempenho de cada um. Bem, eu confesso que não entendo muito das partes técnicas: se alguém desafinou nesse ou naquele instrumento ou se entrou antes ou depois, essas coisas. Pra mim, o que vale é o carisma e o que uma apresentação desperta em mim. E posso dizer que me senti orgulhosa de falar pra todo mundo que aqueles eram meus amigos. Os caras com quem eu trabalho. Que eles são talentosos, esforçados e que, acima de tudo, estão começando de maneira digna e despretensiosa, com um repertório de personalidade e empolgante. Parabéns meninos. Vocês são TUDO!!!

Vocal: Alexandre
Guitarra: Tony e Patrick
Baixo: Sergio
Bateria: Tito
Convidado (vocal): Max

Fake Plastic Trees by {re.verb}

...e a verdade vos libertará.

Às vezes, saber que ele está “preso” em um relacionamento sério pode ser libertador para você. Não é o mais agradável, mas já é um caminho.

Burning Man

Burning Man



Quem nunca ouviu falar no Burning Man tem que ler a reportagem que coloco a seguir e ver os vídeos. Fiquei fascinada com a proposta do encontro de diversidade, bizarrices, fantasias, liberdade, arte, cultura, imaginação, delírio, loucura, comunicação e tudo o que mais existe nesse planeta. Deve ser uma experiência libertadora e inesquecível. Eu só teria que arrumar um jeito de comer bem, pra não tomar o rumo de um hospital 2 dias depois.

O quê: Evento indefinível (veja box anexo). Acontece anualmente, desde 1986, e dura uma semana, culminando na queima do "homem", uma estátua de madeira de 15 metros de altura.

Onde: Deserto de Black Rock, Nevada, Estados Unidos.

Quando: Entre fins de agosto e começo de setembro.

Porquê: As histórias divergem quanto ao motivo da queima do homem. Seu idealizador e coordenador se chama Larry Harvey.

Quanto: O ingresso varia de 65 a 140 dólares, dependendo da antecedência com que é adquirido.

Como: É preciso levar todos os itens necessários para sua sobrevivência pessoal no meio do deserto. O cupom de entrada diz em letras bem grandes: "Você está assumindo voluntariamente o risco de morte ou danos graves ao comparecer a este evento." Ao partir, é preciso levar absolutamente tudo embora, deixando o local no mesmo estado em que foi encontrado.

Quem: Mais de 20 mil pessoas participaram do Burning Man este ano. http://www.burningman.com/



Nossa correspondente especial, Lenara Verle, conta como foi sua primeira e inesquecível experiência no Burning Man:

De Portland, Oregon, até Black Rock City, Nevada, são nove horas de viagem, ou doze se você estiver dirigindo uma kombi de acampar ano 69. Adicione a isso mais umas doze horas se a kombi quebrar no meio do caminho, como foi o nosso caso. Mas cada uma das horas vale totalmente a pena. Durante o passeio a paisagem vai se transformando de uma floresta de coníferas a uma savana com arbustos aqui e acolá. Passamos por cidades cada vez menores e estradas cada vez mais estreitas, culminando em estrada nenhuma. Black Rock City é na verdade um pedaço de deserto no meio do nada, sem água, eletricidade, e quase nenhuma forma de vida durante 358 dias do ano. O chão não deixa nada a dever ao triângulo das secas, e é carinhosamente chamado de "playa" pelos participantes do evento. Sobre ele é erguida a estrutura de uma verdadeira cidade, com a quinta maior população do estado de Nevada durante os 7 dias de duração do Burning Man - um gigantesco acampamento em forma de lua crescente, com ruas e praças, e a imensa estátua de madeira e neon do "homem" ocupando o espaço central. Após passar o portão de entrada e receber meu "guia de sobrevivência no deserto", segui para o endereço onde meus amigos estariam acampados – 2:15, logo depois de Júpiter. Antes de perguntar "que raio de endereço é esse?", é preciso levar em conta que um dos objetivos do Burning Man é o de quebrar convenções: assim, as ruas radiais a partir do centro são numeradas como horas em um relógio, e os círculos que se espalham levam o nome dos planetas do sistema solar. Logo após a desorientação espacial inicial pensei: como faço agora para marcar o tempo, se as horas já estão sendo usadas para fins de localização? A resposta, óbvia após o primeiro dia é: quem precisa de relógio afinal de contas? Subitamente, um mundo novo se descortina, e coisas imprescindíveis como dinheiro, carro, roupas e banho diário tornam-se totalmente supérfluas. Em compensação, damos mais valor às coisas realmente importantes como água, protetor solar, bastões fluorescentes e um bom papo com pessoas que nunca vimos antes.

O ponto central do festival é a diversidade. É praticamente impossível encontrar uma definição para o evento. Um participante orgulhoso pode chamá-lo de "comunidade experimental temporária", e um repórter deslumbrado de "campo de nudismo misturado com circo de aberrações povoado por malucos e ravers". Cada um tem uma visão diferente, e você pode inventar a sua própria, usando o box abaixo ou a imaginação.
No Burning Man encontram-se mais coisas exóticas e diferentes por centímetro quadrado do que o cérebro humano pode absorver. O resultado é uma overdose dos sentidos, agravada pelas poucas horas de sono que fatalmente se seguem. Como dormir com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo? Cada um dos milhares de acampamentos temáticos merece uma visita de pelo menos um dia. Em um lugar você pode escrever seu pedido ao deus do fogo, em outro fotografar a sua vagina para a posteridade, ou controlar luzes piscantes em um arco na areia, passear de camelo, mandar mensagens para o espaço, dançar até amanhecer, andar de avião pelado, ser psicanalisado, entrar em um concurso de fantasias, dar e/ou receber massagens, tomar sorvete, levar choques elétricos, participar das mais variadas seitas, práticas alternativas, aulas, rituais e festas. Tudo isso sem nenhum tipo de transação monetária. A doação e o escambo imperam na playa, um oásis no meio do país mais consumista do planeta.Após o deslumbramento e ansiedade, vem a vontade de ser um verdadeiro "participante" do evento, e não um mero espectador. De sair em busca de novos amigos e de um lugar aconchegante no meio do sol escaldante e das tempestades de areia ocasionais. Convenientemente, bem no finzinho do lado "quieto" da cidade (menos barulhento seria uma descrição mais apropriada) se esconde a Bianca’s Smut Shack. Uma grande tenda coberta por lençóis coloridos, com dezenas de sofás macios e almofadas, uma pista de dança com DJs se revezando durante as 24 horas do dia e garçons voluntários oferecendo sanduíches de queijo grelhado recém-feitos acompanhados da frase "Bianca te ama".Bianca’s é o que pode se chamar de "lar" no meio do deserto. Seus organizadores, auto-intitulados "trolls", levantam fundos o ano inteiro para poder doar comida, bebida, divertimento e abrigo aos participantes do Burning Man durante uma intensa semana. O clima de doação é tão contagiante que quando vi estava pilotando o fogão no turno da madrugada até o sol nascer, e servindo drinques para os freqüentadores da maneira mais original possível: esguichando suas goelas com uma imensa pistola de água. Ninguém parecia se abalar, e porquê deveriam? A maioria deles vestia máscaras esdrúxulas, ou apenas uma camada de tinta brilhante e nada mais. No Burning Man, o surreal é a norma, não a exceção. Difícil mesmo é se readaptar ao mundo "normal" depois que tudo acaba. Muitos relatam terem suas vidas mudadas por "insights" súbitos no meio da playa deserta. Outros verificam uma felicidade generalizada por meses. Quase todos voltam nos anos seguintes, com mais idéias mirabolantes para acampamentos temáticos e instalações artísticas. Para eles, o Burning Man é sempre uma experiência nova e inesquecível.

O dia-a-dia no deserto
No Burning Man tambem há espaço para aquelas coisas tão triviais do nosso cotidiano:

Para um delicioso almoço, por exemplo, basta tirar da mochila um pacote de "Tasty Bites" - porções de comida tailandesa convenientemente acondicionadas em saquinhos metalizados, que podem ser preparados apenas deixando-os cozinhar por 15 minutos no chão do deserto.

Um café expresso pode ser barganhado em troca de um strip-tease, e você pode acender o cigarro no lança-chamas portátil do vizinho.

Para ir rapidamente de um lugar a outro da cidade, dá pra escolher entre sofás motorizados, riquixás com ou sem abanador acoplado, um bar sobre rodas, ou o gorila que carrega as pessoas nas costas. Até as dez da manhã meninas de topless ganham carona de avião sem pagar nada. Andar de camelo é mais difícil - o camelo tem que ir com a sua cara, ou então nada feito.

Se você sentir falta de algum outro item indispensável do seu cotidiano e não encontrá-lo no Burnign Man, crie seu próprio acampamento temático no ano seguinte e faça felizes outras pessoas com você.


Este site também é muito legal:
http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=119

Burning Man 2007

Montagem com fotos.

Kisses from the Playa - Burning Man 2007

Burning Man 2007

Disparidades da nossa justiça – 05/12/2007


LINHARES: 35 pais são presos por não pagar pensão.
Vários pais foram presos em Linhares por não pagar a pensão alimenticia dos filhos. Os pais foram levados para a delegacia da cidade que está superlotada. A polícia está atrás de outros 28. A decisão é da justiça.

BRASÍLIA: Conselho de Ética arquiva duas denúncias contra Renan Calheiros.
O presidente do Conselho de Ética do Senado, Leomar Quintanilha, determinou hoje o arquivamento da 4ª e da 5ª representações contra o senador Renan Calheiros, que renunciou ontem à Presidência da Casa.

* Alguém poderia ensinar Braile pra justiça, pelo amor de Deus?

Idade

A gente sabe que está ficando velha quando começamos a encontrar muitos cremes indicados pra nossa faixa etária. E pior, ainda queremos usar todos, rezando para que cumpram as promessas das propagandas.

TUNAI - FRISSON (DUO)

Eu adoro essa música. Achei umas versões mais incrementadas, mas acho que em alguns casos a simplicidade tem muito mais a dizer.
Não é uma delícia estar numa fase romântica? :o)

Singing in the Rain

É um pedaço de um filme, mas poderia ser o trecho de uma poesia.

Chuva

Uma das evidências mais fortes que deixamos a infância de lado é perder o gosto de pegar, andar, dançar, cantar na chuva. Aquela chuvinha gostosa que nos acompanhava na volta do colégio, no quintal de casa ou nas brincadeiras com os colegas da rua. Eu adorava levantar bem o rosto, entreabrir os olhos e tentar distinguir as gotinhas que iam cair diretamente sobre mim. Mesmo com a duração de um milésimo de segundo, aquele momento parecia poético, como se estivesse em câmera lenta. Era uma delícia ficar ensopada e nem ligar se a roupa de baixo ia marcar porque a única preocupação era ver de qual blusa ia sair mais água, quando torcida. Estranhamente a água do mar ficava mais quente e, por causa disso, era muito legal quando estava na praia e o sol dividia o céu com uma boa chuva de verão. A gente se molhava duplamente e de uma vez só.
Até uma tempestade que deixava a rua no escuro virava uma festa, quando não ia passar um programa bacana na TV, claro. Era só começar a sucessão de raios e trovões para separar algumas velas e esperar a luz ir embora. A partir daí, entrava em cena a imaginação que transformava as mãos em pássaros, coelhinhos, aranhas, cachorros e outros seres que, graças a Deus, não existem.
A chuva só não era bem-vinda quando ameaçava estragar passeios ao Parque Moscoso ou algum piquenique. Mas isso era fácil de resolver. As crianças envolvidas tinham a missão de desenhar um sol na calçada para o astro rei mandar as nuvens pro espaço. Se o passeio fosse no final de semana e o tempo estava cinzento, a gente desenhava todos os dias, por precaução. Havia também uma coisinha que eu amava fazer na chuva, e já não era mais criança: beijar. Nossa, beijar na chuva é TUDO. Acho que a saliva misturada com a chuva torna os movimentos da boca e língua mais sensuais, sei lá. Só beijando pra sentir. Mas preste atenção: tem que ser na chuva. Água do chuveiro não vale. Acaba de me ocorrer uma idéia. Se o beijo é bom, imagino então como seria um vucu-vucu enquanto São Pedro lava a casa. Ui! Aí, a gente cresce, fica mais racional, ponderado e chato. Diz que uma chuvinha é boa pra abaixar a poeira e, ao mesmo tempo, reza pra não inundar a cidade. Compra uma sombrinha pequena pra levar sempre dentro da bolsa, mesmo com um céu azul, pra não correr o risco de estragar o cabelo ou pegar um resfriado. Pelo menos o gosto pelo beijo encharcado eu ainda não perdi.