Maternidade: dá licença?

O presidente Lula aprovou a lei que prorroga a licença maternidade opcional em 2 meses. Agora, algumas mães poderão tomar conta em tempo integral de seus bebês por 6 meses, que serão muito longos para os respectivos chefes e muito curtos para se afastar de casa e deixar o filho por conta da babá ou da tia da escolinha. Mesmo não sendo mãe, eu imagino como isso deve ser delicado. E imagino mesmo porque moro em cima de uma creche e já presenciei muitas despedidas regadas a lágrimas. É de cortar o coração.

O fato é que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente, inovador e competitivo, e esse benefício do governo pode emperrar diversas portas que vêm sendo abertas por nós, mulheres, com muito esforço no decorrer das últimas décadas. Porque mesmo mostrando um nível de escolaridade e capacitação mais elevado do que os nossos colegas de cuecas, ainda ganhamos menos e somos preteridas para assumir determinados cargos em diversos setores. Imagine ficarmos afastadas durante metade do ano com o pau quebrando, reuniões sendo feitas, mudanças na economia, clientes importantes saindo e entrando, a corda passando de pescoço em pescoço e o empregador ainda ter despesas com essa ausência. Claro que isso se aplica a mulherada que precisa mostrar serviço para se manter no emprego.

Já que os médicos afirmaram que o tempo perfeito para amamentação é de 6 meses, por que não tirar as férias para passar o 5º mês em casa e combinar do pai planejar as férias para passar o 6º mês trocando as fraldas e dando o leite retirado pela mãe? Eu não sou feminista e isso não é discurso de quem gosta de queimar sutiã, mas eu fico injuriada quando só a mãe assume a responsabilidade de cuidar do filho. E se teve a criança sozinha, tenho certeza de que é, ou virou, uma mulher mais forte e sabe dar ainda mais valor ao emprego que tem. Ela vai reconhecer a importância de manter o trabalho hoje para construir o futuro da família que acabou de aumentar.

E tem um outro ponto. A Patrícia Saboya, senadora responsável pelo projeto, justificou que o impacto nos cofres públicos dessa nova medida, será recompensado pela redução de doenças na infância graças a uma melhor alimentação. Esse raciocínio só não vale para os filhos das empregadas domésticas e pelas funcionárias de empresas de micro, pequeno e médio porte, já que não serão contemplados com o benefício. Ou seja, no caso das domésticas, que ganham em média 1 salário mínimo e estão entre as que mais precisam do SUS, a criança vai continuar “gastando” os recursos do país. Essa lei não deveria ser ao contrário, então? Privilegiar a classe mais pobre, que é carente de saúde, e vive passando perrengue nos corredores dos hospitais? Para variar, outra lei que pode causar mais confusão do que solução.

18 comentários:

Vivian disse...

...êita dedinhos incitadores...rsss, estava te lendo e como acredito seu blog ser um espaço democrático, deixo então meu pensamento sobre este assunto delicado e essencial...penso que exceto as mulheres que dependem de sí mesmas para a sobrevivência dela e do filho, ou dos filhos, a estas esta lei é favorável já que não há como deixar o trabalho e ficar em casa a cuidar dos pequenos...agora...havemos de convir que existem muitas e muitas mães que trocam o trabalho fora de casa pela criança, não importando a idade que elas tem...criar filhos é uma tarefa difícil, desgastante fisicamente, mas tbm é um ato de amor sem limites...cuidar, acarinhar, estar presente a qqr momento em que a criança ainda pequenina precise de seu colo, de seu cheiro, do seu calor, da sua voz, isso não tem preço...nem o salário mais alto justifica...justifica sim a emancipação feminina que diante desta pseudo-liberdade, se esquece da natureza das coisas...vemos por aí milhares de crianças nas escolinhas, nos berçarios, nas creches, todas desde tenra idade, e toda elas serão crianças passíveis de conflitos de carência pela vida afora...não se compra criança com roupas, calçados, brinquedos de luxo, mesa farta, até em excesso...se cria uma ser humano pleno quando cumprimos a ordem natural das coisas...e colocar um filho pequeno nas mãos de terceiros, tentando esconder-se da tarefa que nos foi dada, e pagar para ver lá na frente...portanto ser mãe é uma missão e não uma consequencia ou fatalidade...se todas pensassem assim, não precisaria sancionar lei neste teor...exercitar com o coração a tarefa de ser mãe até que a criança adquira um pouco de segurança, e daí sim olhar para sí e seus desejos, é plantar uma árvore sólida que lhe dará bons frutos no futuro...é isso...desculpe os excessos desta alma aprendiz, e que já é até vovó...muahhhhhh, nestes dedinhos inteligentes...amei a foto da criança mamando, e amei seu perfil...

Paula disse...

Olha, concordo com você em várias coisas, a primeira é que trata-se de um assunto delicadíssimo. Primeiro, não sou mãe mas sou trabalhadora desse mercado que você falou: exigente, cada vez mais competitivo e em constante mudança e acho que principalmente por causa desse último item é que fica complicado visualizar qualquer profissional distante de sua arena de atuação por meio ano. No caso de nós, mulheres, ainda somam-se todas as agravantes que você já citou. Honestamente, não sei se essa lei melhora ou piora a situação da mulher que trabalha fora. Certa vez escutei uma mulher que admiro muito e criou dois filhos que hoje são profissionais muito bem sucedidos e pessoas super bacana falando para uma amiga que estava grávida e super preocupada com a licença maternidade e tudo o mais: não importa o tempo que você passa com seus filhos, mas sim a qualidade desse tempo...
beijos

Anônimo disse...

ah eu tb não sou mãe, e pode aprecer egoismo de minha parte, mas não quero ser.
Agora quanto a essa nova lei do presidente lula, creio que como tudo n vida, ela tb tem seus prós e seus contras. e sou da opinião que se é opcional, cabe a mãe pesar o que é mais importante para ela.
manter-se sólida no mercado de trabalho, ou passar boaparte do ano com seu pimpolho.

Marcos Costa Melo disse...

Nós homens, coitados, queremos dividir parte dessa responsabilidade, mas transita um projeto há séculos para nos dar UM MÍSERO MÊS de licença paternidade e nunca vai para frente.

bj

ps: te mandei email sobre o roteiro.

Aline Evelyn disse...

Olha...
Morro de medo de quando eu tiver meu filho!
(Não, eu não tô grávida, mas um dia vou ficar)
E... ficar tanto tempo afastada do emprego, é, por uma bela, maravilhosa causa, mas corremos riscos!
Trabalhei na RENNER,e era raro quando uma mulher engravidava, voltava da livença maternidade e ficava por muito tempo!
A maioria ficava mais uns 2 ou 3 meses no máximo!
Mas... também, pra empresa é um prejuízo. Fora que a mãe fica o tempo todo preocupada com a crinça, e tal!
Sonho em ser mãe, e acho que quase toda mulher sonha com isso. Mas antes de ser mãe, quero ter a vida estabilizada!!! Pra depois, num ficar que nem uma idiota dependendo de seguro-desemprego, por causa dessa licença enooooorme!
E... acho sim que o pai tinha que tirar um tempo, pra poder ajudar a mãe à cuidar do bebê! Pq... na hora de fazer ele ajudou... e muito, né?
haihaiahiahia
Beijoooooosss

DuDu Magalhães disse...

Imagino como deve ser complicado para as mulheres... De qlqr forma,vamos aguardar e ver no que dá!

Anônimo disse...

eita que a guria ta inspirada....e no mais, falou aquilo que penso. è uma otima ideia por a mulher seis meses? Sim, é otima. mas e quanto a questao da mulher e a empresa? Ai ja piora nossa situação, que nao é tao boa.

Ja na entrevista percebemso as vezes, algumas empresas, ja pergunta se a mulher tem filho, pro homem nem sempre. Se sim começa a sessao itnerrogatorio: quem fica com ele? baba, creche? a familia ajuda? como vai trabalhar e criar? tuso pq nao quer saber de mulher ligando em casa e atrasando no serviço pro conta do guri.

Dai chega o segundo ponto de medo: mulher engravida, vai ter que sair mais cedo pro pre natal, depois quatro meses longe, e agora seis? eita galera, que esse negocio nao vai prestar, melhor pegar macho que nao tem filho e quando tem, quem arca com tudo é a mulher.

Sempre sofremos, ja recebemos menos por conta disso, somos levadas em ultimo caso ao emprego por esses fatores, ai complica.

E infelzmente, a situação é essa: a mulher mesmo ganahdno um direito, vai ganhar mais um problema pra ter que driblar na hora de conseguir emprego, pq no final, o pobre que realmente precisa disso, vai continuar como sempre, pq todas vao ter que aceitar so os quatro msm.

Renatinha disse...

Dedinhos,
Não sei o que pensar.
Acho que depende.Tudo depende.
No meu caso eu ficaria os 6 meses sim de licença, mas os 2 ultimos trabalharia de casa, ou meio período.
Não deve ser fácil deixar de amamentar antes dos 6 meses, como tb deve ser difícil para a empresa...
Por isso voto em 2 meses de licença e creches nas empresas com mais de 50 funcionárias.
Ah sei lá.....
Posso pensar?
beijos
Re

sacodefilo disse...

Eu sou pai e engravidei junto com minha mulher. Atualmente, meu filho tem 7 meses e sempre dei banho, troquei fralda, acordei de noite... é bom ser isso tudo full time. Minha esposa se afastou das atividades profissionais temporariamente por que eu acho que não tem como cuidar de uma criança trabalhando 8 horas por dia. Felizmente, tenh condições financeiras para poder proporcionar isso a ela e a meu filho.
Mas infelizmente essa não é a regra geral e quem sofre é a criança...
Acho a lei bem vinda, mas demanda uma mudança de cultura para funcionar. Abraços

Fabi disse...

Em um mercado de trabalho competitivo e escasso quem vai tirar tranquilamente 6 meses de licença??

Anônimo disse...

Pra minha sorte acho que terminei com um só. Confesso que teria muito medo de não ter emprego se engravidasse nesses tempos bicudos.
Apóio a sua indignação. Aliás, tem um tempinho, li um artigo da Miriam Leitão, no O Globo, falando mais ou menos o mesmo. Se eu encontrar aqui nos meus alfarrábios te mando.

Bezzos,

Déa disse...

Concordo demais com você! Aliás, eu já achoo tempo atual muuuuuuuito longo! Eu não conseguiria ficar longe do meu trabalho por mais de um mês!
Beijos

Anônimo disse...

uma vez publiquei no meu blog sobre o primeiro homem a conseguir licença maternidade
ele conseguiu na justiça o direito pra poder cuidar da filha que adotou
bem legal a historia

abraços

Mila Neri disse...

Anna, já tinha lido seu texto mas não tive oportunidade de comentar. Eu entendo que o aumento da licença maternidade vem para complicar algo que nunca foi simples. Sofrem as mulheres - todas - e os filhotes. Enfim... a anotação em meu blog é uma bela canção de Rodrigo Amarante, Condicional. Beijos

Helena Cortez disse...

Acho que concordo com o Marcelo. Cara, quem tem emprego com carteira assinada e benefícios? Eu tive por seis meses em toda a vida. Tá dificil. Essa história de estabilidade nem existe de verdade. Acho que é uma questão pessoal... E que as mulheres, quando mães, são excelentes profissionais... Não rola isso de só pensar no filho! Pelo menos na maioria dos casos. Acho q temos q trabalhar menos e sermos mais felizes...

Moni disse...

muito boa essa decisão..... era pouco tempo, e a criança precisa tanto da mae nessa fase! os dois ainda em adaptação, mais 2 meses é mto bom! beijos

eu... disse...

Oiê!

Todas as classes deveriam ser beneficiadas,sem exclusão!
Qto ao efeito no mercado de trabalho,acho que se transformará em mais um empencilho pra que empresas contratem mulheres!...

beijo,boa semana!

Evandro Varella disse...

Talvez o Lula queira deixar pelo menos isso marcado em seu governo, mas sei que na prática a conversa é outra, as empresas vão se preocupar cada vez mais em contratar mulheres que possam engravidar... é uma realidade que não podemos desprezar.
Mas, pelo sim pelo não, sou favorável, pois entendo perfeitamente como é duro para uma mãe deixar seu pequeno e desprotegido filho com estranhos.
Abraços
Vavá