Para comemorar o Dia do Mídia, a OMNI organizou um inusitado passeio de escuna pela baía de Vitória. Foi a comemoração mais original e gostosa da época. E o que eu estava fazendo lá, já que era para os mídias? Bem... cof, cof... eu sou uma pessoa muito bem relacionada (valeu, Gabriela!). Mas então, como eu ia dizendo, a manhã estava linda, o céu azul, o mar calmo e tinha uma turma ansiosa por apreciar a cidade de um novo ângulo.

Saímos da Ilha do Boi – reduto dos bem nascidos –, que foi contornada, e deslizamos pelas águas profundas e acolhedoras que separam Vila Velha de Vitória. Passamos em frente ao Morro do Moreno, sob a 3ª Ponte, aos pés do Convento da Penha e fomos em direção ao Centro da capital. Navegamos em frente ao Penedo e paramos no Museu Ferroviário. Vi muitas embarcações no decorrer do percurso: grandes navios ancorados no porto, lanchas, caiaques, pescadores e até uma pessoa que estava mergulhando – com todos os apetrechos – em frente a uma cabana espremida entre o mar e algumas árvores.

Enquanto a escuna avançava, minha lembrança voltava anos para refazer o mesmo caminho quando eu era adolescente e ia ao Centro. Era lá que a cidade fervia e eu nunca ia de ônibus. Preferia sempre pegar a barca, que saía da Prainha, em Vila Velha, perto do Convento. Além de chegar mais rápido, o transporte marítimo ainda oferecia uma paisagem maravilhosa e inspiradora. Como era bom sentir o ventinho no rosto, o cheirinho de maresia, o balanço e o som que só o mar oferece.

Mas o inevitável aconteceu. Vitória cresceu muito, o Centro deixou de ser o centro das atenções e ficou decadente; os municípios foram interligados pelo sistema Transcol de ônibus; a 3ª Ponte foi terminada e o sistema aquaviário, totalmente menosprezado, afundou. Um absurdo, já que nossa capital é uma ilha de águas calmas e perfeitas para serem usadas como plataforma natural. O trânsito está cada vez mais estressante. Só para ter uma idéia, quem sai do Centro e vai a Paul de ônibus no horário de pico, pode demorar 1 hora. De carro, uns 40 minutos. De catraia, menos de 10 minutos. Se eu tivesse que fazer esse percurso, juro que compraria até um violão para fazer par com o tio do barquinho.

Graças a Deus eu moro e trabalho em Vila Velha e, como boa nativa, conheço várias rotas de fuga pra escapar das avenidas iluminadas pelas lanterninhas vermelhas enfileiradas que, na hora do rush, acendem e apagam mais do que luzes de Natal.

Mas isso pode mudar. Foi com grande alegria que soube do provável retorno das lanchas em grande estilo, com integração ao Transcol, paradas em quase toda a ilha e ligação com os municípios vizinhos. Espero muito em breve poder passar mais vezes sob a 3ª Ponte do que sobre ela.

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