Aventura numa boate GLS


Quem nunca foi a uma boate GLS não sabe o que está perdendo. É sempre diversão garantida. O alto astral impera e as músicas são de ótima qualidade. Aqui em Vix é meio fraco, prefiro as de SP porque além do divertimento, ainda dá pra conhecer gatos, aparentemente, heteros.
A falecida Next foi a 2ª boate que conheci. Era o show do Edson Cordeiro e os ingressos já estavam esgotados. Eu tinha acordado meio doente, mas não podia perder. Então, me arrumei toda e lá fui eu com meu amigo gay maravilhoso.
Era um galpão enorme, com um balcão comprido, meio sinuoso, onde garçons bem apessoados atendiam com toda simpatia do mundo a multidão que se acotovelava em busca de algo que refrescasse o calor. Estava muito quente mesmo. Aí comecei a analisar as pessoas: tinha muito homem bonito! Mas todos os gatos heteros estavam acompanhados das suas respectivas. Eu olhava e perguntava:
- Esse é?
- É.
- E aquele?
- Também é.
- Mas com você tem certeza?
- Ele está numa boate gay sem camisa.
- Ahhh...


Até que eu avisei “ele”. Lindo e maravilhoso de mãos dadas com uma moça.
- Ele bem podia largar a baranga e ficar comigo.

Meu amigo riu. Neste momento, soou uma sirene. O barulho era alto e estridente. Fiquei sem entender nada. Meu amigo apontou o bar e eu me virei. Fiquei passada. Eram 4 gogo boys de sungão e coturno dançando em cima do balcão. Maravilhosos. Não eram rebolativos, mas dançavam super bem, um colírio para os olhos. A galera foi ao delírio. Muitos tiravam fotos, gritavam, passavam a mão nas pernas dos rapazes. Eu, de longe, me matava de rir. Depois de quase uma hora, o show começou e durou um tempão. Além de uma voz fantástica, Edson Cordeiro é muito simpático. Conversou com as pessoas, agradeceu a presença de todos, falou de Vitória e fez 2 bis. No decorrer da apresentação, notei o tal gato que tinha passado com a suposta namorada na minha frente, sozinho. E ele começou a olhar na minha direção. Trocamos olhares durante um bom tempo e ele veio falar comigo.
- Oi. Tá “goxtando” do show?
- Tô amando – mal acreditando na minha sorte.
- Você é daqui de Vitória?
- Sou. E você é do Rio – pensei: ai meu Deus. E ainda é carioca.
Ele sorriu.
- Meu nome é Marcelo. Qual o seu nome? (notei que ele não tinha voz, como posso dizer, do tipo escorregadia).
- Anna.
- Você está sozinha ou com aquele cara ali (mostrando meu amigo que estava do meu lado).
- Ele é meu amigo.
- Nossa, ele é um gato.
- ...
Fiquei um segundo passada com a revelação e logo depois me deu uma tremenda vontade de cair na gargalhada com a situação. Então, só me restou perguntar:
- Você quer que eu te apresente?
- Não... agora, não.
E saiu. Meu amigo me puxou pra perguntar o que estava acontecendo, eu contei, ele morreu de rir. Ó vida, viu?

***

Toda mulher sabe como é chato encarar uma fila de banheiro em boate. Na Next a fila servia para azaração. Já que estavam todas indo para o mesmo lugar e tinham o gosto em comum, as mocinhas aproveitavam para se conhecer. Estão certas, né? Não pode perder viagem. Mas fiquei meio tensa porque umazinha que estava acompanhada resolveu me paquerar. Me olhava, jogava os cabelos, esses procedimentos básicos que fazemos quando alguém nos interessa. Ela ficou nessa graça até a namorada perceber. Ao invés de brigar com a sirigaita dela, a caminhoneira ficou me encarando com cara feia. Eu só admirava meus esmaltes das unhas dos pés. Meda.

Quando consegui entrar, um mocinho bem delicado se aproximou:
- Nossa, adorei o seu batom.
- Obrigada. Você quer um pouco?
- Ahhh não, querida. Eu fico péééssimo com esse tom.

***

Quando o show acabou, meu amigo viu o tal carioca e foi falar com ele. Os dois foram andando, passaram do outro lado da pilastra e depois os perdi de vista. Achei estranho e imaginei que eles tinham parado. Comecei a me curvar pro lado pra tentar vê-los e flagrei o primeiro beijo gay do meu amigo. Neste exato momento, os dois se viraram pra mim. E eu lá, parecendo que estava tendo uma crise de escoliose, segurando uma garrafinha de água mineral e com sorriso amarelo de tanta vergonha da minha indiscrição.


***

Estava sozinha na área de grande concentração lésbica. Mas como meu amigo disse que “ia ali e já voltava”, achei melhor ficar aonde estava pra não me perder. Além do mais, o lugar tinha uma vista privilegiada dos gogo boys, que voltaram depois do show. Tava distraída vendo a performance quando a mocinha chegou cheia de atitude.
- Oi.
- Oi.
- Você vem sempre aqui?
- Não. Só vim pro show do Edson Cordeiro.
Continuei na minha, como faria se um barangão viesse me cantar no Wall Street, por exemplo.
- Ahhh... você mora aonde?
- Vila Velha – sem tirar os olhos do morenão em cima do balcão.
- Você gosta deles?
- Deles? – apontando pros dançarinos.
- Sim, deles.
- Gosto. E gosto muito. Olha aqueles braços!
Aí ela fechou a cara e saiu. Eu continuei a apreciar os caras. Era bem melhor do que encarar o próprio pé.

16 comentários:

K. disse...

Primeira coisa: Adoreeeeeiii a foto no blog!!! Linda demais!!! E esse cabelo?!!! Amei!!!
Segunda coisa: Fiquei aqui rindo sozinha das histórias e imaginando cada uma delas. Adoro quando viaja e volta com um monte delas prá me contar...vc sabe que tem coisas que só vou ouvir de vc né..hahahah. Beijos e mais beijos. K.

teo netto disse...

ri demais!
muito bom,
um abraço.

Gaby Sipioni disse...

Ninguém merece essas suas histórias.. é para morrer de rir, no mínimo.

Renatinha disse...

Dedinhos,
Adoro boate Gay por motivos simples: posso ir de tênis, posso ir de cabelo sujo, posso dançar como se estivesse na sala de casa, posso beber até cair, posso usar o banheiro que quiser, posso ver corpos semi-nus perfeitos se esfregando, posso fazer amizade com uma "moça" chamada Lisa Minelli, e na maioria das vezes entro sem pagar, pois tadinha de mim, nem vou beijar mesmo. (sempre uso isso na bilheteria e dá certo)
beijos
Re

An@Lu disse...

adorei a postagem. me identifiquei totalmente . Afinal, nesse sábado fui na festa da MTV e me senti tão... hetero! hihihihihi
O pior foi o italianinho que eu fiquei paquerando e vim a descobrir que ele era a diva da pista... Grunf!
Morri de rir aqui!

An@Lu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dedinhos Nervosos disse...

Re,
Vou tentar usar essa mês que vem, quando for a SP, mais precisamente, à Lôca... conhece? rsrs

Helena Cortez disse...

hahahahahahahahahahahahahahaha
ótima sua aventura no mundo gay.

Renatinha disse...

A loca?
Não é tão gay... tem hetero por lá. Quinta feira é incrível...
VAi na the week lá isso funciona.... principalmente se vc chegar com 15 gays lindos.... a bilheteria te agradece....
beijos
Re

Dedinhos Nervosos disse...

Re,
É, A Lôca tem muitos heteros, mas a maioria é gay mesmo. 2 dos 3 caras mais legais que conheci em SP, 2 foram na Lôca. Eu fico tão à vontade por lá que já fui até sozinha, sem meus amigos. rsrs A The Week eu não conheço ainda. Conheço a Bubu e o Clube Glória.
Bjos.

Flávia D. disse...

Hhehe...festa GLSBT e etc...hehe...é tudo de bom mesmo...assino embaixo o comentário da Re...
bjoos

blog disse...

Finalmente uma cronista na blogsfera. Texto direto, gostei.

Nessa preferência pela ficção, uma crônicas é sempre bem-vinda. Sou obrigado a constatar o óbvio: as tríbades têm bom gosto.
Abraço, menina.

Tudo ou nada ... disse...

Gostei muito do seu blog. Super divertido e informativo ao mesmo tempo. Ri muito com este post, principalmente na parte do cara q perguntou sobre seu amigo, imagino sua cara rrsrsrsrsrs ... ninguém merece.
Um abraço e obrigado por aparecer lá em casa, fique a vontade para voltar.

Diana Breitenbach disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

ARRAZOOOO ADOREI D+... SEM + COMENTARIOS...
VC EH D+ ME ADD PRA CONVERSARMOS MELHOR...speedow@hotmail.com...
beijaum te adorei,,,

Anônimo disse...

menina....morri de rir com minha imaginação sobre cada situação...principalmente do carioca aspoksapokaspokasopas...OTIMO...