Nossos atletas nas Olimpíadas

Eu fico para morrer com a nossa mídia cobrindo as Olimpíadas de Pequim. O Brasil até agora só ganhou 1 ouro e 5 bronzes e os repórteres parecem achar tudo lindo e maravilhoso. Claro que os atletas que conseguiram suas medalhas merecem mais do que parabéns. São os melhores e, pelas entrevistas que vi, não contaram com grandes incentivos por parte do governo. Eu acho irreal um país grande e diversificado como o nosso ter tão poucos vencedores num evento que reúne a elite do esporte mundial.

Enquanto nos EUA e na própria China, o esporte tem um lugar de destaque na educação dos seus jovens, o Brasil os larga ao Deus dará. O primeiro adversário que os atletas pobres têm que enfrentar é a falta de recursos para praticar a modalidade sonhada. Esse é o concorrente mais implacável que pode existir, principalmente no começo dos treinamentos. Quantos corredores já desabafaram que tiveram que correr descalços atrás de patrocínios para conseguir calçar um tênis descente? Quantos outros vão e voltam a pé da academia porque não têm grana da passagem? Há ainda os que saem do país porque o nosso Gigante Pela Própria Natureza não tem um berço esplendido que oferece um treinamento de campeão. Porque não basta ser bom de muque para virar um boxeador consagrado. Tem que treinar. Tem que se dedicar. Tem que ter uma dieta balanceada. Tem que ter paz para viver do esporte com dignidade.

E os atletas que foram e só conseguiram ganhar tapinhas nas costas? Alguns eu respeito e sou muito solidária aos que demonstraram toda a sua frustração por não corresponderem às expectativas da nação, e as próprias, obviamente. Eu quase caí da poltrona quando o Diego Hypólito se desequilibrou no ÚLTIMO salto. Ele, o Tiago Camilo, o João Derli e outros, que não lembro os nomes, me deixaram comovida com suas lágrimas por não conseguirem a premiação que tanto correram atrás. Confesso que chorei junto com todos eles e não acho que tenha faltado competência ou que amarelaram. São humanos e, portanto, suscetíveis a erros.

Mas e o discurso da Joana Maranhão, a nadadora que ficou numa das últimas posições e estava toda feliz e saltitante?

"Tem campeão olímpico que não está tão feliz como estou hoje. Precisava mostrar para mim mesma que era capaz de fazer novamente um tempo tão bom quanto esse", (ela conseguiu igualar um tempo anterior. O problema é que existem muitas outras com marcas superiores. E sim, eu sei dos problemas enfrentados pela Joana, mas não alivio esse comentário ridículo).

É, com certeza o Phelps não deve estar mais contente do que ela. Que absurdo esse comentário. Se a nadadora não consegue acompanhar as feras do esporte, paciência, mas dizer que está felicíssima por ter chegado até ali é ser muito medíocre. Até ali aonde? Em Pequim? Ela foi a passeio? Ahhh, pelo amor de Deus. É se contentar com nada. A Daiane dos Santos é outra que tem talento de sobra, mas sentimento de menos quando perde. “É, não deu, né? Fazer o que? O negócio é continuar treinando e blá, blá, blá”. Ou melhor: foda-se. Esse comportamento é típico de muitos brasileiros que pregam que o importante é competir. Porcaria nenhuma. Tudo bem que não quero ninguém cortando os pulsos porque fracassou, mas daí se conformar tão facilmente, não dá. O importante é entrar para ganhar com garra e alegriae, só focado nisso – e apoio técnico e psicológico – vamos formar atletas vencedores.

***

Claro que a educação vem em 1º lugar, mas eu acho que o esporte e a cultura são os meios mais eficientes para atrair e colocar nossas crianças, adolescentes e jovens no caminho certo, além de descobrir talentos. Por que o projeto em abrir as escolas todos os finais de semana para atividades envolvendo competições, teatro, intercâmbio, leitura e outros eventos que afastam os jovens da rua e da bandidagem não vira logo lei? Acho que a saída é o governo, as igrejas, as empresas privadas e as famílias juntarem forças para uma iniciativa assim sair do papel.

19 comentários:

Renatinha disse...

Olha Dedinhos,
Aqui atletas correm com o tênis emprestado. O Cielo conseguiu pois a família dele sustenta ele nos EUA treinando...
A mentalidade não vai mudar.... Esporte no Brasil é futebol e olha só o que fizeram? Perder de 3x0 para a Argentina? Sem comentários...
E vem o "criança esperança" criando mais jogadores de capoeira e tocadores de tambor. O Brasil não precisa disso, e sim de vergonha para ir até a China pagar um mico destes....
beijo
Re

Moderninho Ultrapassado disse...

Dedinhos, ao ler seu post não tive vontade de comentar. Sério. Não por não ser provocativo o suficiente mas por ser suficiente o suficiente, se é que me entendes...Lembro que quando comecei a acompanhar Olimpiadas a preocupação era superar marcas e imaginar até quando o homem irá superá-las...Hoje, não passa de uma competição para exinbir patrocínio de "outras" marcas. Não é exagero. Joana foi muito sincera porque ela é daaqui, de Pernambuco, e acompanho, ao longe, su trajetória. Mas, por incrível que pareça, mesmo achando tudo o que acho e agora exponho: não significa nada. Vou para o interior. Plantar batatas. Seres humanos: "Desisto!"

Moni disse...

to com gastura de olimpiada, só de pensar na derrota de ontem aff! tomara q pelo menos o feminino ganhe e o volei tbm.... beijos

Anônimo disse...
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Dedinhos Nervosos disse...

Oi Leo. As igrejas católicas aqui do ES fizeram o 1º torneio de vôlei e basquete (não lembro se tive mais modalidades) e reuniram jovens de todas as cidades, não importando se eram católicos ou não. Tinha gente até do candomblé.

Afinal, existe quase uma igreja em cada esquina. Se 50% delas fizer um trabalho legal, já é um começo.

Tem um projeto para incorporar quadras poliesportivas e lanchonetes para tirar a galera da rua. A Igreja perto da minha casa está construindo um galpão para oferecer cursos profissionalizantes.

Bj.

Helena Cortez disse...

Concordo 100%.
Não acrescento um a.
E estou arrasada a cada instante que um brasileiro é eliminado.
E quero matar o Galvão. Mas não vou, fique tranquila.

Beijos!

Anônimo disse...

são poucas as igrejas q fazem diferenças, e é interessante a católica querer isso. Na verdade é coisa da Paróquia local né^^

Mas é possível através de doações.
Mas pergunte se a Igreja irá tirar do próprio patrimônio para ajudar alguém. E pergunte se eles têm pouco rsrsrs
não digo da religião, falo da Instituição, que tem bens, dinheiro(muito), e riquezas que sabemos q muitos não são deles por direito...mas se eles puderem fazer algo bom para outras pessoas, não importa de onde vem, o importante é q faz diferença na vida de alguém^^
pelo menos eu penso assim.^^

tipo: ao invés da polícia apreender bens e riquezas de traficantes, seria legal todas serem usadas para caridade^^

Anônimo disse...

... E não é que escrevemos diferente sobre quase a mesma coisa mesmo?

Bom post menina. Exatamente a sensação qeu eu tive com o timeco do Brasil sil sil sil.

Bezzos,

blog disse...

Dedinhos, os discursos de muitos brasileiros que foram a Pequim e experimentaram a óbvia derrota é reflexo da mediocridade típica do esporte, no Brasil.

Nem o futebol é encarado de forma moderna. modernidade futebolítica passa pela coletividade - coisa que aquele timeco não tem desde 1982, na Copa do Mundo.

Lamento, como vc, a cobertura esportiva das tevês abertas. Na ESPN as coisas são diferentes.

Abraços e parabéns pela coragem da postagem.

Patrycia disse...

Na verdade os atletas do Brasil passam por uma doença coletiva chamada síndrome do conformismo. "Já somos vencedores em estarmos aqui!" Que é isso??

Sinceramente, não tenho paciência.

Patrycia
acendedordelampadas.blogspot.com

Pelos caminhos da vida. disse...

Primeira visita!

Eu já nem assisto mais.
Tá uma vergonha.

beijooo.

Valentina Rosseli disse...

Olá olá. Adorei e visita no Valentina. Volte sempre, o cafezinho está sempre fesquinho por lá, viu?
Bjs.

P.Winter disse...

Oi,querida

Lindo post.Simples,verdadeiro e cheio de conteúdos relevantes.
Sinceramente,eu ,quando vejo ou penso na olímpiada,tenho sentimentos controvertidos.
Como qualquer brasileiro,gostaria de ver o Brasil competindo de igual para igual com a China,com os EUA e Russia...trazendo muitas medalhas...
Mas,quando reflito sobre tudo o que vc escreveu me dá uma raiva danada e fico doido que acabe logo esta droga..
HelenaSe precisar de um ajudante....rs


beijos nos 10 dedinhos

disse...

Hum... o melhor dessas olimpiadas foi a abertura, quanto ao resto...hum... sei lá, rs!

chines é muito doido!

beijo

Anônimo disse...

sim, a mídia tinha era que falar, discutir o que o brasil poderia fazer pra melhorar, mostrar o porque, abrir os olhos... e não se vangloriar por qualquer bronze.

Anônimo disse...

Realmente a maior vitória muitas vezes é conseguir treinar... O Brasil tem potencial, mas não tem incentivos...
É realmente muito bonito de se ver 2112 vezes as mesmas imagens de conquistas de medalhas e muito comovente assistir as lágrimas dos nossos atletas, mas no fundo eu fico mesmo indignada. Raios de país do futebol! Os caras ganham uma grana para ser uma seleção apática, recebem mais uma grana para colocarem suas caras feias em comerciais enquanto nossos atletas de modalidades menos, hum, apreciadas passam "sufoco".
Enfim, momento de revolta hehe
Bjocas

Paula disse...

Acho terrível essa postura de nós, brasileiros. Entretanto, de uns tempos para cá os investimentos no esporte no país têm aumentado. Acho que o que não aumenta é a vontade de vencer, a vontade de lutar e de acreditar que são capazes!

Anônimo disse...

Oi,linda
Se vc acompanha meu Blog,sabe como penso de tudo isso,portanto "Prefiro não Comentar" ou melhor ,quero que a China se PHODA!

bjs

Anônimo disse...

Retiro meu comentário ali de cima.
A postagem não me interessou em nada! Eu só queria parecer simpático e agradável, e fazia isso pra qualquer um. Agora minha opinião é minha opinião e não vou engolir NADA que não seja do meu agrado, e isso inclui essas vergonhas que eu escrevia sobre qualquer porcaria!

Essa sim, é minha opinião!
Não gostei e nem deveria ter comentado!
chega de agradar a todos.

Leonardo Dognani