Acaso?

Muitas vezes nos perguntamos porque estamos passando por essa ou aquela situação na vida. Geralmente são percalços que testam a nossa fé e a nossa capacidade de dar a volta por cima e aprender que nada acontece por acaso. É nisso que eu acredito: que nada acontece por acaso. Então, ao invés de praguejar e ficar numa lamentação sem fim, vamos ficar de olhos bem abertos para que nada se perca, nada aconteça em vão. Por que estou falando isso? Porque lembrei de uma história impressionante que aconteceu na família de uma amiga muito querida.
Dona D era casada há alguns anos e nunca tinha conseguido engravidar. Como o casal sempre quis ter filhos, resolveu adotar a C, que era um neném fofo. Para dar uma força nas despesas da casa, Dona D resolveu bancar a babá e tomar conta de crianças. A primeira usava uma cadeira de rodas. A segunda também. Praticamente todas as crianças que apareciam, exigiam um cuidado especial e, principalmente, muito amor e dedicação no trato diário. O trabalho era muito cansativo e todos ficavam intrigados com a coincidência. Nessa época, ela ficou grávida do primeiro filho. Foi uma felicidade enorme e uma surpresa sem tamanho porque já tinham perdido as esperanças e não pensavam mais no assunto depois da adoção. Depois teve mais três e a carreira de babá foi encerrada. Quando fez 7 anos, a pequena C ficou muito doente. Começou a perder os movimentos inferiores e os médicos diagnosticaram paralisia infantil. Nem preciso mencionar como a notícia entristeceu a todos. Dona D, sempre guerreira, retomou o rumo da sua família e colocou em prática tudo o que tinha aprendido nos tempos de babá. Com certeza seria muito mais difícil física e psicologicamente se aquelas crianças nunca tivessem aparecido em sua vida. Se elas não a tivessem preparado para lidar com o que aconteceria.

Visitante horripilante


Ontem recebemos uma visita muito desagradável na agência: uma aranha caranguejeira apareceu no banheiro da criação, em cima da banheira, ao lado do vaso sanitário, onde eu me encontrava sentadinha há poucos minutos. Enquanto alguns tentavam capturar a bicha, outros se divertiam em passar folhas nas minhas pernas só pelo prazer de me ver gritar e sacudir os pés. A Karla também foi vítima dessa graça. Depois de muita confusão, conseguiram pegar e prender na lixeira. Mas ninguém se habilitou em mostrar-lhe a porta de saída. Foram embora e a largaram bem atrás da minha cadeira. Ainda bem que o Andy chegou e botou ela pra fora. Por mim, tinha empalado e colocado bem em frente à casa, como um aviso para manter as outras longe. (este blog não é politicamente correto, ok?)

Morro do Moreno


Depois de meses procurando um novo endereço para a agência, descobrimos um lugar que é pura inspiração, o Morro do Moreno. Mudamos logo depois do carnaval de mala e cuia para uma casa linda. Eu, que só queria uma mesa maior, ganhei uma vista maravilhosa da baía de Vitória sem nem precisar levantar da cadeira.

Depeche Mode / Somebody

Uma música ou um desejo?

“Alguém
Eu quero alguém para dividir
Dividir o resto da minha vida
Dividir meus pensamentos mais profundos
Conhecer meus detalhes mais íntimos
Alguém que ficará ao meu lado
E me dará apoio
E em troca
Ele terá o meu apoio
Ele me ouvirá
Quando eu quiser falar
Sobre o mundo em que vivemos
E a vida em geral
Embora meus pontos de vista possam estar errados
Eles podem mesmo estar deturpados
Ele irá prestar atenção em mim
E não irá ser facilmente convertido
Ao meu modo de pensar
Na verdade ele discordará muitas vezes
Mas ao final de tudo
Ele me entenderá
Aaaahhhhh....

Eu quero alguém que se preocupe
Comigo apaixonadamente
Com todo pensamento e
toda respiração
Alguém que me ajudará a ver as coisas
De um modo diferente
Todas as coisas que detesto
Eu quase gostarei
Eu não quero estar amarrada
Às cordas de alguém
Eu estou calmamente tentando me manter afastada
Dessas coisas
Mas quando eu estiver adormecida
Eu quero alguém
Que me envolverá com seus braços
E me beijará ternamente
Embora coisas assim
Me deixem doente
Em um caso como esse
Eu irei me safar disso
Aaaahhhhh....”

Frescuras de Carnaval

Frescura Carioca
O cara tinha acabado de chegar no Carnavio e devia estar muito mal acostumado com a mordomia.
Carioca: Vocês estão tomando o que?
Gabi: Whisky.
Carioca: E esse gelo? Arrumaram aonde?
Gabi: Ali, ó (apontando para um vendedor sentado em cima do isopor)
Carioca (desconfiado): Ahhh... e vocês têm idéia de onde veio esse gelo?
Eu (rindo): Tá louco? Você já viu aonde está?
Gabi: Whisky mata tudo!


Frescura Paulista
Final do Camaleão. Eu, faminta como uma leoa, comprando um churrasquinho de lingüiça num chapeiro.
Paulista (assustado): Anna, você tem certeza que vai comer isso?
Eu (faltando pouco para ter uma crise de hipoglicemia): Lógico. Quer um também?
Paulista: Mas Anna... você não sabe a procedência dessa carne!
Eu (surpresa): E nem quero saber. Eu tô com fome!

Faça-me o favor, depois de quase 7 horas pulando, eu não sabia direito nem da onde EU vinha, ia lá me importar com a origem da lingüiça!

Terça: Bloco Camaleão

14h. O relógio da rua marcava 33º, mas a temperatura subiu ainda mais depois que o T. Rex chamou os Camaleões para cantarem juntos as primeiras músicas do Chiclete. Era o último dia de carnaval e eu estava com a corda toda. Queria aproveitar cada metro do longo e convidativo percurso do Campo Grande. Munida com barras de cereais e joninho na garrafinha, lá fui eu sorridente atrás do Trio Elétrico. Fazia ainda mais calor do que o dia anterior, mas isso não abalou o ânimo de ninguém. Era só olhar as caras dos colegas de bloco para sacar como aquela tarde seria divertida e inesquecível. Achei que teve menos empurra-empurra do que o Coruja e foi mais organizado, mesmo quando ficamos um tempão parados na ladeira esperando o caminhão da frente voltar a funcionar. A todo momento o Bel dava instruções ao motorista e aos cordeiros "abre a corda aqui. Solta ali." e continuava a cantar. Nesse momento minhas atenções se voltaram para o lindo camarote do Ilê Ayê, que se erguia majestoso entre o mar da Bahia e o oceano de baianos. Infelizmente não cheguei ao final do percurso, quase 7 horas depois, porque a pipoca começou a nos apertar e eu me senti sufocada entre a corda e o trio. Uma besta, porque eles respeitam muito o bloco e eu já me imaginava no meio de uma invasão. Mas tudo bem, mesmo perdendo a despedida tive uma tarde maravilhosa. Digna de ser contada aos meus netos. Pelo menos essa parte que postei aqui no blog.

Segunda: Bloco Coruja


Hoje foi o dia de dançar ao som da Ivete Sangalo. Só tinha conferido o potencial da baiana uma única vez, no show do reveillon. Achei legal, mas em cima do trio, tudo fica melhor. Ivete, com aquelas pernas “finas” de fora, estava linda. Apesar de falar muito durante a apresentação, ela arrasou. O bloco estava bem cheio e lotado de gente bonita. A faixa etária era de 22 a 30 anos. Claro que tinha um monte de balzaquianos maravilhosos, mas nada que chegasse perto do Camaleão. A surpresa do dia foi a quantidade de casal gay. Acho que a ala GLS ficara atrás do caminhão, lugar onde costumo ficar.
Ao contrário do Barra-Ondina, o percurso do Campo Grande é maior e pelo horário de saída ser 14h, foi bem mais puxado também. O sol estava lá no alto, deixando o dia muito quente, com o relógio marcando 32º graus, mas ali no asfalto, entre os prédios, no meio daquela multidão, a temperatura chegava fácil aos 34º. Para me refrescar, tirava o abadá, encharcava de água mineral fria e vestia de novo. Isso ajudou muito. Tudo correu bem até pouco mais da metade do caminho, a partir daí, a largura da pista cai pela metade e começa o empurra-empurra. Determinado momento, saímos da corda e demos um tempo em frente a uns policiais militares. Foi um alívio, porque perto dos “homi”, ninguém chega. Avistar a descida para a Castro Alves foi um tremendo choque. Lá embaixo, um mar de gente aguardava o 1º bloco do dia. Na verdade não era um mar de gente. Era um Pacífico inteiro. Eu nunca tinha visto tal multidão. E você caminhar em direção a ela, sabendo que vai ter que passar entre aquelas pessoas, aumentou ainda mais a minha adrenalina. A esta hora, já estava sem meus óculos e essa visão inesquecível foi a última registrada pela máquina descartável.

Domingo: Bloco Camaleão

Acordei animadíssima. Sem cansaço, sem preguiça e com energia de sobra pra gastar atrás do Camaleão, que comemorava 30 anos, 17 deles comandados pelo Chiclete com Banana. Fazia um lindo dia. O céu estava azulaço. O sol brilhava com força acima do Farol da Barra, que tinha à sua frente milhares de fãs em busca da pata amada. E ela chegou causando grande estrondo pela voz de Bel, que distribuía risos e alegria como nunca vi aqui em Vitória. Se sorrisse mais a cara partia ao meio. Eu ali, ao lado da Gabriela, minha amiga de muitas micaretas, e de frente pro T. Rex, que parecia disposto a se fazer ouvir lá no Campo Grande. Bel começou agradecendo a presença de todos. Disse como era complicado manter um bloco por tanto tempo e cantou "Eu fui atrás de um caminhão, Fazer meu carnaval, E o carnaval é feito na coração"; "Abra a janela, Deixa o sol entrar, Mexa seu corpo, vem Chicletear...", seguida por outros novos e antigos sucessos que já eletrizaram milhões de foliões por este país afora. Nesse momento, uma enorme bandeira feita com dezenas de abadás antigos surgiu, e emocionou a banda e os demais camaleões que acompanharam a cena. Eu não conseguia acreditar que participava de tudo aquilo. Lágrimas começavam a brotar. Depois de 34 anos, conseguia acompanhar o Camaleão em seu habitat. Foda. Não achei outra palavra para colocar aqui. Foi FODA mesmo!!! E das boas.
{Para quem não gosta, é até estranho ler isso, afinal as letras não são nenhuma Brastemp, a voz não é potente e eu nunca vou a shows de axé, mas quando está em cima do Trio, o Chiclete com Banana emite uma energia tão grande, que é impossível não se deixar contagiar. As imensas caixas do T. Rex berram muito mais do que música aos ouvidos. Elas empurram felicidade ao coração, energia às pernas, balanço aos quadris, gingado aos ombros, sacudidas aos braços. Não tem passos pré-definidos. Você dança do jeito que quiser, algumas vezes, basta apenas arrastar os pés. É só seguir com as mãos pra cima, às vezes sem nem entender direito o que está cantando, mas essas horas passadas na companhia de pessoas com roupas iguais as suas, são eletrizantes, felizes e viciantes.}
Mas como ia dizendo antes de abrir os parênteses, lá fui eu, atrás do Chicletão, toda feliz e saltitante reparando melhor nos colegas Camaleões. As pessoas que compram este bloco não são pirralhas, graças a Deus. Vi, inclusive, vários grisalhos gatérrimos se divertindo horrores. Uma beleza. A parte chata é o contraste com a pipoca, que é a mais violenta do carnaval. São homens grandes, fortes e a maioria pula no mesmo ritmo, sacudindo os braços como se lutasse boxe, de cabo a rabo na corda. É impressionante. Perto deles, qualquer outra pipoca pode ser chamada de algodão doce.
Fizemos o percurso quase sem problemas. Na metade houve uma confusão das criaturas sem-noção que não entendem que precisam parar quando o Trio pára. Pela primeira vez na vida eu caí de traseiro no chão. Meda! A galera vindo pra cima, eu de mãos dadas com Gabi e Bruninho, com os cotovelos abertos pra me proteger, as pernas firmes, bem plantadas no asfalto, tentando me equilibrar. E todo mundo caindo, caindo, caindo... "putzzzz, vou cair" e pimba, no chão, em câmera lenta. Eu pra um lado, Gabi pro outro, Bruninho, que de inho só tem o apelido, pro outro, de joelho. Graças a Deus ele estava conosco nessa tsunami humana. Porque ele levantou na mesma hora e nos puxou. Foi um sufoco. Valeu Bruninho!!! Passado o susto, continuei o percurso com a mesma disposição do começo, só abalada quando constatei que a festa estava acabando ao ver o Camarote do Othon. Como assim, tinha pouco mais de 3 horas e já ia acabar? Ahhh, não! Fiquei danada da vida. Não conseguia acreditar. Mas tudo bem. Ainda tinha a 3ª feira, que retornaria ao bloco num trajeto muito maior do que o Barra-Ondina. Este foi o primeiro ano que o Camaleão coloriu a beira-mar. Tivemos a primeira vez juntinhos. A emoção me deixou de pernas bambas. Foi um tesão.

Sábado: Camarote Othon

Infelizmente acabei passando outra noite dentro de outro camarote. Mas este dia foi bem mais legal. Tive que ir novamente à tal Feira negociar outros abadás e a escolha foi... acertada, digamos assim. Como íamos tarde pra casa, a Gabriela – veterana em Salvador – se ligou que tínhamos que escolher um camarote que ficasse no final do percurso, claro! Chegamos bem a tempo de ver o Chiclete passar, arrastando um bando de foliões animadíssimos no Nana Banana. Depois que acabou, subimos pro tal Othon, o famoso hotel, que me deixou de boca aberta! Era enorme e lindo demais! Logo na entrada ganhei um escapulário com Nossa Senhora de um lado e o Sagrado Coração de Jesus do outro. Foi o melhor presente do carnaval. Estou com ele até hoje. Depois comecei a perceber a riqueza do lugar, com uma grande praça de alimentação na entrada e um palco, onde os sambistas alegraram a galera. Mais adiante, tinha um monte de poltrona, pufes e telões onde passavam imagens dos blocos que estavam em frente ao camarote. Vendo o Asa passar, pensei: "Que droga. Queria estar lá." Mas fui em frente, sem tromba. Lá também tinha acesso à Internet, salão de jogos, boate, cinema, customização de abadás, cabeleireiros e nem sei mais o que. A "varanda", era muito extensa, mas o povo se amontoou e não deu pra ver bloco algum, só ouvia... uffffffffff... bem, capricharam também nessa decoração de fora. Forraram o teto com um tecido lindo, pintado com aquele tipo de tinta que "acende" em contato com certas luzes. Isso sem contar a passarela que ligava o Hotel ao outro lado da rua, onde a impressa trabalhava vorazmente. Muita gente bonita completava o visual. O Othon arrasou mesmo. Tinha tudo do bom e do melhor. Eu me diverti muito com a Gabi, a Marcela, o Jônio e o Murilo. Mas mal conseguia esperar pelo Camaleão no domingo.

Sexta: Camarote Oceania






O dia foi bem puxado. Depois de uma longa viagem, ainda tivemos que ficar horas embaixo de um sol arretado tentando vender e comprar abadás. E pra piorar, não conseguíamos escolher qual o camarote da noite. Compramos o Oceania, uma péssima opção pelo adiantar da hora porque ele fica no começo do percurso, em frente ao Farol da Barra. Ou seja, como já era tarde e ainda fomos em casa, pegamos um trânsito horrível e tivemos que andar um bocado pra chegar ao local, só chegamos depois das 21h e perdermos os blocos que mais gostamos. Ô raiva! O camarote é lindo, nem dá pra reclamar. Logo na entrada tinha uma escadaria com um belo tapete vermelho, um grande salão com muita comida e bebida. Colocaram uma mini-arquibancada na varanda, que era em L porque o prédio é de esquina, e dava pra ver direitinho os blocos. Em outro local, com ar-condicionado, tava rolando o show do Marcelo D2, a boate e o acesso à Internet. Ganhei alguns mimos de patrocinadores e tive muita mordomia. Mas nada disso me comprou. Só de imaginar que estava em Salvador, no carnaval do encontro dos Trios Elétricos, e presa lá em cima, naquele ambiente de festa, ao invés de sentir a vibração das caixas do caminhão... putzzzzzzzz... fiquei deprê. Avisei aos meus amigos que no outro dia ia sair num bloco. Que não ia a outro camarote nem que a vaca desse a volta no trio.

Tentando definir o que é o carnaval de Salvador

Eu não sei por onde começo. Se falo como expectadora ou como participante. Vou iniciar por um sentimento que o Jônio traduziu em palavras: “como eu nunca vim passar um carnaval aqui antes?!”. E um click que eu tive ao saber de uma notícia ruim transmitida pelo Jornal Nacional através de uma amiga: “gente... há vida real fora daqui”. Isso é Salvador. Gabriela, Marcela Buaiz, Simone e outras amigas tinham me alertado sobre o efeito que Salvador causa nas pessoas. É como se o tempo pareasse e só existisse aquele momento de diversão. Nada do que acontece fora dali tem importância. Apesar de ser apaixonada por Trio Elétrico e ser tiete do Chiclete, eu, no fundo, achava um certo exagero em tudo o que elas diziam. Bem feito. O susto foi pouco pra mim. Vou tentar fazer um resumão e depois entro em mais detalhes com outros textos.


O carnaval é grande. Enorme. Gigante. Estrondoso. Há um investimento tão mega na cidade, que chega a ser palpável o dinheiro que circula. E nem precisa chegar lá pra sentir. Senti o arrepio desde o aeroporto daqui de Vitória, onde um cara embarcou com uma bolsa e camisa do Camaleão. Na conexão em BH a mesma coisa: os foliões com suvenir de outros carnavais, literalmente. Quando entrei no avião da TAM ganhei das mãos do piloto um folhetinho do Novo Ford Ka e, durante o vôo, um Kit do Camarote do Nana foi sorteado. Imagine a minha cara, como publicitária? Por pouco não tive um orgasmo.

É tudo muito bem pensado, muito bem planejado. Eles constroem uma estrutura tão fantástica que é difícil de acreditar. Eu conheci 2 camarotes: Oceania e Othon. Acho que nunca tirei tanta foto na vida. Tudo lindo. Tudo perfeito. Um parque de diversões para clientes e patrocinadores. Eu ganhei um monte de mimos e guardei tudo. O porta-Trident virou porta-dinheiro quando fui pra avenida. Eu pendurava a cordinha no pescoço e enfiava a caixinha dentro do top. Pena que não conheci 3 camarotes que queria: Nana Banana (nem preciso explicar); do Reino (Asa de Águia), que tem uma pista onde o cantor sai do Trio, entra no camarote e passa pertinho da galera; e da Central, que tem CINCO MIL m2. O mais legal desse é que fica numa esquina e tem um mirante looooooooongoooooooooo, onde dá pra acompanhar um pouco o trio. A Marcela e o Jônio, casal que foi conosco, foram na segunda e adoraram.


Camarote é legal, mas o que me levou a Salvador foi o Trio Elétrico. Mais precisamente, o Camaleão, comandando pelo Chiclete com Banana. Acho que este ano foram uns 35 blocos. Imagine isso: 35 caminhões com seus carros de apoio, rodando com dezenas de cordeiros, mais a Patrulha e mais outras funções, porque tinha um monte de gente lá com camisas de diferentes cores. Esse pessoal consegue tirar uma graninha. Não tanto quanto as bandas tiram da gente, claro, porque os abadás não são baratinhos e eu tive que preparar o bolso desde julho. Cada folião do Camaleão paga em torno de R$ 700 por dia. São mais ou menos 4 mil foliões/dia. São 3 dias do bloco, que é o mais caro, o maior de todos e o mais procurado. Façam as contas. Entre a galera dos Trios não tem tempo ruim. Além do Axé, tinha o eletrônico, com o Tiesto e o Fat Boy, e até rock! Lá do Oceania eu juro que vi o Double You agitando a galera!!! Fiquei passada! Junto com o Asa também tinha uma dupla sertaneja. Algumas pessoas acham isso ruim. Eu não acho. Acho que lá tem espaço pra todos os ritmos porque não é como um show, por exemplo. O espaço é gigante e as pessoas escolhem em qual bloco vão construir sua alegria.
Junto com o carnaval, teve a tradicional festa de Iemanjá. Não deu pra ir, mas isso atrapalhou um pouco o trânsito, que logicamente fica comprometido. Na sexta, foi um parto conseguir chegar no camarote e o motorista nos cobrou os olhos da cara. Mas tudo bem, o cara colocou 5 no táxi e demorou 1 hora escutando aquele tipo de história que só tem graça quando você conhece o protagonista. Nos outros dias o trânsito estava bacana e não fomos mais extorquidos.

Quem não conseguir comprar o abadá ou decidir que não vai mais, não se desespere. Tem uma feira lá que é o bicho. Tem tudo quanto é tipo de bloco e camarote. O problema é negociar. Eita gente esperta. Se você pede 200 reais, eles oferecem R$ 100. Junte isso a horas de viagem, mais as malas no carro, mais a uma multidão que grita sem parar, mais um tempão debaixo de um sol arretado. No final, o Jônio estava segurando um papel escrito VENDO TAL CAMAROTE; eu, com um abadá pra cima, fingindo que tampava o sol. Se demorasse mais um pouco tinha trocado por 1 picolé de água da torneira. Acha que tô exagerando? Dê uma boa olhada nas fotos.
Além das ótimas lembranças, trouxe um bocado de roxos pra casa. Se você é fresco ou mole e não agüenta safanões, fique bem longe dos blocos. Pra encarar uma avenida em Salvador, tem que ter garra, equilíbrio e controlar a vontade de fazer xixi. No domingo, caí na besteira de tomar cerveja depois que meu whisky acabou e tive que ir ao banheiro. Perdi uns 20 minutos nessa brincadeira e ainda me aborreci com uma estúpida que encasquetou que eu tinha furado fila. Pobre braço de Gabriela, que segurou meu lugar à força. Algumas mocinhas são mais... livres, vamos dizer, e usam biquínis por baixo de shorts de tactel e fazem ali, em pé, ou agachadas no meio de rodinhas de amigos. Aí, é só acertar a calcinha e jogar uma aguinha no melhor estilo “lavou, tá nova”. Eu ainda não consegui tal proeza e acabei ficando sem ir banheiro das 13h às 21h, pelo menos.

Os nativos são tão ou mais calorosos do que o clima. São generosos (menos os comerciantes da Feira de abadás), prestativos e muito, muito simpáticos. O Murilo, por exemplo. Foi nosso anjo da guarda. Valeu, cara. Já disse antes e repito agora. Você é TUDO!!! :o)

Espero ter conseguido fazer um apanhado do carnaval. Depois dou mais detalhes e coloco + fotos dos camarotes, dos trios e de tudo o que consegui perceber. Vou falar mais como participante.

Tira o pé do chão, meu rei.

Tirei tanto os pés do chão em Salvador que estou com minha cabeça nas nuvens até agora. Tá difícil voltar à vida normal. No final de semana eu tento contar um pouco o que é o carnaval na capital baiana. Mas uma coisa eu já adianto: não havia outro lugar no mundo onde eu gostaria de ter passado tantos dias felizes.