A Taça do Mundo é Nossa

Se o Dr. Brown parasse hoje com o DeLorean na minha porta e eu pudesse viajar no tempo, com certeza voltaria 50 anos para ver de perto os jogos da Copa de 1958. Estou com ela na minha cabeça desde a semana passada, quando o JN fez uma série de reportagens especiais sobre a façanha dos brasileiros na Suécia.

O fato é que eu cresci ouvindo meu avô descrever as maravilhas daquela seleção, a 1ª conquistar a Taça do Mundo de Futebol. De como o Brasil arrasou os gringos e exorcizou a derrota de 50, num Maracanã lotado e silencioso. Quando quando Pelé e Garrincha estavam em campo, nunca perdemos um só jogo.

E que mané Pelé. O maior ídolo de vovô era Mané Garrincha. O jogador das pernas tortas, uma 6 cm mais curta do que a outra. O ponta que sambava com a bola nos pés gingando tão despreocupadamente que tirava o sono e o rebolado dos zagueiros adversários. Claro que ele também adorava Pelé, o moleque que fez um dos gols mais lindos da história das Copas, quando matou a bola no peito dentro da pequena área e meteu na rede, indefensável para o goleiro atônito. Meu avô venerava aquele time, mais ainda do que as seleções de 1962 e 1970. A primeira Jules a gente nunca esquece, não é?

Eu passei anos achando que nunca veria nossos canarinhos voando com a Taça para casa. Ainda bem que estava errada. Eu vi, gostei e quero ver de novo. Mas o que tenho realmente vontade de apreciar é o surgimento de um novo Garrincha. Outro brasileiro que cumpra dignamente, com a nossa camisa, as promessas feitas com os pés. Outro puta craque que faça mais do que 1 pra lá e 2 pra cá, e que não se deixe cegar pelo egoísmo da fominhagem. Mas, se acontecer, que resulte num belo gol pra calar minha boca. Quero ver um fenômeno verdadeiro, arrebatador, irresistível, raçudo, que não amarele junto com a camisa frente às grandes decisões. Quero um jogador que inspire meus futuros netos a escreverem sobre ele de maneira apaixonada, mesmo achando que impedimento seja a falta de talento para arrasar em campo.

8 comentários:

Unknown disse...

Quem não queria um novo garrincha?
A cada dia eu acho mais e mais difícil isso acontecer, com os patrocínios milionários os jogadores perdem a vontade de bola e passam a ver o futebol como arma pra nadar em rios de dinheiro, e quando chegam na seleção muitos deles já estão assim e pouco se importam com a camisa que estão vestindo.

blog disse...

Garrincha foi craque, mas era um jogador incompleto, Dedinhos.
Era mais folclórico que gênio. E, como teve final trágico, costuma-se evidenciá-lo de forma intensa.
Merecida? Não sei.

Pelé foi a melhor coisa que o futebol produziu. Nada se compara. Nem Cruijff, nem Di Stefano, nem Maradona, nem Rivellino, Eusébio, Puskas, Beckenbauer.
Esse saudosismo (ou romantismo) de querer que surja um novo craque arrebatador é realmente ilusão. Os tempos são outros - e não há mais amor à camisa.
O futebol, hoje, é um circo econômico.

De fato, dançamos.

Dedinhos Nervosos disse...

Oi Grijó. Eu sei que o Garrincha não era um jogador completo. Mas é indiscutível o poder que os dribles exerciam nos marcadores e na torcida. Eles, Mané e seus dribles, despertaram grandes paixões. E você sabe que a paixão é irracional.

Com relação à sua vida pós-futebol e sua morte prematura, com certeza isso fortaleceu a figura do mito. Pelo menos isso ele não perdeu, não é? Depois de fazer tanto pelo futebol e morrer pobre, já que naquela época, só se jogava por amor à camisa.

Anônimo disse...

Meu nome, Beline, não é muito "brasileiro, dizem por aqui e por ai. Enganam-se, Beline é muito brasileiro, e foi mais ainda na Suécia quando levantou pela primeira vez a Jules, e o povo tomou gosto pela coisa, pena que daquele Beline ninguem lembra!

Renatinha disse...

Difícil..... pois fala sério, eles jogavam por amor e agora só jogam por dinheiro ou para arrumar a gata peituda burra... Eram outros tempo onde a paixão pelo futebol valia mais...
Mas quero o mesmo que vc, emocionar meus netos contando histórias de ídolos que até agora não conheci e nem vi. (Romário, Bebeto, Ronaldo, Robinho?) Nada se compara a Mané Pelé ou Mané Garrincha...
Até Zico tinha mais paixão apesar dos pesares...
beijos
Re

Daniel Leite disse...

Estou impressionado com a qualidade da postagem (e do blog). Sobre ela, realmente, muitos dos antigos torcedores preferem Garrincha a Pelé. Talvez por conta do futebol-show do eterno "7" do Botafogo. Ninguém discute a eficiência de Pelé. Mas às vezes, e principalmente antigamente, era mais empolgante ver uma jogadaça pela ponta direita a ver um gol atrás do outro. Cabe debate.

Mantenho os blogs:
repercutiu.blogspot.com
pordentrodomundodabola.blogspot.com

No segundo, falo de futebol. Adicionei o link do seu blog.

Até mais!

Karla Ruoco disse...

Ei dedinhos nervosos, bela pesquisa hein, vou ter que imprimir tudo isso aqui para minha mãe ler depois, ou obriga-la a retomar seu treino na internet, minha mãe adora copa do mundo, conheceu meu pai comemorando a de 70 e eis eu aqui!!! Beijinhos

Marcos Costa Melo disse...

Às vezes, também acho que nasci na época errada. Apesar de gostar muito da internet, acho que me daria bem se tivesse nascido nos anos 50 e estivesse com uns 20 anos no final dos anos 60, início dos 70, no auge das liberações do sexo e das drogas... e as pessoas tinham esperança e passavam facilmente nos concursos públicos!